
Já era fim da tarde quando o ex-ministro da Defesa começou a ser ouvido no STF no julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado. Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, pede desculpas por ter criticado o TSE
No fim da tarde, o ministro Alexandre de Moraes ouviu o ex-ministro da Defesa do governo Bolsonaro Paulo Sérgio Nogueira.
A primeira pergunta do ministro Alexandre de Moraes foi sobre a reunião ministerial em julho de 2022. O ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, fez críticas ao trabalho do TSE e falou que a comissão eleitoral era “para inglês ver”. Questionado, ele pediu desculpas pelas falas:
“Queria me desculpar publicamente por ter feito essas colocações naquele dia. Na verdade, foram palavras mal colocadas. Chamar o… Dar a entender de chamar o TSE de inimigo, isso jamais, em tempo algum. E depois as coisas melhoraram sensivelmente, o senhor sabe também porque. E foram inúmeras ações que, a posteriori, foram efetivadas com as Forças Armadas”.
Moraes também perguntou do relatório das Forças Armadas sobre as urnas eletrônicas. Ele negou que tenha sido pressionado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro a retardar a divulgação:
“Eu não despachei esse relatório com ninguém. O relatório era da comissão. Então já faço essa correção: é um equívoco, não houve reunião, nem eu levei o relatório para o presidente assinar. E já adianto também: muito menos o Presidente da República jamais me pressionou, seja para mandar relatório só para o segundo turno, seja para alterar o relatório, que é o que mais me deixa de cabeça quente é saber pela denúncia, pelo inquérito, e tudo mais, que eu havia alterado esse relatório”.
O general da reserva também falou sobre a reunião com os comandantes das Forças Armadas com Jair Bolsonaro no dia 7 de dezembro de 2022, quando, segundo a PGR, teriam discutido a minuta do golpe. Paulo Sérgio disse que todos saíram da reunião preocupadíssimos e que depois alertou o ex-presidente sobre a gravidade de decretação de medidas de exceção após a vitória de Lula nas eleições.
Paulo Sérgio: Depois que terminou a reunião, eu cheguei ao presidente, eu pessoalmente, eu acho que o Freire Gomes estava do meu lado.
Alexandre de Moraes: No mesmo dia?
Paulo Sérgio: No mesmo dia. Alertando da seriedade, da gravidade. Se ele tivesse pensando em Estado de Defesa, Estado de Sítio… A gente conversando ali, em uma tempestade de ideias, as consequências de uma ação futura que eu imaginava que poderia acontecer se a evolução realmente das coisas fosse em frente. Saímos dali preocupadíssimos.
Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, pede desculpas por ter criticado o TSE
Jornal Nacional/ Reprodução
Em seguida, o ministro Alexandre de Moraes perguntou sobre uma outra reunião, do dia 14 de dezembro, onde o ex-ministro da Defesa teria apresentado um novo texto da minuta do decreto de golpe para os comandantes militares. Mas ele negou que tenha feito isso:
“Eu nunca tratei de minuta de golpe com meus três comandantes”.
O ex-ministro da Defesa também disse que teve acesso aos considerandos da minuta do golpe apenas uma vez: na reunião do dia 7 de dezembro com Bolsonaro.
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