Por Ricardo Sayeg*
A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de São Paulo (OAB-SP), perdeu a essência de sua missão.
Concebida, por essência, como a defensora e a porta-voz da sociedade civil e da cidadania, a entidade parece ter se transformado em um clube de serviços, embora os serviços sejam centrais e extremamente importantes.
Também com disponibilidade financeira anual superior à R$ 350 milhões, a oferta de serviços aos advogados é até natural, mas esta eficiência não deve asfixiar o propósito original e verdadeiro da instituição.
Afinal, oferecer serviços, ainda que de qualidade, é tarefa que qualquer organização de classe, capitalizada e bem gerida, pode realizar.
Com efeito, o verdadeiro papel da OAB-SP não está apenas em oferecer serviços, mas em ser a guardiã e fomentadora do respeito, da dignidade e da credibilidade da advocacia no cumprimento de sua sagrada missão institucional de proteger e representar o povo.
A advocacia é a defensora e a voz da sociedade civil. Santas tarefas, essenciais e indispensáveis para a democracia e a justiça.
A desconexão entre a Ordem e estas suas funções primordiais não apenas fragiliza a classe dos advogados, sob o ponto de vista coletivo, mas também afeta a força e o impacto das suas ações individuais junto à sociedade civil e perante às instituições, especialmente o Poder Judiciário e os órgãos governamentais, repercutindo negativa e individualmente contra cada um de nós, no exercício de nossa profissão de advogado.
Assim, o respeito, a dignificação, e a credibilidade da advocacia não correspondem a apenas um ideal abstrato; é uma necessidade concreta e estruturante para o exercício profissional dos advogados e para a cidadania.
Convenhamos, as advogadas e os advogados que atuam em um ambiente de respeito, dignificação e credibilidade, têm mais voz, encontram melhores condições de trabalho e são dignamente remunerados.
Inegável que um profissional respeitado, dignificado e com credibilidade, é ouvido, bem tratado e condignamente pago.
Reconquistar o respeito
Portanto, ao reconquistar o respeito, a dignidade e a credibilidade perdidos, a OAB-SP fortalece e estrutura as advogadas e os advogados; e, com uma advocacia forte e estruturada, restaura o elo de confiança e instrumentalização entre ela e a cidadania.
Entretanto, respeito, dignidade e credibilidade são construídos com ações concretas, que comparados às de hoje, podem avançar muito.
Quem respeita seus pares, valoriza o trabalho e investe nas melhores condições, não apenas atrai bons profissionais, mas também estabelece um padrão elevado que atende e inspira toda a classe e as futuras gerações.
Para reconquistar a posição perdida, a situação requer uma revisão profunda no comando e na gestão da Ordem, priorizando o impacto institucional, social e moral da entidade.
Enfim, a OAB-SP deve olhar para além dos serviços que presta. Precisa se reconectar com esses propósitos maiores de ser a guardiã das prerrogativas dos advogados, protetora e porta-voz da cidadania.
O compromisso da OAB-SP não pode abandonar o desenvolvimento estrutural e institucional da advocacia, garantindo para ela suas prerrogativas profissionais, ambiente laboral saudável, poder e prosperidade.
Somente com uma advocacia estruturada e fortalecida podemos avançar em direção a uma sociedade livre, mais justa, democrática e inclusiva.
Concluindo, o resgate do propósito da OAB-SP não é apenas uma questão de gestão ou recursos, mas de liderança, visão e patriotismo.
É hora de a Ordem acordar, se levantar e ir além deste atual status de um mero clube de serviços, para reassumir seu papel histórico de referência moral, ética e institucional nesta nossa incrível tarefa de defensora e porta-voz da sociedade civil e da cidadania.
Somos patriotas e chegou a hora de assumirmos, em caráter decisivo e determinante, nossas responsabilidades para com o Brasil.
A estratégia é clara, está na reconquista da OAB-SP. Este é o caminho da edificação da cidadania em nossa nação.
Com a reconquista da OAB-SP e, assim, fortalecida e estruturada pelos Titãs da advocacia, as advogadas e os advogados paulistas; o Brasil verdadeiramente será um sonho intenso, um raio vívido de amor e de esperança! A nação da Liberdade, Igualdade e Fraternidade!
* Ricardo Sayeg é advogado; professor Livre-Docente e doutor e mestre em Direito. É presidente da Comissão Nacional Cristã de Direitos Humanos do FENASP. imortal da Academia Paulista de Direito e comandante dos Cavaleiros Templários Guardiões do Graal.
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