

Ações foram cumpridas na manhã desta terça-feira; mala “entupida” de dinheiro foi encontrada durante a Operação Colapso – Foto: Polícia Federal/Divulgação/ND
Uma parceria entre facções estava por trás do esquema bilionário desmontado na Operação Colapso em Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. A ação, deflagrada pela Ficco (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado), ocorreu na terça-feira (10) e mirou a lavagem de R$ 1,4 bilhão do lucro com o tráfico de drogas.
Ao todo, foram expedidas mais de 80 ordens judiciais, que determinaram o bloqueio de R$ 1,4 bilhão vinculados a 25 empresas, além da prisão de 38 pessoas e 48 mandados de busca e apreensão. A ação foi a maior operação da PF em Santa Catarina neste ano.
O ND Mais apurou com outras fontes da investigação que a facção investigada se trata do PGC (Primeiro Grupo Catarinense), que estaria aliada com a facção gaúcha Manos. Um dos líderes do esquema seria um catarinense, preso na ala da facção gaúcha em um presídio do Rio Grande do Sul. Ele seria o elo de contato entre os grupos.
35 são presos, uma morte e duas fugas
Das 38 pessoas alvos da Operação Colapso, 35 foram presas, duas fugiram e uma morreu em confronto, informou a polícia. De acordo com o delegado da PF, Nelson Napp, um dos suspeitos não estava em casa e, o segundo, soube que estava sendo procurado pelo pai e fugiu.
O homem que morreu estava em um dos locais alvos da Operação Colapso, um depósito localizado em São José que, conforme a polícia, era utilizado para armazenar a cocaína.
“Na Colônia Santana tinha esse foragido, alvo na operação, traficante e responsável pela guarda desse depósito. Ele usava documento falso, estava condenado a 20 anos de prisão por tráfico de drogas e roubo e estava foragido desde abril de 2024. Hoje ele partiu para enfrentamento para os policiais, que não tiveram outra alternativa se não revidar em legítima defesa, ele acabou morrendo”, afirmou o delegado da PF.
Dois líderes do esquema bilionário foram presos na terça. Um deles é um empresário responsável por uma empresa em Curitiba que era o destino do dinheiro lavado do tráfico. O segundo é um catarinense já preso no Rio Grande do Sul, de onde coordenava todo o esquema de tráfico de dentro da prisão.
Operação Colapso encontra laboratório em SC que turbinava cocaína para o tráfico
Um sítio que abrigava um laboratório do tráfico foi encontrado pela Ficco em Santo Amaro da Imperatriz, na Grande Florianópolis. Conforme a investigação, o laboratório secreto “turbinava” a cocaína para a venda.
Segundo o delegado da PF, Nelson Napp, que coordena a Ficco, a droga era vendida em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, enquanto o dinheiro era lavado também no estado catarinense e em São Paulo e no Paraná.
Imagens mostram o laboratório onde a cocaína tinha outras substâncias acrescentadas na composição para ganhar mais volume e ser vendida.
Operação Colapso encontrou laboratório que turbinava cocaína para que ela fosse vendida – Vídeo: PF/Divulgação/ND
Criminosos mexiam na cocaína para que ela aumentasse de tamanho para a venda – Vídeo: PF/Divulgação/ND
Como R$ 1,4 bilhão de tráfico era lavado por facções
A Operação Colapso identificou que o dinheiro da venda das drogas era lavado inicialmente por uma série de empresas fantasmas, cujos alvos foram identificados nesta segunda-feira. Todo o montante lavado era uma empresa de tecnologia em Curitiba
“Um desses alvos, um empresário, estava em Curitiba, o principal lugar onde o dinheiro era lavado. Lá existia a empresa beneficiária de todos os valores, uma camada superior da lavagem. Todo o dinheiro em espécie, os valores de contas de passagem, tanto pessoa física como jurídica, eram enviados para essa empresa sediada em Curitiba, que seria uma espécie de destino”, detalha o delegado.
Em São Paulo, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina também foram identificados locais onde o dinheiro do tráfico era lavado antes de ser enviado para a empresa no Paraná.
Responsável por depósito de drogas morre em confronto, diz polícia
A Operação Colapso é resultado de uma investigação que iniciou em setembro de 2024, após a identificação de movimentações suspeitas de veículos em rodovias catarinenses. “Foram realizadas diversas apreensões, que somaram 491 quilos de cocaína e R$ 623 mil em espécie. Além disso, dez pessoas foram presas em flagrante”.
Entre as cidades onde estavam os alvos da operação Colapso, estão: Florianópolis, São José, Palhoça, Criciúma, Lauro Müller, Araranguá, todas em SC, além de Porto Alegre (RS), Curitiba (PR) e São Paulo (SP).
A Ficco é uma força-tarefa composta atualmente pela Polícia Federal, Polícia Civil e Polícia Penal de Santa Catarina, atuando de forma integrada no enfrentamento ao crime organizado.