Não é por falta de like, de empenho, de capricho nas fotos, de procura: o sentimento geral de quem usa aplicativos de paquera é de que não está fácil encontrar um amor ou um romance interessante. Cansado de tentar dar match? Pesquisas mostram que já tem gente com estafa dos aplicativos de paquera
Paquerar sempre foi uma espécie de jogo, onde é raro acertar de primeira. Para muitos, o que conta é a sorte ou o destino, para outros depende da insistência.Com a chegada dos aplicativos de relacionamento e o uso contínuo na tentativa de achar uma cara-metade, o sentimento geral é de que não está fácil achar um amor ou romance interessante e tem gente que já relata estafa.
“Tem que começar sempre do zero”, diz o ator e programador cultural Davi Ferreira.
“É extremamente cansativo”, fala a assessora de negócios Carolina Siqueira.
Usuários relatam cansaço dos aplicativos de relacionamento.
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Essa sensação de exaustão na tentativa de encontrar o amor com a ajuda dos algoritmos ganhou o nome de Dating Burnout, algo como exaustão de relacionamentos.
“É o excesso de conversas que não passam de ‘oi, oi, oi’. Então, são contatos frios, superficiais, que não se desenvolvem. As pessoas têm muita necessidade, mas elas não estão com disponibilidade para o investimento que é construir uma conversa”, diz a psicóloga Lígia Baruch.
“É como se o aplicativo, talvez, acelerasse muito a intensidade desses tantos encontros que você teria ao longo de uma vida. Só que é fake. Não tem como ter tantos encontros num período tão curto de tempo na vida”, completa a psicanalista e escritora Ana Suy.
De acordo com uma pesquisa do aplicativo de encontros Bumble, 3 em cada 4 pessoas já passaram por esgotamento em aplicativos de namoro. O site deles, inclusive, dá dicas de como reconhecer o burnout e tentar evitá-lo.
3 em cada 4 usuários do Bumble relataram esgotamento.
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Pesquisas mostram uma queda de 20% no número de usuários do Tinder no Brasil de 8,2 milhões passou para 6,5 milhões, entre 2022 e 2024.
Houve queda de 20% no número de usuários do Tinder.
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Segundo Lígia, o cansaço afeta mais as mulheres heterossexuais.
“Baixo o aplicativo, me irrito, desinstalo e depois volto”, diz a Karine.
“Parece uma entrevista de emprego, parece o recenseador do IBGE, né? Você tem que ficar falando toda vez a mesma coisa. Aí dá aquele cansaço”, completa.
Os aplicativos criaram uma ideia de oferta infinita de possibilidades, o que pode criar uma dificuldade em fazer escolhas. É uma estranha sensação de sempre estar perdendo alguma coisa.
O resultado é uma série de conversas, encontros e desencontros. O que gera um ritmo acelerado de frustrações em série que pode ser difícil de lidar.
De acordo com o aplicativo de encontro Happn, 70% dos usuários já se surpreenderam negativamente com a aparência do crush no primeiro encontro. A pessoa era muito diferente das fotos.
Paquera presencial
A paquera tem gerado cansaço tanto no mundo virtual como no presencial.
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Se o uso de aplicativos cansou, será que a paquera presencial tem funcionado? Para os entrevistados, essa modalidade também está em crise.
“Eu sinto que o approach da vida real me incomoda muito mais, porque é mais invasivo. E no virtual, eu me sinto mais segura de dar o limite, de onde eu vou. Então eu consigo, primeiro, stalkear o cara pra ver se ele não é um assassino, um louco, um lobo solitário”, diz a criadora de conteúdo digital Rapha Avena.
A psicóloga explica que o burnout não está apenas nos aplicativos e, sim, no se relacionar romanticamente.
“Estamos vivendo a era do cansaço e as pessoas não querem sair de casa, têm preguiça de tabular uma conversa. Muitas pessoas dizem que não sabem conversar”, fala Lígia.
As previsões do mercado mostram que os aplicativos de relacionamento não vão desaparecer e, sim, apostar em novidades, como perfis mais completos, selos de intenções específicas, além de atualizações dos algoritmos.
O Tinder informou que se prepara para usar a inteligência artificial avançada para melhorar a experiência dos usuários. Uma pesquisa mostra que, até 2028, 452 milhões de pessoas vão procurar o amor online.
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