

Interrogatório de Bolsonaro acontece nesta terça-feira – Foto: Antonio Augusto/STF
Jair Bolsonaro (PL) negou, nesta terça-feira (10), ter articulado uma tentativa de golpe de Estado, mas admitiu ter buscado alternativas constitucionais para “atingir o objetivo que não foi alcançado no TSE”. A declaração foi dada durante interrogatório da ação penal de tentativa de golpe de Estado.
“Isso foi descartado já na segunda reunião”, disse.
Além disso, o ex-presidente negou ter “enxugado” a minuta do golpe, como afirmou seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid. “Não procede o enxugamento. Tinha os considerandos”, afirmou Bolsonaro, sobre o conteúdo do documento. Segundo ele, a minuta foi apenas “colocada em uma tela de televisão” e exibida rapidamente, com alguns trechos como “considerandos”.
Acompanhe o interrogatório de Bolsonaro:
Lisura das urnas
Durante o interrogatório de Bolsonaro, ele tentou justificar suas declarações sobre as urnas eletrônicas. Ele afirmou que suas críticas faziam parte de um debate legítimo e dentro da lei – e não de um plano para romper com a democracia.
Bolsonaro também tentou justificar declarações sobre as urnas eletrônicas como parte de um histórico de críticas “dentro da legalidade” e não como um plano de ruptura institucional. Segundo ele, as dúvidas sobre as eleições não eram infundadas, mas sim alimentadas por manifestações legítimas.

Interrogatório de Bolsonaro: ex-presidente justificou declarações sobre urnas eletrônicas – Foto: Ton Molina/STF/ND
“As críticas eram públicas. Mas nunca falei em fraude de forma leviana. Sempre defendi que o sistema deveria ter mais transparência.”
Moraes interrompeu os argumentos relacionados às urnas eletrônicas e “deu uma bronca” no ex-presidente, afirmando que o inquérito em curso não trata de supostas vulnerabilidades do sistema eleitoral, mas sim da tentativa de golpe de Estado após o resultado das eleições de 2022.
‘Não houve pressão’
Bolsonaro negou ter feito pressões sobre o então ministro da Defesa Paulo Sérgio para a produção de um relatório sobre a lisura do sistema eleitoral. “Jamais pressionei seja o ministro que for”, declarou. “Não houve pressão em cima dele para fazer isso ou aquilo. O relatório dele contou com meu acordo.”
Na segunda-feira (9), durante o interrogatório, o delator do caso, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid fez uma análise diferente. Ele considerou que Bolsonaro queria um documento “duro” contra as urnas.

Interrogatório de Bolsonaro: ex-presidente negou pressão a aliados – Foto: Ton Molina/STF/ND
“Essa pressão realmente existia. O general tinha uma conclusão para um lado mais técnico. E se tinha a tendência de fazer algo voltado mais para o lado político. Chegou-se a um meio termo”, disse.
Bolsonaro também disse que tratou com militares apenas de medidas dentro da Constituição. E reafirmou nunca ter tratado de golpe. “Da minha parte, ou da parte dos comandantes militares, nunca se falou em golpe. Golpe é uma coisa abominável”, setenciou.
“O golpe até seria fácil de começar. O day after [dia seguinte] é que seria imprevisível e danoso para todo mundo. O Brasil não poderia passar por uma experiência dessas”, analisou Bolsonaro.
*Com informações de R7.