Justiça manda soltar Xinxa da Cebola, dono de hortifrúti suspeito de chefiar quadrilha que movimentou mais de R$ 70 milhões


Empresário foi preso em operação da Polícia Federal por crimes como lavagem de dinheiro, sonegação e agiotagem, em 31 de julho. Empresário Xinxa da Cebola
Reprodução/Instagram
O empresário Xinxa Góes de Siqueira, conhecido como Xinxa da Cebola, foi solto na sexta-feira (9), após passar 10 dias preso por crimes como lavagem de dinheiro, sonegação, agiotagem e aluguel de armas. De acordo com o advogado, a prisão foi revogada por não haver indícios de envolvimento com tráfico de drogas, que teria motivado a investigação.
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“A própria polícia, quando abriu o inquérito há dois, três anos atrás, era para apurar tráfico de drogas. Nesse tempo todo, não apurou absolutamente nada de droga. Então, a competência da Polícia Federal acabou e o juiz entendeu isso. Esse reconhecimento da inexistência de droga e da própria Polícia Federal”, disse o advogado Célio Avelino em entrevista ao g1.
Xinxa da Cebola é dono de um hortifrúti e foi preso no dia 31 de julho numa operação da Polícia Federal (PF) e teve a prisão preventiva mantida pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), após passar por audiência de custódia no dia seguinte.
Segundo o advogado, não existem elementos que justifiquem a manutenção da prisão e a soltura foi aprovada pelo mesmo juiz que decretou sua prisão preventiva, responsável.
“Ele foi solto pelo juiz de Salgueiro [no Sertão], o mesmo juiz que decretou a prisão preventiva dele. O argumento [da defesa] foi, primeiramente, que ele não trazia nenhum perigo para a ordem física, para a aplicação da lei penal, não estava perturbando a investigação, absolutamente nada”, argumentou.
O empresário estava detido no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife. De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) Xinxa deixou o Cotel, na sexta-feira (9), após receber o alvará de soltura.
O g1 entrou em contato com o TJPE para saber por que a prisão foi revogada agora, já que, no dia 1º de agosto, o suspeito tinha passado por audiência de custódia em que a prisão foi mantida, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
A operação
Xinxa foi preso após uma operação da Polícia Federal apontar que ele era o líder de uma organização criminosa que movimentou mais de R$ 70 milhões nos últimos cinco anos. Apesar de o empreendimento principal aparentemente ser uma transportadora de produtos de hortifrúti, “O rei da cebola” chamou a atenção da PF com a vida de luxo que mostrava nas redes sociais.
Entre as imagens e vídeos publicados, estavam viagens a destinos nacionais, dirigindo carros de marcas de luxo e passeios de lancha, de helicóptero e posando com artistas e celebridades.
Durante a operação, foram apreendidos 24 veículos de alto padrão, avaliados em mais de R$ 30 milhões, e seis cavalos de raça, estimados em R$ 10 milhões.
Os veículos estavam numa loja de Fortaleza, registrada em nome de uma pessoa ligada ao empresário, possivelmente um laranja, de acordo com o delegado federal Márcio Tenório, que comandou a operação que resultou na prisão.
Quem é o “rei da cebola”
Xinxa Goes de Siqueira, conhecido como Xinxa da Cebola
Reprodução/Instagram
Xinxa Goes de Siqueira é filho do ex-deputado estadual Apolinário Pessoa de Siqueira (já falecido), de uma família com origem em Pesqueira, no Agreste de Pernambuco e atuação em municípios do Sertão do estado.
Sua transportadora e distribuidora de alimentos fica no Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa), no bairro do Curado, na Zona Oeste do Recife, e transporta itens como batata, alho e cenoura, além de cebola — produto que também era comercializado pelo pai.
No instagram, Xinxa ostentava uma vida de alto padrão e frases motivacionais. Numa banheira de espuma, com uma taça de vinho, escreveu: “Não se conforme com o que você pensa, lute pelo que você merece”.
Noutra imagem, deitado numa cama, a legenda postada é: “Mude o modo que você olha para as coisas e as coisas que você olha mudarão”.
Problemas com a Justiça
Essa não foi a primeira vez em que Xinxa teve problemas com a Justiça. O g1 teve acesso a uma série de denúncias, que incluem dívidas de condomínio a fraudes fiscais contra o governo, além de roubo de carros.
O primeiro processo contra ele na Justiça encontrado pelo g1 é de setembro de 2002, quando Xinxa foi preso, junto com outros dois homens, ao ser pego com um carro roubado numa abordagem policial. Também foi encontrado um segundo veículo roubado em sua garagem.
Ele chegou a ser preso no Complexo Prisional do Curado, na Zona Oeste do Recife, por suspeita de participar de uma organização de roubo de carros e clonagem de placas, mas foi autorizado a responder em liberdade.
Xinxa foi alvo de outro processo judicial por fraude contra a administração pública e ordem tributária, mas foi absolvido por falta de provas.
Também foi denunciado pelo condomínio onde morava por não pagar taxas condominiais e pela prefeitura de Jaboatão por não pagar a taxa do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Nesses casos, o processo do condomínio foi arquivado e a taxa de IPTU, quitada.
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