Estudante que perdeu Enem após ter documentos roubados a caminho do exame não consegue recurso para reaplicação


Tudo aconteceu a poucos metros da escola onde Thierry Muniz Soares, de 17 anos, faria a prova, no bairro do Maracanã, zona norte do Rio. O grupo roubou a mochila do estudante. Estudante não consegue autorização para fazer primeira prova do Enem, após ter sido roubado no dia
Imagem: TV Globo
Um estudante do Rio de Janeiro, que se preparou para o Enem, foi impedido de fazer a primeira prova, porque não apresentou o documento original de identidade. E, sem dúvida nenhuma, foi por um motivo de força maior.
“Vão com Deus! Vão com Deus!”
A mãe se despediu do filho em um dia de muita expectativa para a primeira prova do Enem. O jovem que mexe na mochila do Fluminense é Thierry Muniz Soares, de 17 anos.
Minutos depois, um grupo com camisa do Flamengo cercou Thierry e os amigos. Tudo a poucos metros da escola onde fariam a prova, no bairro do Maracanã, zona norte do Rio. E em frente a uma base da Polícia Militar. O grupo roubou a mochila do estudante.
O caso foi no dia 3 de novembro, data da final da Copa do Brasil entre Flamengo e Atlético Mineiro, no estádio do Maracanã, que fica a 400 metros dali. Sem os documentos, Thierry ligou para o pai, que levou uma cópia autenticada da identidade, mas o coordenador da prova não aceitou o documento.
“Eu estava com a mão segurando no portão, ele foi lá e fechou o portão na minha mão”, diz o estudante, Thierry Muniz Soares.
“Eu atravessei ainda, tinha uma viatura da Polícia Militar em frente, conversei, falei com o oficial da PM que ele tava sendo impedido de entrar mesmo com documento oficial, expliquei a situação que ele havia sido roubado na esquina, ele falou que não poderia fazer nada por mim”, relata o autônomo Luiz Pierre Soares da Cunha, pai do menino.
Um vídeo na internet mostra um grupo queimando uma mochila do Fluminense.
“Reconheço. Eu vi o vídeo que meus amigos me pararam na escola: ‘sua mochila era aquela do Fluminense com cordinha? Aquela mochila de corda?’ Eu falei: ‘era. Então é ela mesmo'”, afirma Thierry.
Pai e filho registraram um boletim de ocorrência. No dia seguinte ao roubo, uma pessoa encontrou os documentos de Thierry no chão. Ele chegou a fazer a segunda prova do Enem no domingo seguinte, mas sem as notas do primeiro dia, o sonho da faculdade de design gráfico continua longe.
Para não perder o Enem, Thierry entrou com um recurso para participar da reaplicação da primeira prova.
Todo ano, o Ministério da Educação reserva uma data para alunos que não conseguiram comparecer. Os motivos válidos estão previstos em edital, como problemas logísticos e doenças infectocontagiosas.
Mas Pai e filho contavam com a sensibilidade do Inep.
“Fiz um resumo ponto a ponto, pontuei o que aconteceu”, diz Luiz Pierre Soares da Cunha.
Em nota, o Inep respondeu que “não são aceitos boletins de ocorrência e cópias de documentos válidos, mesmo que autenticados, para realização das provas”. E que “a ausência de documentação no dia da prova não se enquadra nos critérios de reaplicação previstos.”
“A nossa vida não é fácil. Então, como tudo foi involuntário, ele não teve culpa de nada, foi frustrante demais, porque nós temos uma vida simples e ele se preparou para isso”, completa o pai.
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