A jornalista mineira Daniela Arbex voou no mesmo avião que caiu em Vinhedo na sexta-feira (9). Ela compartilhou na internet um vídeo que mostra os passageiros passando mal de calor durante o trajeto que fez na quinta-feira (8), véspera do acidente aéreo.
O avião que caiu em Vinhedo, São Paulo, saiu de Cascavel, no Paraná, e estava programado para pousar no Aeroporto de Guarulhos às 13h30 de sexta-feira. Todas as 62 pessoas a bordo do voo 2883 da Voepass morreram na queda.
Na quinta-feira, a aeronave ATR-72 voou de Guarulhos a Goianá, em Minas Gerais. A jornalista e escritora Daniela Arbex ficou “chocada” ao descobrir que estava a bordo do mesmo avião que caiu em Vinhedo no dia seguinte.
“Lamento profundamente pelas vidas perdidas hoje e percebo que corremos um risco real. SOUBE AGORA QUE O AVIÃO QUE CAIU É O QUE EU ESTAVA ONTEM. MEU DEUS! Estou profundamente impactada com essa tragédia”, se manifestou em uma postagem.
“Estamos aqui, vivos, enquanto famílias de 62 pessoas vivem a dor da espera pela identificação dos corpos de seus entes queridos para iniciarem o processo de luto”, disse em outra postagem.
Vídeo mostra passageiros passando mal no mesmo avião que caiu em Vinhedo
Daniela Arbex divulgou na sexta-feira, após o acidente, um vídeo do voo de Guarulhos a Goianá de quinta-feira. Os passageiros sofreram com o calor e a falta de ar condicionado a bordo do avião ATR-72, da companhia aérea Voepass.
“Foi terrível. Um passageiro chegou a tirar a camisa. Outro, que estava uma poltrona a minha frente, sentia muita dor de cabeça. As pessoas se abanavam procurando ar”, descreve a jornalista.
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Ela conta que foi sua terceira experiência com a Voepass. “Fiquei muito indignada, porque pela terceira vez a aeronave da companhia apresentava problemas tanto no trecho de SP quanto no da conexão pra Minas, no trecho entre Guarulhos e Goianá, ao qual o vídeo se refere”, protestou.
A escritora e outros passageiros questionaram os tripulantes sobre o funcionamento do ar-condicionado. “A resposta foi de que o “ar não funcionava em solo, só no ar”, o que não aconteceu. Da vez anterior, a desculpa é que o ar precisava de manutenção”, lembra.
Causas do acidente aéreo em Vinhedo são investigadas
Em nota ao ND Mais, a Voepass reiterou que “a aeronave estava aeronavegável, com todos os sistemas requeridos em funcionamento, cumprindo com todos os requisitos e exigências estipulados pelas autoridades e legislação setorial vigente”.
A companhia aérea ainda informou que está colaborando para que a conclusão das investigações seja breve e esclarecedora. “Neste momento, o foco da Voepass é proporcionar acolhimento e conforto às famílias das vítimas, que passam por um momento de dor e pesar”, comunicou.
Os investigadores do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) já estão analisando as caixas-pretas do avião que caiu em Vinhedo. Por enquanto, a principal hipótese é de que o acúmulo de gelo na asa tenha causado a tragédia.
Em coletiva na noite de sexta-feira, o diretor de operações Marcel Moura informou que a aeronave passou por uma manutenção de rotina na noite anterior e decolou sem nenhum problema técnico identificado.
O diretor admitiu, no entanto, que o modelo ART-72 possui maior sensibilidade à formação de gelo. Além disso, Moura afirmou que a equipe estava ciente da frente fria que atingia a região, mas ressaltou que o fenômeno se encontrava dentro dos parâmetros considerados seguros para o voo.