Engenheiro da Boeing denunciou falhas na montagem do 787 Dreamliner, modelo de avião que caiu na Índia


No ano passado, funcionário fez denúncia à agência de aviação norte-americana sobre problemas na montagem da fuselagem do avião. Ainda não há informações sobre a causa do acidente desta quinta. Vídeo mostra queda de avião na Índia por outro ângulo e grande explosão após acidente
Em 2024, um engenheiro da Boeing denunciou problemas de fabricação no modelo de avião 787 Dreamliner, o mesmo que caiu com 242 pessoas a bordo próximo a Ahmedabad, na Índia, nesta quinta-feira (12), .
Ainda não há informações sobre a causa do acidente desta quinta. O avião, operado pela Air India, seguia para o aeroporto de Gatwick, em Londres, no Reino Unido, e caiu em uma área residencial poucos segundos após a decolagem.
A polícia local disse que 204 corpos foram recuperados. As vítimas incluem passageiros e moradores da área atingida. Duas pessoas sobreviveram e foram levadas ao hospital.
De acordo com o jornal The New York Times, o engenheiro da Boeing Salem Salehpour enviou documentos à Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês) relatando possíveis falhas na montagem do avião.
Segundo o relato do engenheiro, feito em abril de 2024, a maneira com que as seções de fuselagem do avião estavam sendo montadas poderia levar a uma quebra do material em pleno voo, após milhares de viagens.
Um Boeing 787 Dreamliner da Air India com matrícula VT-ANB sobrevoa Tóquio, Japão, em 27 de abril de 2025
Koki Takagi via REUTERS
Atalhos e ‘força excessiva’ na montagem do Boeing
Salehpour detalhou ao jornal que os problemas começaram após mudanças na linha de montagem, na forma de encaixar e fixar as partes da fuselagem do avião.
As peças da fuselagem vinham de diferentes fabricantes e não tinham exatamente a mesma forma no local de encaixe, relatou o funcionário.
Salehpour também disse acreditar que a a Boeing estava usando “atalhos” na junção das peças, o que incluía aplicar “força excessiva” para fechar os espaços entre elas.
Essa pressão, segundo Salehpour, teria deformado o material, aumentando o risco de desgaste prematuro e falhas estruturais ao longo do tempo.
Ele também disse ao jornal que foi ameaçado de demissão após relatar os problemas aos seus superiores.
O que disse a Boeing na época
Em resposta ao The New York Times no ano passado, a Boeing confirmou as alterações na linha de montagem do 787 Dreamliner, mas disse que “não houve impacto na durabilidade ou na longevidade segura da fuselagem”.
O porta-voz da empresa, Paul Lewis, disse que o Dreamliner passou por testes extensivos e que não foi identificado um “problema imediato de segurança de voo”.
“Nossos engenheiros estão realizando análises complexas para determinar se pode haver um problema de fadiga a longo prazo, para a frota, em qualquer área da aeronave”, disse o porta-voz.
“Isso não se tornará um problema para a frota em serviço por muitos anos, ou nunca. Não estamos apressando a equipe para poder garantir que a análise seja abrangente”, acrescentou o representante da Boeing.
Em nota posterior enviada à BBC, a Boeing classificou as acusações como “imprecisas” e afirmou estar confiante na segurança de seus aviões.
“As questões levantadas foram objeto de rigorosas avaliações de engenharia sob supervisão [da Agência Federal de Aviação norte-americana]”, declarou a empresa na época.
“A análise validou que estas questões não apresentam quaisquer preocupações de segurança e que a aeronave vai manter sua vida útil durante várias décadas.”
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