Imagens mostram esquema de quadrilha especializada em tráfico internacional de drogas; veja


Polícia Federal teve acesso a conteúdos com conversas entre membros da quadrilha. Organização criminosa atua em portos brasileiros. Polícia teve acesso a conversas e prints de criminosos especialistas em tráfico internacional
Reprodução
Imagens, capturas de tela e interceptações telefônicas mostram o ‘modus operandi’ de uma quadrilha especializada no tráfico internacional de drogas por meio de portos brasileiros, especialmente o cais de Santos, no litoral de São Paulo. O material é fruto de uma investigação da Polícia Federal que durou quase um ano.
✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp.
A investigação resultou na Operação Taeguk, realizada pela PF com o apoio da PM, no início do mês. Na ocasião, suspeitos foram presos em Santos e Guarujá. Além disso, mandados de busca e apreensão foram cumpridos na região da Baixada Santista e também nos estados do Rio de Janeiro, Pará e Maranhão.
De acordo com a PF, o Brasil virou rota de destino da cocaína para o mercado asiático, pois as drogas escondidas em cascos de navios atracados no país estão chegando cada vez mais longe. Segundo a corporação, o entorpecente também é mais caro na Ásia e, por isso, os traficantes brasileiros investem na venda ao continente.
Investigação
A TV Tribuna, emissora afiliada da Globo, teve acesso às provas recolhidas no decorrer da investigação, que teve início com a apreensão de 100 kg de cocaína em um navio na Coreia do Sul em janeiro deste ano. A droga estava no compartimento submerso da embarcação junto com oito rastreadores.
A polícia analisou os equipamentos e concluiu que eles foram colocados junto com o entorpecente no Brasil, enquanto o navio estava atracado no Porto de Santos, em dezembro de 2023.
Um dos rastreadores havia sido instalado pela quadrilha brasileira, enquanto os outros sete tinham sido comprados e instalados na Coreia. Eles pertenceriam aos compradores da droga, que enviaram os aparelhos ao Brasil para acompanharem o trajeto da cocaína.
A PF fez pesquisas no equipamento e identificou a conta utilizada na ativação dele. O perfil estava em nome de uma mulher que mora em Guarujá. Além dela, a corporação chegou a outros perfis que constavam nos dados cadastrais dos aparelhos utilizados para acesso à conta do rastreador.
A corporação reuniu todo o conteúdo da conta e concluiu que o perfil da mulher, na verdade, era usado pelo comparsa do irmão dela. A dupla, segundo a polícia, é integrante de um núcleo criminoso atuante na Baixada Santista e também em outras regiões do país.
Sendo assim, a quadrilha que tem como objetivo enviar cocaína e maconha para o exterior, passou a ser monitorada pela Polícia Federal, que reuniu ainda mais materiais contra ela.
Provas
Sem saber que estavam sendo monitorados, os integrantes da organização criminosa registraram cada passo. O objetivo deles era atestar aos compradores estrangeiros que estavam enviando as drogas, mas acabaram produzindo provas contra eles mesmos.
Criminosos gravavam as drogas para atestar sobre carga aos compradores
Reprodução
Em áudios obtidos pela polícia, os criminosos fazem ameaças. “Tem que pegar pesado memo, tio, para ele ver que o bagulho não é brincadeira, tio, ele tá fazendo é tráfico internacional, mexendo com droga, metendo o louco? Ele não tá mexendo com os cavalos dele lá não, fala pra ele”, disse um dos investigados em um áudio.
Em uma captura de tela, é possível ver a conversa entre dois criminosos no momento exato em que tentavam armazenar droga na ‘caixa mar’ (‘sea chest’, em inglês) de uma embarcação, mas ela estava soldada.
Um deles monitorava o mergulhador responsável por inserir os entorpecentes e repassava as informações (veja abaixo). Imagens obtidas pela polícia mostram, inclusive, a caixa mar soldada.
Traficantes conversam sobre atuação de mergulhador, que não conseguiu armazenar drogas clandestinamente em navio
Reprodução
Com base nas provas, a PF solicitou à Justiça os mandados que foram cumpridos durante a Operação Taeguk, nome dado em alusão à bandeira da Coreia do Sul, local onde ocorreu a primeira apreensão ligada ao grupo criminoso. Apesar disso, um dos principais líderes da quadrilha ainda não foi identificado.
Durante o trabalho policial de quase um ano, a corporação apreendeu drogas e prendeu pessoas sem que houvessem confrontos. O chefe da Divisão de Repressão a Drogas da PF, Osvaldo Scalezi Junior, justificou o fato creditando o trabalho de inteligência policial.
De acordo com ele, o objetivo é sempre conhecer a atuação de cada investigado e identificar os líderes das quadrilhas, agindo diretamente contra a hierarquia das organizações criminosas.
VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos
Adicionar aos favoritos o Link permanente.

Os comentários estão desativados.