Choro, fé e promessas falsas: entenda como golpe antigo foi desfeito em Joinville

Idosos são o público-alvo deste tipo de crime – Foto: Reprodução/NDTV

Promessas de recompensas, apelos emocionais e histórias bem contadas: esses são alguns dos artifícios usados por golpistas para aplicar o velho, mas ainda eficiente, golpe do bilhete premiado.

Idosos costumam ser o principal alvo desse tipo de crime, mas a polícia alerta que qualquer pessoa, independente da idade ou experiência, pode ser enganada se não estiver atenta.

Em Santa Catarina, em 2024 foram registrados 80 casos do golpe do bilhete premiado. Em 2025, só até abril, 90 casos já tinham sido contabilizados.

Nesse tipo de crime, o estelionatário aborda a vítima nas ruas e, com muita lábia, a convence de que possui um bilhete de loteria premiado, mas que precisa de ajuda para resgatá-lo (em troca de uma falsa recompensa) ou ainda diz que pode vendê-lo.

Segundo o delegado Vinicius Ferreira, da Delegacia de Combate a Estelionatos de Joinville, a abordagem dos golpistas é sofisticada e uso de gatilhos emocionais para persuadir as vítimas.

Ele ressalta que, por muito tempo, as vítimas foram vistas com certo “preconceito”, como se tivessem “culpa” por cair no golpe.

“Havia quem dissesse que só caía nesse golpe quem era ganancioso, de olho no dinheiro fácil. Mas a verdade é que os golpistas usam vários artifícios, citam até religião ou inventam pedidos de ajuda para sensibilizar a vítima”, explica.

Idosa de 84 anos é vítima do golpe em Joinville

O impacto emocional dessas fraudes também é significativo. Em um dos casos atendidos pela polícia, uma idosa de 84 anos, antes ativa e sociável, passou a evitar sair de casa após ter sido enganada por golpistas.

Na ocasião, uma mulher abordou a idosa na rua. A golpista afirmou ter um bilhete premiado, mas alegou não saber onde resgatar o prêmio, que teria um valor de R$ 3 milhões. Segundo a vítima, a mulher chegou a chorar e dizer que não sabia ler, nem escrever.

Nesse meio tempo, outro golpista se aproximou e simulou estar se “inteirando da conversa”.  O homem faz então uma proposta, para “ajudar” a mulher: ele e a vítima pagarem 100 mil pelo bilhete.

Assim, eles entraram em um carro e levaram a vítima até uma agência bancária, onde ela fez a transferência de R$ 100 mil. Depois disso, os criminosos foram embora dizendo que o prêmio seria depositado na conta dela no dia seguinte. Mas nunca veio.

Impacto nas vítimas

Segundo o delegado, os golpistas usam de lábia e histórias elaboradas para sensibilizar as pessoas. “Eles alegam problemas familiares, de saúde ou outras situações que precisam do dinheiro. Assim as pessoas fazem até na intenção de ajudar mesmo”, conta.

Com isso, acabam convencendo a pessoa a fazer transferências bancárias — exatamente como ocorreu com a idosa enganada.

Em uma entrevista para a NDTV RECORD, a idosa declarou que ficou com vergonha do ocorrido e não quis se identificar. “Eu até duvidei que tivessem feito algo comigo, não sei. Não sei como pude ter caído nessa”, declarou.

Operação Golden Ticket foi fim da linha para golpistas em Joinville

Em abril, a Polícia Civil de Santa Catarina, com apoio da Polícia do Rio de Janeiro e de Goiás, deflagrou a operação Golden Ticket, com o objetivo de desarticular uma associação criminosa destinada à execução do golpe.

Foram expedidos 12 mandados de busca e apreensão em várias cidades de Santa Catarina. Segundo o Delegado Vinicius Ferreira, desde então, não foram mais registrados boletins de ocorrência de casos como esse em Joinville.

“Mas é importante que as pessoas estejam atentas. Esses criminosos não são como outros comuns. Estelionatários são profissionais que se especializam em cometer os crimes. Qualquer pessoa pode acabar caindo”, alerta.

O que devo fazer se cair no golpe do bilhete premiado?

A Polícia Civil orienta que, caso você seja vítima do golpe do bilhete premiado registre imediatamente um Boletim de Ocorrência, que também pode ser feito online ou na delegacia mais próxima.

Além disso, é necessário que você guarde todas as evidências, como comprovantes de pagamentos, números de Pix, CPF e qualquer dado que identifique quem foi o beneficiário da transferência.

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