
A Justiça da Argentina negou o pedido do Ministério Público de prisão imediata da ex-presidente Cristina Kirchner e confirmou, nesta quarta-feira (11), que ela tem agora até 4 dias úteis para se apresentar às autoridades.
Na terça-feira (18), quando a Suprema Corte argentina rejeitou um recurso da ex-presidente contra sua condenação por corrupção e determinou sua prisão, os juízes estipularam até 5 dias úteis para a ex-presidente se entregar.
O MP argentino pediu prisão imediata, apontando risco de fuga. Mas os juízes negaram e o prazo, portanto, está correndo, devendo terminar na próxima quarta-feira (18).
Como a ex-presidente tem mais de 70 anos, também já na noite da terça, sua defesa entrou com pedido de prisão domiciliar. Ainda não há posicionamento dos juízes a respeito.
Cristina Kirchner, que governou a Argentina entre 2007 e 2015, foi condenada a seis anos de prisão e ficará inelegível pelo resto da vida.
Discurso
Após o anúncio da sua prisão, a ex-presidente fez um discurso para apoiadores que se aglomeraram em frente ao edifício em que ela reside, reafirmando que é alvo de uma perseguição política e que a sentença já estava escrita.
“Esta Argentina em que vivemos hoje nunca deixa de nos surpreender. Não se confundam. São três fantoches que respondem a líderes naturais muito acima deles”, disse, se referindo aos três juízes da Suprema Corte que rejeitaram o recurso de sua condenação.
Ela também criticou o governo de Javier Milei, dizendo que “o atual presidente está promovendo um desmonte em setores como economia e educação”.
“Podem me prender, mas as pessoas continuam recebendo salários miseráveis ou perdendo o emprego, as aposentadorias vão continuar insuficientes e não vão chegar ao fim do mês, e os remédios estão cada vez mais caros”.
Condenação
Cristina Kirchner foi condenada por favorecer o empresário Lázaro Báez, dono de uma empreiteira e amigo do casal Kirchner. Ele venceu 51 licitações para obras públicas, muitas delas, segundo o processo, superfaturadas e inacabadas.
Cristina e o marido Néstor Kirchner, que governou a Argentina entre 2003 e 2007 e faleceu em 2010, recebiam parte dos recursos públicos das obras, de acordo com a acusação.
A ex-presidente foi acusada de chefiar uma organização criminosa e de conduzir uma administração fraudulenta ao longo de 12 anos, período que inclui o governo de Néstor e os dois mandatos dela.
O esquema teria causado um prejuízo de US$ 1 bilhão aos cofres públicos.