Secretário-geral da ONU, António Guterres, defende atualização na governança global


O representante da Organização Mundial das Nações Unidas chegou ao Rio de Janeiro na última sexta-feira (15). No G20, Guterres discursará sobre o combate à fome e à pobreza, a reforma das instituições de governança global, bem como desenvolvimento sustentável e transição energética. António Guterres, secretário-geral da ONU
Raoni Alves/g1 Rio
O secretário-geral da Organização Mundial das Nações Unidas (ONU), António Guterres, defendeu a modernização da governança global e disse que o organismo internacional “reflete o mundo dos anos 80”.
“As ameaças que enfrentamos hoje são interconectadas e internacionais. Mas as instituições globais de resolução de problemas precisam desesperadamente de uma atualização, não menos importante o Conselho de Segurança, que reflete o mundo de 80 anos atrás”, disse.
Guterres discursou para a imprensa mundial na tarde deste domingo (17), no Vivo Rio, na Zona Sul da cidade, sobre a presidência brasileira do G20 em 2024.
No sábado (16), Guterres participou de uma reunião bilateral com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
O presidente e o secretário-geral conversaram sobre o G20 Social, a programação da Cúpula do G20, o andamento da COP29 e as negociação sobre clima e meio ambiente que acontecem em Baku (Azerbaijão), em paralelo às atividades do G20.
Durante a Cúpula do G20, que acontece na segunda (18) e terça-feira (19), na presença dos chefes de Estado, Guterres discursará sobre o combate à fome e à pobreza, a reforma das instituições de governança global, bem como desenvolvimento sustentável e transição energética.
Na agenda do representante da ONU também estão previstas reuniões com outros líderes mundiais que participarão do G20.
Depois do evento no Rio, o secretário-geral voltará para Baku, no Azerbaijão, onde está ocorrendo a COP29, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática.
Guterres também pediu ajuda dos líderes do G20 para um movimento de paz na África.
“Paz no Sudão, com líderes pressionando as partes em conflito a pôr fim à horrível violência e à desesperadora crise humanitária que está sendo imposta aos civis. Em toda parte, a paz requer ações fundamentadas nos valores da Carta da ONU, no estado de direito e nos princípios de soberania, independência política e integridade territorial dos estados”.
Durante sua fala, o secretário-geral da ONU também pediu reformas nos mecanismos de financiamento globais.
“Países vulneráveis enfrentam enormes desafios e obstáculos que não são de sua responsabilidade. Eles não estão recebendo o nível de apoio que precisam de uma arquitetura financeira internacional que está desatualizada, ineficaz e injusta”.
“O Pacto pelo Futuro pede reformas ambiciosas para tornar o sistema mais representativo da economia global atual e das necessidades dos países em desenvolvimento e vulneráveis. Isso inclui expandir a voz e a representação dos países em desenvolvimento nas instituições financeiras internacionais”.
E completou:
“O Pacto também pede um aumento substancial na capacidade de empréstimos dos bancos de desenvolvimento multilaterais para torná-los maiores, mais ousados e melhores”.
Ministro defende mudança na ONU
Márcio Macedo, ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República do Brasil
Reprodução
Na última quinta-feira (14), o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República do Brasil, Márcio Macedo, também criticou a ONU e seu Conselho de Segurança.
Na opinião de Macedo, o modelo de governança global adotado pela ONU está ultrapassado. O ministro criticou o Conselho de Segurança da entidade, que seria formado por países que financiam as guerras no mundo.
“Nós precisamos estar dentro desse debate, com a força que temos, que o Brasil tem e o Sul Global tem. Chegar e dizer que está na hora de fazer uma mudança, porque os países que estão no conselho de segurança da ONU, que falam da paz, são os que financiam as guerras”, comentou Macedo.
“Nós precisamos fazer um debate sobre a governança global. Esse modelo que a ONU lidera é um resultado da correlação de forças que saiu da Segunda Guerra Mundial, e o mundo hoje é outro. Hoje nós não temos mais países em desenvolvimento aqui. Nós temos o sul global, como o presidente diz”, destacou o ministro brasileiro.
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