Planta nativa da região amazônica foi trazida para o estado como alternativa ao palmito-juçara. Agricultores do litoral diversificam renda com palmito pupunha
Em meio ao verde da floresta Atlântica conservada no litoral paranaense, uma espécie de palmeira vem se destacando: é a pupunha, que encontrou na região ambiente e clima propícios para o seu desenvolvimento.
“Nossa temperatura quase sempre está acima de 18°C, que é um ponto favorável para o palmito [pupunha] e também temos a chuva distribuída durante todo o ano”, diz Sebastião Bellettini, engenheiro agrônomo do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR).
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A palmeira pupunha é nativa da floresta amazônica. A espécie foi pesquisada pela Emater, hoje IDR-PR, e trazida ao estado como uma alternativa ao corte do palmito-juçara, nativo da Mata Atlântica e cuja extração foi proibida após entrar em risco de extinção.
“A grande vantagem da pupunha é o perfilhamento. Então, você consegue, durante 20, 30 anos, tirar vários perfilhos dele. Você tem uma planta quase no ponto de corte e já tem outras de vários tamanhos”, Bellettini diz. “Outra grande vantagem é a questão de precocidade. Enquanto a juçara leva em torno de 6 a 7 anos para dar ponto de corte, a pupunha om 14 a 18 meses já dá o corte.”
Agricultores do litoral diversificam renda com produção de palmito pupunha
Caminhos do Campo/RPC
Além de atender à demanda dos consumidores, a produção do palmito pupunha se tornou uma nova opção de renda para a agricultura familiar. “Hoje, nós temos no litoral em torno de 3.200 hectares de pupunhas. São 1.200 produtores. Isso dá uma renda bruta anual em torno R$ 48 milhões”, Bellettini diz. “O produtor hoje, para produzir uma haste de pupunha ele gasta em torno de R$ 2. E vende na faixa de R$ 3,40 a R$ 3,70.”
O agricultor Eliseu Breda cultiva dois hectares de pupunha há mais de dez anos em Antonina, no litoral do Paraná. Toda a produção é vendida em feiras ou diretamente para clientes de Curitiba e região.
“Eu já trabalhava com o palmito-juçara e aí bateu a curiosidade. A Emater estava com o programa de trazer mudas para cá, eu entrei no programa”, Breda diz. “A juçara, cortou uma vez, tem que plantar de novo. A pupunha, não.”
Muitos desses pequenos agricultores vendem a produção para fábricas da região. “Hoje, são 300 a 400 famílias que são fornecedoras diretas. Ao todo, no litoral, em torno de 1.200 famílias,” diz o empresário Alessandro Minucci.
Logo que chegam à unidade, as hastes são descascadas e enviadas em uma esteira para dentro da fábrica. Cada parte do palmito tem uma textura e, para diversificar as opções de produtos, a indústria desenvolveu novos cortes que aproveitam cada uma. Depois de envasados, parte dos produtos é separada para controle e segurança.
“Ele fica aqui guardado durante dois anos, seria a contraprova. Enquanto não sair do mercado, ele fica aqui e, se acontecer alguma coisa, eles vêm aqui e recolhem o lote que teve problema”, explica o gerente de produção Bruno Pereira.
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O beneficiamento dos palmitos também ajuda a gerar empregos: cerca de oitenta pessoas trabalham em fábricas da região. Agora, pesquisadores, agricultores e empresários buscam aumentar ainda mais a produtividade.
“Acho que a tendência produzir mais pupunha por área e o produtor usar cada vez mais tecnologia. Hoje ele está em torno de 0,7 a uma haste por toiça/ano. Nós queremos chegar a 2 hastes/ano por toiça. Então é um aumento de produtividade muito bom”, Bellettini diz.
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