
Delegado Luiz Alberto Braga foi afastado por 120 dias e indiciado por lesão corporal gravíssima após atirar no ambulante Emmanuel Apory. O policial entrou na Justiça para retomar as atividades. Delegado Luiz Alberto Braga foi indiciado
Ana Clara Marinho/TV Globo
O delegado Luiz Alberto Braga, indiciado por atirar no ambulante Emmanuel Apory em Fernando de Noronha, entrou com uma ação na Justiça para tentar voltar ao trabalho. Emmmanuel teve a perna direita amputada por causa dos tiros desferidos pelo policial.
Braga está afastado do cargo há pouco mais de um mês. O afastamento foi determinado por 120 dias, mas o delegado pede a anulação da medida.
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A discussão entre o delegado e o ambulante aconteceu no dia 5 de maio, no Forte dos Remédios, em Noronha (veja vídeo abaixo). Segundo as investigações, o motivo da briga seria ciúmes por causa de uma mulher.
Delegado discute e atira em morador de Fernando de Noronha
Emmanuel foi transferido do Hospital São Lucas, na ilha, para o Hospital da Restauração, no bairro do Derby, área central do Recife. O ambulante passou por quatro cirurgias. O rapaz teve alta e segue em recuperação na capital pernambucana.
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Inquérito
O inquérito da Polícia Civil concluiu que o delegado cometeu lesão corporal gravíssima contra o morador de Noronha. A Promotoria ainda não se manifestou sobre o resultado das investigações.
Mesmo com o indiciamento, a defesa de Braga entrou com pedido na Justiça para suspender o afastamento. Os advogados alegam que o delegado é “reconhecido por sua atuação contra o crime organizado” e tem “histórico funcional exemplar”.
A ação também solicita o restabelecimento do porte de arma e a devolução dos documentos funcionais do policial.
A defesa de Luiz Alberto Braga foi procurada pelo g1, mas não respondeu até a última atualização desta reportagem.
O advogado Jetho Ferreira, que representa Emmanuel Apory, criticou o pedido do delegado para voltar ao trabalho.
“O que o delegado pretende é um escárnio. A vítima, apesar de ter sobrevivido, teve a vida completamente afetada. Além disso, é um desrespeito com toda a sociedade, que o vê como uma pessoa perigosa” afirmou Ferreira.
O que diz o Tribunal de Justiça
A assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) confirma o protocolamento de ação ordinária de anulação de ato administrativo com pedido de tutela de urgência. Os pedidos são:
Suspensão imediata dos efeitos da Portaria nº 2705/2025, determinando o retorno imediato às atividades funcionais;
Alternativamente a suspensão da Portaria nº 2705/2025, no que tange à obrigação de comparecimento diário à Diretoria de Recursos Humanos DIRH/PCPE, haja vista a ausência de previsão e o risco ao delegado de polícia;
Restabelecimento do porte de arma funcional e devolução dos documentos funcionais. Pede também, ao final o julgamento procedente, para anular a Portaria nº 2705/2025, e seus efeitos.
O TJPE informou que os pedidos serão analisados pela 6ª Vara da Fazenda Pública da Capital.
Emmanuel Apory teve a perna amputada
Anderson Flexa/Acervo pessoal
Entenda o caso
O caso aconteceu no dia 5 de maio, após uma briga que teria sido motivada por ciúmes;
Luiz Alberto Braga, que estava em Fernando de Noronha a serviço, tirando férias do delegado titular da ilha, estava acompanhado de uma mulher e acusou Apory de tê-la assediado;
Uma câmera de segurança registrou o momento em que Emmanuel foi abordado pelo delegado;
Apory levou um tapa e, em seguida, partiu para cima do policial, que reagiu com disparos;
O ambulante tentou fugir, mas não conseguiu, pois uma das pernas estava ferida;
Ele foi atendido no Hospital São Lucas, na ilha, e transferido de avião para o Hospital da Restauração, no Recife, onde teve alta no dia 22 de junho;
O delegado responde a um processo administrativo disciplinar especial, aberto pela Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS);
A SDS determinou o afastamento de Braga por 120 dias e recolheu suas armas e identificação funcional:
Delegado que atirou em ambulante em Fernando de Noronha é indiciado por lesão corporal gravíssima; vítima teve perna amputada.
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