Segundo a Polícia Civil, o professor está no magistério desde 2013 e lecionou em Cariacica e Vila Velha, na Grande Vitória, onde cometeu os crimes contra crianças e adolescentes, entre 9 e 16 anos. Professor demitido por abusar de alunas é identificado por outras vítimas
O professor de 44 anos preso por estupro de vulnerável contra uma aluna fez pelo menos mais 20 vítimas em escolas onde trabalhou na rede pública municipal e estadual de Cariacica e Vila Velha, na Grande Vitória. Segundo a Polícia Civil, as meninas tinham entre 9 e 16 anos e, em um dos casos, uma estudante foi perseguida até o banheiro, onde ele cometeu atos libidinosos contra ela.
O professor está preso desde o dia 10 de novembro e informações sobre as novas denúncias foram divulgadas nesta terça-feira (19). O nome dele não foi divulgado pela polícia para preservar as vítimas, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (Ecriad).
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As investigações apontaram que o professor dá aulas desde 2013 e já passou pela rede municipal de Cariacica e de Vila Velha.
Segundo a delegada adjunta da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Gabriella Zaché, a corporação teve conhecimento do primeiro caso no dia 4 de novembro, quando os responsáveis legais por cinco meninas de 9 anos, de uma escola municipal de Cariacica, registraram um Boletim de Ocorrência (BO).
Na ocasião, as menores alegaram que o professor havia passado a mão nas partes íntimas delas durante as aulas no primeiro dia de trabalho do suspeito.
Professor preso por estupro de vulnerável fez pelo menos 21 crianças e adolescentes vítimas no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
A partir daí, a polícia começou a fazer levantamentos e encontrou casos de outras duas alunas, que na época também tinham 9 anos, e foram abusadas pelo suspeito em outra escola de Cariacica. No dia 10 de novembro, ele foi preso de forma preventiva, na própria casa em Vila Velha.
“Ele se aproveitava das aulas, desse perfil carismático que ele dizia ter para se aproveitar dessas alunas”, explicou a delegada.
Mais vítimas
As investigações continuaram e os policiais descobriram que, entre 2014 e 2019, o professor também trabalhou em escolas em Vila Velha.
De acordo com o delegado adjunto da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Leonardo Vanaz, durante este período havia diversas reclamações de alunas e pais de alunas a respeito da conduta dele.
“Ainda não havia registro de Boletim de Ocorrência para apurar esses fatos, porém nós identificamos essa documentação referente a reclamação de alunas e instauramos inquérito policial para apurar. Até o momento, 14 vítimas foram identificadas nas escolas em Vila Velha”, detalhou Leonardo Vanaz.
Perseguição no banheiro
Ainda segundo o delegado, o depoimento de uma das adolescentes vítimas do professor quando ele dava aula na rede municipal de Vila Velha chamou atenção dos policiais. O caso aconteceu em 2014 e, na época, e menina tinha 14 anos.
“A vítima começou a ser perseguida por ele no ônibus que ia para a escola, começou a mostrar vídeos pornográficos para ela, começou a dar em cima e também começou a constranger ela durante as aulas”, disse o delegado.
Sala de aula
Reprodução/ RBS TV
Em determinado dia, segundo o delegado, a vítima contou que estava na aula e pediu para ir ao banheiro.
“Nesse momento, ela teria perseguido ela. Ele adentrou no banheiro feminino e teria praticado beijo forçado, mordidas e outros atos libidinosos. Isso se aproveitando do momento em que todos estavam na aula e a adolescente tinha ido até o banheiro”, explicou.
Ainda segundo o delegado, na época do crime, a família optou por não reportar o crime na polícia.
“A gente sempre orienta as escolas e os pais que prestem atenção no comportamento dos seus filhos, que busque saber da rotina dos seus filhos na escola e, qualquer indício de crime, registre imediatamente na delegacia”, finalizou.
Perfil do suspeito
O professor, segundo a polícia, deu aula em escolas municipais e estaduais. Após ser preso, em depoimento, ele ainda se disse ‘carismático’.
“Ele alega que sempre teve um perfil carismático e que, por estar em escolas com crianças mais carentes, sempre foi uma pessoa de abraçar muito, de toques, e disse que era muito permissivo, que esse foi o erro dele. Mas o que foi apurado é que não eram gestos de carinho, eram gestos sexualizados”, relatou a delegada Gabriella Zaché.
Denúncias
Segundo as investigações, as escolas faziam uma apuração interna e orientavam os pais a registrarem a ocorrência.
“A gente sempre orienta as escolas e também os pais que prestem atenção no comportamento dos seus filhos, que busquem saber da rotina dos seus filhos na escola e que a qualquer indício de crime registre imediatamente na delegacia”, disse o delegado Leonardo.
O delegado ainda ponderou que, em alguns casos, há um receio dos pais na hora da denúncia.
“É possível haver uma inibição por parte dos pais de registrar esses crimes, primeiro porque podem entender que o processo criminal pode gerar um constrangimento para a criança e também porque esse professor tinha uma posição social, era carismático, conhecido por todos”.
A polícia acredita que mais vítimas do criminoso podem aparecer. Qualquer pessoa pode procurar a DPCA, em Jucutuquara, Vitória, para registrar um boletim de ocorrência ou ajudar nas investigações.
O outro lado
Diante da prisão do professor, a Prefeitura de Cariacica informou que “foi instaurado um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), que resultou na demissão, publicada no dia 12 de novembro no Diário Oficial. Além da demissão, ele também está incompatibilizado de assumir qualquer cargo público pelo período de oito anos”.
A Prefeitura de Vila Velha disse que “o professor teve contrato rescindido pela Secretaria de Educação de Vila Velha em 2018/2019. Após medidas internas e solicitação de ordem de restrição, o profissional ficou impedido de retornar à rede municipal de ensino”.
A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) informou, em nota, que “o professor atuou na Rede Estadual de Ensino como DT (designação temporária) em Vila Velha até o ano de 2021”.
O g1 não conseguiu localizar a defesa do professor.
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