Existe psicopatia na infância? Neuropsicóloga explica o transtorno


Segundo a neuropsicóloga Suzana Lyra, a falta de empatia é uma das principais características Neuropsicóloga explica características da psicopatia
Renato Santana Santos
No início do mês de outubro a notícia de que uma criança, de apenas 9 anos de idade, invadiu um hospital veterinário, na cidade de Nova Fátima, interior do Paraná, e provocou uma série de maus tratos que levaram à morte de 23 animais de pequeno porte, levantou uma série de debates acerca da psicopatia, um transtorno de conduta onde o indivíduo pode apresentar comportamentos violentos.
Mas será que podemos falar em psicopatia infantil? Suzana Lyra (CRP03/9748), neuropsicóloga, especialista em transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), transtorno de espectro autista (TEA) e esquecimentos, explica que o transtorno existe e quando identificado precocemente nas crianças, é possível prevenir o agravamento do quadro e promover o desenvolvimento saudável.
O que é psicopatia?
É um transtorno em que o comportamento anti-social e amoral se torna visível, levando ao transtorno de conduta. Esse indivíduo possui dificuldades em ter relações interpessoais, podendo apresentar comportamentos agressivos, manipulações e chantagens emocionais. A psicopatia está ligada a fatores genéticos, alteração no lobo pré-frontal e fatores ambientais, como exposição à violência, traumas e maus-tratos.
Quais os critérios para classificar uma pessoa como psicopata?
Um dos instrumentos de avaliação mais conhecidos ao redor do mundo é a Escala de Hare, que possui 20 itens de avaliação com notas de 0 a 2, entre eles mentira patológica, comportamento sexual promíscuo, impulsividade, falta de empatia, manipulação e outros . A maioria da população pontua entre 5 e 6. No Brasil considera-se psicopata quem pontua acima de 23.
Existe psicopatia na infância?
Existe psicopatia na infância, que também é chamada de transtorno de conduta da infância e adolescência. A psicopatia é um transtorno de personalidade caracterizado por falta de empatia, impulsividade e comportamento antissocial. Embora seja mais comum associar a psicopatia a adultos, crianças com tendências psicopáticas podem apresentar comportamentos como crueldade com animais, agressividade, mentiras, falta de remorso e desrespeito pelas regras. Fatores genéticos, ambientais, como exposição a violência ou maus tratos, e também neurológicos, podem contribuir para o desenvolvimentos dessas tendências. Vale a pena lembrar que a prevalência é maior nos meninos.
Crianças que apresentam comportamentos violentos contra animais podem fazer o mesmo em seres humanos futuramente?
Crianças que maltratam animais podem ter maior probabilidade de apresentar comportamentos violentos contra seres humanos no futuro, como por exemplo: pegar gato pelo rabo e ficar girando, garguelar algum bicho, arrancar as penas de pássaros ou quebrar o pescoço de um pintinho. Simplesmente não é por vingança, mas por prazer. Esse comportamento é um indicador de alerta para problemas de saúde mental como psicopatia ou transtorno de conduta. A crueldade com animais pode ser um sinal de dificuldades em desenvolver empatia e controle do impulso.
Que tipo de providências deve tomar para evitar evolução do quadro em crianças?
Ao observar qualquer comportamento cruel em crianças é essencial tomar providências para evitar a evolução do quadro. Algumas medidas como procurar ajuda profissional, ou seja, procure um psicólogo, psiquiatra infantil, especializado em transtorno de comportamento; educar sobre empatia; ensinar a criança a respeitar e entender os sentimentos dos outros; estabelecer limites claros; definir regras e consequências para comportamentos inaceitáveis; fomentar o ambiente familiar saudável promovendo um ambiente de apoio, com amor e respeito; monitorar, acompanhar e observar o comportamento da criança; e ajustar as estratégias de intervenção, conforme necessário. É crucial abordar esses comportamentos precocemente para prevenir agravamento e promover o desenvolvimento saudável dessa criança.
Responsável Técnica: Dra Suzana Lyra (CRP03/9748), Neuropsicóloga.
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