Padrasto e enteada criaram um laço de pai e filha desde que a menina era bebê, conexão que os mantém unidos mesmo após separação entre o padrasto e a mãe da jovem. Sabrina de Sá e seu pai do coração, Waldemir Rodrigues
Sabrina de Sá/Arquivo pessoal
O laço de pai e filha entre Waldemir Rodrigues, de 70 anos, e Sabrina de Sá, de 21 anos, começou 20 anos atrás, quando a jovem tinha acabado de completar o primeiro ano de vida. Ele foi padrasto dela por seis anos, período em que ela aprender a chamá-lo e a reconhecê-lo como um verdadeiro pai. E essa relação foi tão forte que conseguiu resistir à separação entre Waldemir e a mãe de Sabrina, mesmo 14 anos depois.
“Eu acho que ele não tem essa relação com nenhum dos outros filhos dele, a que ele tem comigo até hoje”, conta.
Sabrina, que é a mais nova de três irmãos, nasceu logo após a separação entre a sua mãe, Sueli, e o seu pai biológico, com quem só foi conviver durante a vida adulta.
Waldemir e Sueli, que haviam sido namorados em meados de 1990, se reencontraram novamente depois de 13 anos separados, quando se esbarraram na rua por acaso em um dia no qual Sueli havia levado Sabrina, na época com 1 ano de idade, para passear no antigo bairro onde moravam. A partir daquele momento, Waldemir se encantou pela menina, e um laço de pai e filha começou a ser construído entre eles.
Após o reencontro, Sueli e Waldemir reataram o antigo relacionamento e passaram a viver juntos. Sabrina, que nunca tinha convivido com o pai de sangue até então, começou a enxergar Waldemir como sua figura paterna, se apegando e passando a se referir a ele como pai.
“Ele disse que do nada eu comecei a chamar ele de pai, por causa da nossa relação e do cuidado que ele tinha comigo”, revela Sabrina.
A separação
Apesar do destino ter reunido a mãe de Sabrina com Waldemir, que agora é chamado de pai pela menina, o relacionamento dos dois não durou. Quando Sabrina completou 7 anos de idade, Sueli e Waldemir se separaram.
“Ele não tinha, na legalidade, nenhuma obrigação comigo, né? De continuar mantendo contato comigo, até porque ele tinha separado a minha mãe e não foi uma separação muito boa, não foi uma separação muito amigável”, explicou Sabrina.
Ela conta que, por causa da separação e do medo de Waldemir abandoná-la, a mãe a proibiu de encontrar com o agora ex-padrasto. Mas a restrição não durou muito tempo.
“Chegou um ponto que minha mãe percebeu que não tinha mais o que fazer. Que era isso que ele queria, era isso que eu queria principalmente, e que não adiantava tentar separar porque não ia dar certo. Eu só ia continuar ficando mal, porque eu acabei ficando muito mal, né? Nesse meio tempo eu chorava todo dia pedindo pra minha mãe deixar eu ver ele, que eu não aguentava mais ficar sem ele”, lembra.
‘Meu maior motivador’
Sabrina, que nasceu em Recife, se mudou para João Pessoa para cursar jornalismo na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e diz que Waldemir é o seu maior motivador para continuar dando o melhor de si em relação a sua jornada acadêmica, ainda que longe de casa.
“Ele me deu muito suporte, não só para fazer a mudança, até antes mesmo, pra fazer o próprio Enem e tudo mais, ele sempre foi a pessoa que me apoiou em tudo”, confidencia Sabrina.
Hoje, o homem que surgiu por acaso na vida de Sabrina e se tornou sua maior referência paterna, é a fonta de determinação para que a jovem continue correndo atrás dos seus sonhos.
“Eu penso muito no quanto que eu quero dar orgulho para o meu pai. No quanto que eu quero me formar para ver o orgulho nele. Ele sempre me apoia muito. É o meu maior motivador”, diz Sabrina.
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