O avião da Voepass que caiu em Vinhedo (SP) na última sexta-feira (9) esteve com o sistema anti-degelo inoperante em ao menos seis ocasiões ao longo do ano de 2023, segundo relatórios mecânicos revelados pelo jornal O Globo.
Todas as 62 pessoas que estavam na aeronave – 58 passageiros e 4 tripulantes – morreram no acidente.
De acordo com os documentos, em um desses episódios, a empresa foi alertada sobre a necessidade de evitar voos do bimotor para o Sul do país, onde as condições climáticas poderiam acarretar o acúmulo de gelo na aeronave.
As causas do acidente estão sob investigação do Cenipa. Uma das hipóteses é que a queda tenha sido causada por problemas com o funcionamento do sistema de degelo.
As inspeções técnicas que identificaram o problema no avião foram feitas em julho do ano passado em três aeroportos: Ribeirão Preto (SP), Porto Alegre e Congonhas (SP).
Uma lista de pendências de manutenção, chamada de Ação Corretiva Retardada (ACR), elaborada em 13 de julho de 2023, identificou “restrições de gelo” e orientou a empresa a evitar voos com a aeronave para o Sul. A orientação, no entanto, não foi seguida e o avião voou para Porto Alegre no mesmo dia.
Uma nova inspeção foi realizada no dia seguinte em Congonhas (SP), e constatou que a aeronave seguia “com restrição de gelo”. Em 18 de julho, o avião chegou na unidade com falhas persistentes no sistema de degelo e com o gerador elétrico – responsável por alimentar a bomba hidráulica, luzes de pouso e cabine, além da descarga do banheiro – inoperante.
Ainda no dia 18, mais um defeito foi identificado pelos mecânicos que realizaram a ACR, desta vez em Ribeirão Preto. Além das falhas detectadas anteriormente, o indicador de situação horizontal, que fornece informações sobre a posição do avião em relação a pontos de navegação, não estava funcionando.
A Voepass afirmou ao O Globo que as falhas foram corrigidas após serem identificadas no ano passado, e que o sistema operava normalmente no dia do acidente.
Satélite diz que bimotor voou entre 8 e 10 minutos sob gelo severo
Uma análise de satélite do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), da Universidade Federal de Alagoas, indica que o avião da VoePass enfrentou uma zona meteorológica crítica e atravessou nuvens com temperatura abaixo de -40 °C, ficando de 8 a 10 minutos em condições climáticas categorizadas pela fabricante como “emergência”. As informações são do g1.
Segundo o manual da fabricante, “gelo severo indica que a taxa de acumulação é tão rápida que os sistemas de proteção de gelo falham em remover a acumulação de gelo”, e “a equipe precisa sair dessa condição imediatamente”.
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