G20 no Rio: o que é, quais temas serão discutidos e quem estará presente no encontro de líderes


Pela 1ª vez realizado no Brasil, encontro reúne as principais economias do mundo para criar propostas sobre temas de interesse global. Cúpula será nesta segunda e na terça, no MAM. Nos bastidores do G20: os detalhes e os encontros que colocam o Brasil no centro das decisões globais
A Cúpula do G20 começa na manhã desta segunda-feira (18), no Rio de Janeiro, com a presença de chefes de Estado e delegações de 40 países, além de 15 organismos internacionais.
A partir das 8h30, está prevista a chegada dos líderes mundiais no Museu de Arte Moderna (MAM), no Centro do Rio, a sede do encontro. Estão no Rio os presidentes de potências como Estados Unidos (Joe Biden) e China(Xi Jinping).
O que é a Cúpula do G20?
A Cúpula do G20 é um encontro anual que reúne os líderes das 19 principais economias do mundo, além da União Europeia e, recentemente, a União Africana.
O G20, o grupo dos 20 (que com a entrada da União Africana poderia ser G21), foi criado em 1999 em resposta a crises financeiras e tem como objetivo promover a cooperação econômica internacional.
Durante a cúpula, os líderes finalizam discussões popostas no início de cada ano. Uma série de reuniões e grupos de trabalho vão moldando o que é concluído nestes dois dias da cúpula, declaração final.
Os debates envolvem questões globais como desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas, saúde, agricultura, e combate à corrupção.
A cada ano, um país preside o G20. Esta ano, o Brasil passa o bastão para a África do Sul, a próxima sede.
O que será debatido e proposto?
O Brasil, como presidente do grupo, definiu três prioridades que terão as propostas incluídas na declaração final do G20:
acordos para o combate à fome e à pobreza – será lançada oficialmente a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza;
sustentabilidade e enfrentamento às mudanças climáticas;
e a reforma da governança global, com mais representatividade de países emergentes em órgãos internacionais – como a Organização das Nações Unidas (ONU), por exemplo.
A taxação de grandes fortunas, direitos iguais entre homens e mulheres e o fim das guerras também estão na pauta que deve compor a declaração final.
A declaração será assinada em consenso?
Divergências em torno de temas como igualdade de gênero, enfrentamento à emergência climática e geopolítica dificultam a conclusão das negociações para a declaração final dos chefes de Estado do G20.
Segundo informações de negociadores envolvidos nas tratativas e de fontes diplomáticas, as negociações avançaram bastante até este domingo, chegou-se a um texto final, mas há pontas soltas que vão ter de ser resolvidas em conversas bilaterais até o final da cúpula, na terça-feira (19).
Os negociadores brasileiros temem que essas pontas soltas levem à “abertura” do texto de novo, fechado após duras negociações.
Essa versão, alcançada na madrugada deste domingo, cita temas como a tributação dos super-ricos, questão de gênero e meio ambiente. Questões geopolíticas, como a guerra da Ucrânia, também acenderam sinal vermelho e podem levar à reabertura do texto.
Documento final do G20 deve manter a menção inédita a taxação de super-ricos, apesar de oposição da Argentina. As divergências residuais vão ser tratadas em diálogos bilaterais até no máximo terça-feira, quando terminará a cúpula e haverá a leitura da declaração.
Qual a programação da Cúpula?
Segunda-feira:
8h40: Lula recebe os líderes no MAM
10h: Lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e 1ª sessão da Reunião de Líderes sobre o mesmo tema: combate à fome e à pobreza
14h30: 2ª Sessão da Reunião de Líderes do G20, com o tema “Reforma das Instituições de Governança Global Local”
18h às 20h – jantar de recepção das autoridades
Terça-feira:
10h: 3ª Sessão da Reunião de Líderes do G20: “Desenvolvimento Sustentável e Transição Energética”
12h30: sessão de encerramento da Cúpula de Líderes do G20 e cerimônia de transmissão da presidência do G20 do Brasil para a África do Sul – Local: Sala Plenária – MAM – Museu de Arte Moderna
14h30: entrevista coletiva de Lula
Onde será realizada a Cúpula?
Museu de Arte Moderna (MAM) foi reformado para sediar a Cúpula do G20
Rafa Neddermeyer/Audiovisual G20
A sede da Cúla do G20 será o Museu de Arte Moderna (MAM), no Centro do Rio, que passou por uma reforma de R$ 40 milhões – com recuperação inclusive do paisagismo de Burle Marx.
Às margens da Baía de Guanabara, o museu fica ao lado do Aeroporto Santos Dumont (que ficará fechado) e da Marina da Glória, e tem vista para o Pão de Açúcar.
As três sessões — uma sobre cada tema prioritário — serão realizadas na Sala Plenária do MAM, com um espaço de 130 metros livre de colunas. A mesa principal, de 20×7 metros, tem 58 lugares. O Brasil estará no centro da mesa, tendo de um lado a Índia, que sediou o G20 em 2023, e do outro a África do Sul, a próxima presidente do G20.
O que significa G20?
É a abreviação para “Grupo dos Vinte”, um “clube” de cooperação internacional, que discute iniciativas para promover melhorias econômicas, políticas e sociais nas nações que fazem parte dele.
Esse “clube” negocia acordos ao longo do ano e os assina justamente no último dia da reunião de cúpula.
Quem faz parte do G20?
São 19 nações…
África do Sul
Alemanha
Arábia Saudita
Argentina
Austrália
Brasil
Canadá
China
Coreia do Sul
Estados Unidos
França
Índia
Indonésia
Itália
Japão
México
Reino Unido
Rússia
Turquia
… mais a União Africana e a União Europeia.
Quem veio?
Chegada do Presidente da China, Xi Jinping
Jorge William/G20
Joe Biden, dos Estados Unidos, e Xi Jinping, da China, por exemplo, já estão no Rio, assim como todos os outros chefes de estado do G20, menos Vladimir Putin, da Rússia, que está representado pelo ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov. Veja fotos da chegada de presidentes, primeiros-ministros e príncipes.
Veja a lista de confirmados:
Olaf Scholz (primeiro-ministro da Alemanha)
Mohammad bin Salman (príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita)
Javier Milei (presidente da Argentina)
Anthony Albanese (primeiro-ministro da Austrália)
Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil)
Justin Trudeau (primeiro-ministro do Canadá)
Xi Jinping (presidente da China)
Yoon Suk-Yeol (presidente da Coreia do Sul)
Joe Biden (presidente dos Estados Unidos)
Emmanuel Macron (presidente da França)
Narendra Modi (primeiro-ministro da Índia)
Prabowo Subianto (presidente da Indonésia)
Giorgia Meloni (primeira-ministra da Itália)
Shigeru Ishiba (primeiro-ministro do Japão)
Claudia Sheinbaum (presidente do México)
Keir Starmer (primeiro-ministro do Reino Unido)
Recep Tayyip Erdogan (presidente da Turquia)
Chefes de estado dos países do 20 que vêm ao Rio
Arte/g1
Além dos membros do G20, vários outros chefes de estado vêm como convidados ao Rio, como:
Anwar Ibrahim, primeiro-Ministro da Malásia
Sheikh Khaled bin Mohamed bin Zayed Al Nahyan, príncipe Herdeiro de Abu Dhabi e presidente dos Emirados Árabes
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia
Pham Minh Chinh, presidente da República Socialista do Vietnã
João Manuel Gonçalves Lourenço, presidente da República de Angola
Abdel Fattah El-Sisi, presidente do Egito
Luis Arce, presidente da Bolívia
Há algum esquema especial para os chefes de estado?
Rio de Janeiro tem esquema especial de segurança para o G20
A delegação do Estados Unidos, por exemplo, trouxe galões de água para o presidente Joe Biden. Dois aviões americanos aterrissaram na Base Aérea do Galeão, no último dia 6. A quantidade de equipamentos surpreendeu as equipes de escolta. Sete caminhões baú deixaram o local repletos de água e de comida.
Já a China de Xi Jinping é que está dando mais trabalho aos coordenadores de segurança do G20. A equipe de segurança do país asiático pediu que todos os 400 quartos do hotel onde estão instalados entre Leblon e São Conrado passassem por uma varredura.
Além disso, a praia próxima ao hotel será restrita a pessoas da delegação. A segurança no local será feita por fuzileiros navais que cuidarão da escolta da delegação como também posicionará atiradores de elite em pontos do hotel. Navios da Marinha farão a segurança no mar em toda orla, mas uma embarcação ficará diante do local de hospedagem dos chineses (leia a reportagem completa).
Onde foram as outras cúpulas?
2008: Washington, Estados Unidos
2009: Londres, Reino Unido
2009: Pittsburgh, Estados Unidos
2010: Toronto, Canadá
2010: Seul, Coreia do Sul
2011: Cannes, França
2012, Los Cabos, México
2013: São Petersburgo, Rússia
2014: Brisbane, Austrália
2015: Antália, Turquia
2016: Hangzhou, China
2017: Hamburgo, Alemanha
2018: Buenos Aires, Argentina
2019: Osaka, Japão
2020: Riad, Arábia Saudita
2021: Roma, Itália
2022: Bali, Indonésia
2023: Nova Déli, Índia
2024: Rio de Janeiro, Brasil
O G20 aprova leis?
Não, o “clube” não tem nenhum poder legislativo e não tem como impor obrigações. Mas os membros firmam compromissos de políticas econômicas, sociais e de governo.
“O G20, por ser uma organização não formal, ela não tem meios de verificação do cumprimento das metas estabelecidas entre os estados. Ele se sustenta na confiança de que os governos vão cumprir aquilo que comprometeram naquela reunião. Só que isso é impactado por mudanças nos governos, às vezes os ciclos eleitorais trazem mudanças radicais, e isso vai impactar na implementação das medidas e dos acordos chegados no G20”, analisa Fernanda Brandão, coordenadora do curso de Relações Internacionais da Mackenzie Rio.
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