Na semana em que começa a Festa do Peão de Barretos, série do g1 conta a história da primeira música caipira gravada no país, em 1929. Assista ao vídeo e veja curiosidades do material raro registrado há 95 anos. Veja como era o primeiro disco de música sertaneja gravado no Brasil
Nos dias de hoje, se você quiser ouvir sua canção favorita, é só ir ao celular e abrir um aplicativo de streaming. Se o gênero que você mais gosta é sertanejo, você é um dos milhões que contribuem para que o estilo musical seja o mais ouvido do país nas plataformas. Mas quem olha a facilidade atual não imagina que o caminho para a música sertaneja se tornar esse fenômeno começou em um disco de 78 rotações por minuto, feito com cera de carnaúba e que tinha até imitação de pássaros.
Na semana em que começa a Festa do Peão de Barretos, considerado o maior rodeio da América Latina, e em homenagem aos 95 anos de música sertaneja no Brasil, o g1 publica uma série de quatro reportagens para contar a história da 1ª gravação de uma música caipira em disco no país e como ela formou o gênero que moldou gerações em todas as décadas a seguir.
O portal teve acesso ao disco original, o primeiro de música sertaneja do país, gravado em 1929 por Cornélio Pires, que bateu à porta da gravadora Columbia e convenceu o proprietário a gravar “Jorginho do Sertão”, uma canção composta por ele com fragmentos de causos do folclore e, na voz da dupla Mariano e Caçula, inaugurou o estilo musical que mais fatura até hoje no Brasil.
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O disco que o portal teve acesso faz parte do acervo do Instituto Cultural Cornélio Pires, administrado por Pedro Massa, músico e presidente da instituição. Assista ao vídeo acima e veja todos os detalhes e curiosidades do álbum.
Na última reportagem da série, nesta quinta-feira (15), o conteúdo especial será um clipe de uma versão exclusiva para o g1 de “Jorginho do Sertão”, na voz de Edson e Hudson.
g1 teve acesso ao primeiro disco de música sertaneja gravado no Brasil
Marcello Carvalho/g1
Tamanho menor e cera de carnaúba
O histórico disco que Cornélio pagou do próprio bolso em maio de 1929 para conseguir que a Columbia gravasse é da primeiras geração das vitrolas no Brasil. Ou seja, ele era menor do que o disco de vinil que se tornou popular nas décadas a seguir porque girava em 78 rotações por minuto, o que significa que cabia menos informação em mais espaço.
“Os discos de vinil que vieram depois giravam em 33 rotações por minuto,. Então, eles cabiam mais informações em menos espaço, por isso ele roda mais devagar. Esse disco de 1929 rodava mais rápido. Além disso, esse disco de 1929 ele é 100% nacional, é feito com cera de carnaúba [usado para dar mais brilho aos materiais], só que ele é muito sensível, super quebradiço, diferente dos discos de vinil também, que vieram do petróleo”, afirmou Pedro Massa.
Por girar mais rápido e caber menos coisa, o lado A do disco gravado por Cornélio só cabia “Jorginho do Sertão”, recém-composta com ele e adaptada para ter apenas três minutos justamente por essa razão. Mas, quem pensa que o lado B tinha outra música, vai se surpreender. Cornélio decidiu colocar imitações de pássaros para compor o álbum.
“O lado B é uma imitação do Arlindo Santana que chama ‘Como cantam algumas aves’. O Cornélio falava o nome de ave e o Arlindo Santana assobiava. Ele era fazedor de apitos. Antigamente, o caipira tinha isso de fazer um apito que imitava a natureza, ele tinha apito de pássaros, de grilo, aí o Cornélio decidiu levar para o disco também”, completou Massa.
Série do g1 conta a história da primeira música sertaneja gravada em disco no Brasil
Marcello Carvalho/g1
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