Debate com presença de Felipe Neto discute estratégias de combate às fake news


Combate à desinformação foi tema do Cria G20, evento que reúne criadores digitais, ativistas sociais e comunicadores do Brasil e do mundo. Felipe Neto participou do Cria20
Cristina Boeckel/g1 Rio
O combate à desinformação foi tema de uma das discussões do Cria G20, evento que reúne criadores digitais, ativistas sociais e comunicadores do Brasil e do mundo em discussões sobre temas relacionados ao G20, na tarde deste sábado (16).
Um dos debatedores foi Felipe Neto, que questionou o papel dos influenciadores e destacou a importância da mobilização da população jovem no combate às fake news.
“Eu tento fazer com que eles [jovens] entendam a importância deles para o mundo. O jovem, por meio de seu inconformismo, é dar a ele as ferramentas para que eles façam a diferença”, afirmou.
Neto tem mais de 40 milhões de inscritos no seu canal no Youtube e é autor do livro “Como enfrentar o ódio: a internet e a luta pela democracia”.
O Cria G20 acontece de forma paralela ao G20 Social. Neto ressaltou a importância dos influenciadores no posicionamento contra grupos políticos que possuem interesse na disseminação de informações falsas.
“Muitas vezes, a gente vê no Brasil uma manutenção da covardia por parte de influenciadores. Tem muita gente com medo de se posicionar porque se coloca em uma posição de perder engajamento ou seguidor”.
Inicialmente, o ministro Alexandre de Moraes seria um dos debatedores, mas a presença foi desmarcada por causa do atentado em Brasília na noite de quarta-feira (13).
Neto destacou a importância do papel da educação e do investimento na orientação sobre a mídia digital.
“Tem que ensinar o que é notícia e o que é opinião. Parece besteira, mas não. Quando a pessoa abre uma página, seja da Folha ou do Globo, ela não sabe se é uma notícia ou uma coluna. Isso é grave”.
Felipe Neto participou do Cria20
Cristina Boeckel/g1 Rio
Regulamentação
Felipe Neto ressaltou a necessidade de regulamentação das redes sociais e do enfrentamento contra as fake news.
“Enquanto o lucro for a prioridade das plataformas, não veremos nenhum sentido de resistência à desinformação”, disse o influenciador.
Humberto Ribeiro, cofundador do Sleeping Giants Brasil, também participou das discussões e falou sobre a importância da juventude no enfrentamento dos discursos de ódio.
“Quando a gente fala de desinformação é preciso diferenciá-la do mero erro. Erros acontecem, mas a natureza da desinformação é uma informação falsa com o objetivo de produzir um efeito, seja econômico ou político”, destacou.
Felipe Neto ressaltou o uso criminoso de informações falsas. “A teoria da conspiração, que a gente aprendeu a tratar como uma bobajada, são criadas de propósito por esses gabinetes do ódio”, disse.
Crise climática e fake news
A ativista filipina Mitzi Jonelle Tan ressaltou o papel nocivo das informações que espalham dados errados sobre mudanças climáticas e denunciou que, muitas vezes, se manifestar a favor da mudança pode ser arriscado para a vida dos defensores do meio ambiente.
A filipina falou que as informações falsas são usadas desde o tempo do colonialismo no controle de comunidades e até hoje são usadas para combater as vozes populares.
“Um dos efeitos da propagação de fake news é a queda da democracia”, ressaltou.
Ela disse que é preciso desenvolver um pensamento crítico em relação às informações recebidas, mesmo que, no caso de algumas sociedades, isso possa ser interpretado como uma forma de desrespeito aos mais velhos.
“Não podemos encorajar as pessoas a ficarem quietas, mas estimulá-las a questionar com pensamento crítico”, disse a ativista.
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