Frio dentro de casa: entenda por que conforto térmico é menor no Brasil do que em países mais gelados


Frente fria derruba as temperaturas do Paraná neste fim de semana. Há quem passe mais frio dentro do que fora de casa, entenda porquê. Conforto térmico: casas brasileiras não são feitas para evitar muito frio ou calor
O Paraná enfrenta nos próximos dias uma frente fria e deve registrar temperaturas 5º abaixo da média. Até quinta-feira (15), por exemplo, Curitiba deve ter temperaturas mínimas variando de 2ºC a 6ºC, conforme o Simepar.
Além do frio nas ruas, muitos moradores também lidam com a falta de conforto térmico dentro de casa. E isso se deve aos padrões de construção civil e também à incidência de sol nos imóveis.
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Pouca insolação, janelas mal vedadas, pouco isolamento nas paredes, pisos não adaptados às variações de temperatura são algumas das características que interferem no nível de conforto de um imóvel.
A engenheira Civil Bruna Bezerra trabalha com simulação de edificações e analisa justamente os níveis de conforto térmico, acústico e lumínico de empreendimentos.
Imóvel não foram feitos para variações térmicas
Ela destaca que o processo de construção de casas em Curitiba e no Brasil, em geral, não é feito para aguentar as variações de temperatura.
Em cidades como a capital paranaense onde há dias com uma grande amplitude térmica, um mesmo imóvel pode ficar muito quente e muito frio em um curto espaço de tempo.
“Faz muito pouco tempo que começou a ter essa preocupação a cidade de Curitiba, principalmente, aqui na região Sul. Ela é a que mais sofre com isso, porque ela tem essa variação térmica muito grande, mas em questão de normativas tudo é muito recente”, analisa.
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Modelo de construção mais utilizado no Brasil não é eficiente em garantir o conforto térmico
Divulgação
Conforme a engenheira, a maior parte das construções brasileiras são de alvenaria: blocos de cerâmica, concreto, cimento e tijolo.
“Quando você vai para Europa, outros países que têm preocupações maiores, mais acostumados com isso desde sua história, têm uma preocupação em adotar materiais que têm capacidades isolantes maiores, que têm capacidade de reter calor, de reter a variabilidade da temperatura para promover esse conforto térmico”, afirma.
Em países europeus onde o inverno costuma ser muito mais intenso que o brasileiro, inclusive com muita neve, é comum o uso de paredes duplas, vidros mais grossos e esquadrias com alta capacidade de vedação.
O uso desses materiais, claro, tem um preço. A engenheira cita que um dos motivos desse modelo construtivo ainda não ser tão utilizado no Brasil é o custo.
Conforto virou regra
A engenheira explica que desde 2017 há a chamada norma de desempenho, instituída pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que estabelece parâmetros obrigatórios a ser seguidos pelos empreendimentos em termo de conforto térmico e acústico, por exemplo.
Em 2021, as regras ganham uma nova edição, mais rígidas. Ainda assim, a norma é considerada recente e a maioria das imóveis construídos antes dela não deu a atenção devida a essas características.
Isso vai ser aplicado só para os prédios novos e também ainda é um grande desafio, porque nem todos os profissionais estão atuando nisso, realmente ativamente. Aqui, no centro de Curitiba mesmo, a gente tem bastante empreendimentos altos, que são coladinhos uns nos outros. Então, você tem ali um sombreamento, não vai pegar sol nunca naquela edificação e quem tá morando ali vai ser prejudicado. Principalmente nos períodos de inverno.”
>> Paraná deve ter geada e temperaturas de até 0ºC, diz Simepar; veja previsão do tempo
Confortável para quem?
Bezerra explica que os novos imóveis precisam avaliar três índices: a temperatura máxima de ocupação, a mínima, e a quantidade de horas de conforto. Na prática, o que isso significa?
“Eu preciso garantir que o meu empreendimento vai estar mais quente que o ambiente externo quando tiver no inverno e que ele esteja mais fresco que o ambiente externo no período de verão para não ter um superaquecimento nem super resfriamento daquele ambiente. As horas de conforto têm relação ao período que tem um ocupante dentro daquela edificação, se quando ele tá habitando aquele local ele tá confortável ou não.”
A consultora explica que hoje muitos financiamentos exigem, por exemplo, a apresentação de laudos pelas construtoras comprovando que o empreendimento atende às normas.
Ela orienta que, ao adquirir um imóvel novo, o primeiro passo é exigir esse laudo da construtora ou incorporadora. Porém, quando o prédio ou casa já existe e foi construído antes das normas, é possível:
verificar o tipo de janela do imóvel;
perceber se dentro do imóvel está mais quente ou mais frio do que do lado de fora;
verificar para qual lado fica a fachada do imóvel (quantidade de insolação).
Em alguns casos, a engenheira explica que também é possível contratar um profissional para avaliar possíveis ajustes que possam ser feitos no imóvel para melhorar o conforto térmico.
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