Plantas agonizam e paisagismo sofre deterioração na Beira Mar de Fortaleza


Parte da orla da Beira Mar cuidada por empresários da região tem plantas bem cuidadas e irrigadas diariamente; em outros trechos, o gramado sumiu e as plantas definham. UrbFor informou que o serviço de irrigação das áreas verdes está sendo realizado regularmente, apesar de visitantes da região negarem. Plantas agonizam e paisagismo sofre deterioração na Beira Mar de Fortaleza
A Avenida Beira Mar de Fortaleza, um dos principais pontos turísticos da capital pelas belas paisagens, está com um cenário bem diferente do conhecido por quem frequenta o local, com plantas agonizando e o paisagismo deteriorado.
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Alguns canteiros, que antes abrigavam o verde das plantas de diversas espécies, como a palmeira carnaúba, deu lugar a uma vegetação com folhagens ressecadas. Além disso, foram retirados equipamentos que garantiam algum conforto para quem passava pela região, como os xiringadores .
Conforme o fotógrafo Carlos Fernandes, que todos os dias trabalha na Beira Mar fazendo imagens dos praticantes de atividades físicas, antes era feita uma irrigação nas plantas da região, porém ultimamente o serviço não foi mais visto.
“Onde eu fico, bem no Espigão do Náutico, tinha uma irrigação que molhava os canteiros e ficavam verdinhos. Essa irrigação não funciona mais. Na outra parte era os carros-pipas que molhavam. Aquilo agora está tudo seco. As plantas, as árvores que plantaram, secaram todas”, relatou Carlos Fernandes.
Frequentadores denunciam falta de manutenção das plantas na Avenida Beira Mar de Fortaleza.
Fabiane de Paula/ SVM
Ainda de acordo com o fotógrafo, a falta de irrigação nas plantas já ocasionou, inclusive, acidentes com corredores.
“A grama verde deu lugar a areia. Aquela areia do canteiro vai para onde o pessoal corre, o atleta escorre, cai e se rala todo”, falou o fotógrafo.
Permissionários cuidam por conta própria
Permissionários pagam para fazer a manutenção particular da vegetação que fica próxima aos estabelecimentos.
Fabiane de Paula/ SVM
Em alguns pontos da avenida, os próprios permissionários ficam responsáveis pela manutenção e, para isso, pagam uma pessoa para cuidar das plantas.
“A gente cuida do que é da nossa responsabilidade, para isso a gente dá um agrado as pessoas para aguar nossas plantas. O canteiro central é de responsabilidade da prefeitura, no início os funcionários vinham com mais frequência, agora só vemos esporadicamente”, disse Expedito Jair de Souza, que trabalha há mais de 50 anos.
Apesar dos frequentadores afirmarem que a manutenção não está sendo feita com regularidade, a Autarquia de Paisagismo e Urbanismo de Fortaleza (UrbFor) informou que o serviço de irrigação das áreas verdes do canteiro central do calçadão da Avenida Beira Mar segue sendo realizado regularmente, tanto com o uso de carros-pipa quanto por meio de sistemas de irrigação automatizados implantados em alguns trechos.
Funcionários da UrbFor estavam regando o canteiro da avenida na manhã de quinta-feira.
Fabiane de Paula/ SVM
“Vale destacar que este período do ano é caracterizado por altas temperaturas e baixa umidade, fatores típicos que antecedem a quadra chuvosa, podendo ocasionar sinais de ressecamento em plantas e gramados, mesmo com o trabalho contínuo de manutenção”, disse a UrbFor.
A pasta informou também que irá realizar uma vistoria técnica para avaliar os trechos mais críticos, para identificar possíveis ações complementares que reforcem a conservação da vegetação no local.
Retirada dos xiringadores
Totens de nebulização conhecidos como ‘xiringadores’ foram retirados após um ano. Créditos: Saving The World Social Business/ Arquivo pessoal
Outra reivindicação dos moradores e turistas que passam pela Beira Mar é o retorno dos totens de nebulização conhecidos como “xiringadores”, que proporcionavam um alívio no calor característico da cidade.
“Aquilo era muito útil, porque quem corre na Beira Mar, a partir das seis horas da manhã, já está aquele sol torrando e todo mundo passava ali e se molhava um pouco pra refrescar”, disse Carlos.
Os totens, que liberavam uma névoa d’água sempre que acionados, era resultado de uma parceria entre a Fundação da Ciência, Tecnologia e Inovação de Fortaleza (Citinova) e a startup Saving The World Social Business.
Ao todo, oito estações foram instaladas na capital a partir de setembro de 2023, sendo duas delas na Avenida Beira Mar. Todas foram retiradas.
Impasse com a prefeitura
Xiringadores foram retirados pela Saving The World Social Business após impasse com a Prefeitura de Fortaleza.
Kid Júnior/SVM
De acordo com o diretor-executivo da Saving The World Social Business, Rafael Frota, na última semana a startup realizou a retirada dos equipamentos devido a um impasse com a Prefeitura de Fortaleza.
Rafael afirmou que inicialmente o projeto dos xiringadores foi feito em colaboração técnica com a prefeitura. Com isso, a startup arcaria com os custos dos equipamentos, que ficou em torno de R$ 15 mil cada, enquanto a prefeitura ficaria responsável pelo abastecimento de água e energia.
A expectativa do empresário e dos sócios que investiram era de que com o passar do tempo eles pudessem monetizar o produto por veiculação publicitária nas laterais do xiringador.
“Até então a gente tinha um acordo de colaboração técnica de três meses, para eles conhecerem o produto, validarem. A gente foi elastecendo esse prazo com essa promessa da gente ir conversando”, falou Rafael Frota.
Conforme o empresário, em um determinado momento, a prefeitura chegou a levantar a possibilidade de contratação da startup com a verba pública, porém retrocedeu e em agosto lançou um edital de credenciamento para empresas interessadas em instalar e manter 150 estações de hidratação e nebulização pela cidade.
“Era a segunda vez que eles não honravam com a possibilidade de continuidade, então a gente decidiu retirar. A gente ainda segurou até o final do primeiro turno e deixou passar o período político a pedido deles, para não marcar negativamente a gestão”, disse o empresário.
Novo edital
Cadê o xiringador que estava aqui?
No edital, o valor de implantação e manutenção de cada xiringador, pelo período de um ano, é de R$ 109 mil, cerca de sete vezes maior que os R$ 15 mil investido pela startup no período de testes. Todos os gastos de implantação, operação e manutenção dos nossos xiringadores ficarão a cargo da empresa contratada, o que pode chegar a R$ 16 milhões.
O empresário afirmou ainda que a Saving The World não pretende concorrer ao edital, devido às exigências que encareceriam o produto, sem garantia do retorno financeiro.
“Eles não quiseram fazer outra forma de contratação, até aí tudo bem, mas colocam tantas exigências que se tornou desinteressante para todo mundo”.
Segundo o edital, esse valor foi estimado a partir de cotações realizadas para elaboração do Estudo Técnico Preliminar e serve apenas como referência aos interessados. Além disso, os novos equipamentos teriam melhorias, como a implatação de câmeras de monitoramento.
Em nota, a Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação de Fortaleza (Citinova) informou que em 2023 e 2024, oito estações foram instaladas, como projeto piloto, em locais próximos a infraestruturas cicloviárias com alta demanda.
“Durante esse período de teste, foram realizadas pesquisas, que permitiram avaliar as estações de hidratação e nebulização como uma solução positiva para a cidade. Assim, em agosto de 2024, a Prefeitura publicou edital de credenciamento para empresas interessadas em instalar e manter 150 estações de hidratação e nebulização pela cidade. O período para a inscrição de propostas encerra em dezembro”, disse a Citinova.
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