Presença de onças em cidades em torno do Pantanal alerta Ibama

Onça-pintada foi vista em quintal de residência em Corumbá (MS)Divulgação/IHP

O avistamento de onça-pintada na área urbana de Corumbá (MS) acendeu um alerta no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que emitiu uma nota técnica com orientações de segurança para a população.

Desde 24 de março deste ano, cerca de 11 avistamentos foram registrados. O mais recente aconteceu em 6 de junho, no quintal de uma casa na região do Mirante da Capivara. O animal foi afugentado por sinalização sonora.

Vale ressaltar que o termo “avistamento” se refere aos relatos de pessoas que viram algum animal, e não ao número de indivíduos. Pessoas em locais diferentes podem avistar o mesmo animal em momentos diferentes — ou seja, os 11 avistamentos não significam 11 onças.

Segundo o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), depois da etapa de avistamentos, com comunicação para órgãos oficiais, ocorre uma análise prévia para identificar o número de indivíduos de animais. No trabalho feito em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, o que se tem preliminarmente é que podem ser dois indivíduos diferentes.

Avistamentos recentes

Segundo o IHP, no dia 6 de julho uma onça-pintada foi vista no quintal de uma casa na região do Mirante da Capivara. No dia 4, um pescador que vive na área também relatou um avistamento de um felino, caçando ariranhas no Canal do Tamego. Veja o registro feito na residência:

Já em maio, dia 22, dois bolivianos gravaram imagens de uma onça-pintada na rodovia Ramón Gomes. No dia seguinte, o animal foi visto no Mirante da Capivara, durante tentativa de ataque a um cão.

Em abril, no dia 20, uma onça-pintada foi flagrada por armadilha fotográfica na região da Cacimba; depois, houve relato da predação de um cão na base da Polícia Militar Ambiental (PMA).

Coexistência com humanos em Corumbá

Onças-pintadas são vistas em cidades próximas ao Pantanal à várias geraçõesWFN/Reprodução

O município sul-mato-grossense de Corumbá, às margens do Rio Paraguai (Pantanal), é um dos principais lugares em que os felinos são encontrados em áreas urbanas. Tanto onças-pintadas quanto onças-pardas, que vêm sendo monitoradas há vários anos pelos órgãos e organizações locais, foram vistas neste ano.

Embora um monitoramento sistemático não tenha sido realizado, os dados históricos demonstram que as ocorrências parecem estar relacionadas a eventos de cheia ou incêndios, quando os animais buscam abrigo e presas na área urbana, principalmente nas áreas residenciais mais próximas ao Rio Paraguai.

Orientação do Ibama

Pegada de onça em Corumbá (MS)Divulgação/IHP

O Ibama divulgou nesta quarta-feira (11) um comunicado para moradores, autoridades e imprensa sobre o monitoramento da presença de onças-pintadas em regiões urbanas. O órgão explicou que a espécie, considerada “quase ameaçada” de extinção, é fundamental para o equilíbrio do ecossistema.

O documento também traz informações sobre o comportamento da onça, como seu território de caça e presas preferidas. Segundo o Ibama, a escassez de alimentos faz com que cães domésticos sejam vistos como presas em potencial.

Luka Gonçalves, analista ambiental do IHP, contou em entrevista ao Portal iG que as onças podem ser atraídas para locais que envolvem presença de lixo orgânico e animais domésticos soltos.

“Como medida de segurança, é importante fazer o descarte correto do lixo, manter os animais domésticos, seja cães e outras criações em local seguro”, explica.

Ele explica que os municípios de Corumbá e Ladário, no Mato Grosso do Sul, estão no meio do Pantanal e a coexistência entre o ser humano e esses animais data de muitos séculos. “Cabe reconhecer os limites, agir com medidas de prevenção para garantir a segurança das pessoas e dos animais.”

Orientações básicas para segurança:

  • Não se aproxime da onça. Evite qualquer tentativa de contato muito próximo, mesmo que o animal pareça calmo;
  • Onças com filhotes ou carcaças podem ser mais agressivas. Redobre os cuidados nesses casos;
  • Mantenha luzes externas acesas em locais com possível presença da espécie;
  • Nunca alimente onças e não jogue resíduos orgânicos em locais onde houve o registro desses animais;
  • Locais onde haja suspeita da “ceva” (oferta de alimentos para animais selvagens), prática considerada crime pela legislação ambiental, devem ser evitados, bem como devem ser denunciados à Polícia Militar Ambiental;
  • Verifique pelo caminho que estiver percorrendo a presença de pegadas. Se essas pegadas sinalizam serem frescas ou antigas, e evite andar sozinho nesses locais;
  • Caso encontrar com uma onça no trajeto, evite a aproximação e tente manter a maior distância possível até que o animal saia do contato visual;
  • Se você estiver frente a frente com uma onça, não se vire e não corra – esse comportamento pode remeter ao de uma presa e causar reação do animal;
  • Ainda no caso de estar frente a frente com uma onça, mantenha contato visual e procure distanciar-se andando para trás sem movimentos bruscos;
  • Depois que a onça sair do contato visual, procure evitar o trajeto ou, se precisar seguir adiante, espere algumas horas para percorrê-lo, sempre com atenção ao caminho.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.