
O irmão da influenciadora Laura Sabino, de 25 anos, tornou-se réu por tentativa de feminicídio. A Justiça de Minas Gerais aceitou a denúncia apresentada pelo Ministério Público, e o acusado foi preso preventivamente em 3 de junho. O crime ocorreu em 14 de março, dentro da casa da vítima, em Belo Horizonte.
Segundo relato da própria Laura à Agência Pública, ela foi atacada enquanto estudava em seu quarto. O irmão teria pulado o muro da residência, pegado duas facas de serra na cozinha e desferido ao menos nove golpes que atingiram seu abdômen, braços e ombros.
Na sequência, tentou incendiá-la com álcool em gel, mas foi impedido de concluir a ação. O ataque durou cerca de 20 minutos.
Após a agressão, a influenciadora conseguiu telefonar para o namorado e pedir socorro. Foi levada a um hospital e sobreviveu, apresentando sequelas físicas e psicológicas.
Durante o ataque, o agressor fez menções a publicações falsas divulgadas dois dias antes por um influenciador de direita, que associava Laura a uso de drogas e maus-tratos em um edifício no qual ela nunca residiu. Na ocasião, ele a chamou de “personagem da internet” que “defende patifarias”.
Laura é conhecida por sua atuação nas redes sociais em temas como feminismo, socialismo e direitos humanos, e possui cerca de um milhão de seguidores.
A relação com o irmão era marcada por episódios de violência verbal, incluindo xingamentos misóginos e homofóbicos. A influenciadora já havia registrado cinco boletins de ocorrência contra ele.
Em 10 de março, cinco dias antes do ataque, Laura obteve uma medida protetiva com base na Lei Maria da Penha.
A notificação da decisão judicial, no entanto, só foi realizada após a tentativa de feminicídio. Em dezembro de 2024, ela foi incluída no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos.
Durante depoimento à polícia, o acusado afirmou que pretendia matar a irmã e tirar a própria vida em seguida.
Segundo ele, a motivação era atingir o pai dos dois, que retornava ao Brasil após um período de estudos em Portugal. A investigação também identificou motivações financeiras, como a expectativa do agressor de receber uma herança.
A família relatou que o homem apresentava piora no quadro de saúde mental desde que saiu da casa da mãe e interrompeu o tratamento psiquiátrico.
Apesar das denúncias e do ingresso de Laura em programas de proteção, o ataque não foi evitado. Até o momento, a Defensoria Pública de Minas Gerais ainda não havia designado um defensor para o caso.
Preocupações

Após o crime, Laura passou a esconder objetos cortantes em casa e reduziu sua exposição pública. Ela só tornou o caso público três meses depois, após receber mensagens nas redes sociais que considerou perturbadoras.
Segundo declarou, a decisão teve como objetivo impedir que o episódio fosse distorcido por grupos políticos.
Desde então, retomou progressivamente sua rotina de estudos, o trabalho nas redes e a participação em movimentos sociais.