

Thiago Ávila e outros 11 ativistas da Flotilha da Liberdade foram deportados por Israel – Foto: @IsraelMFA/X/ND
O ativista Thiago Ávila já chegou ao aeroporto de Tel Aviv, em Israel, e deve retornar ao Brasil. A informação foi confirmada na noite de segunda-feira (9) pelo Itamaraty, após o brasileiro ser detido por forças israelenses enquanto tentava levar ajuda humanitária a Gaza no barco de Greta Thunberg.
A Secretária-Geral do Ministério das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, também assegurou a presença de funcionários da embaixada brasileira no aeroporto “para garantir que o brasileiro receba tratamento digno e tenha seus direitos observados”.
A diplomata recebeu Lara Souza, esposa de Thiago Ávila, na segunda-feira. A família perdeu contato com o ativista na noite de domingo (8), quando a embarcação da coalizão internacional Flotilha da Liberdade foi interceptada por Israel.
“Ele vai ser interrogado agora e não temos mais notícias do que acontecerá depois”, disse Lara Souza nas redes sociais, após a reunião com o Itamaraty.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel publicou na tarde de segunda-feira fotos da sueca Greta Thunberg e do brasileiro Thiago Ávila no porto de Ashdod, anunciando que os 12 ativistas detidos passariam por exames médicos.
Em seguida, foram levados a uma unidade de detenção e ouvidos por um juiz, que deu início ao processo de deportação.
“Aqueles que se recusarem a assinar os documentos de deportação e deixar Israel serão levados perante uma autoridade judicial, conforme a lei israelense, para autorizar sua deportação”, afirmou o Ministério.
As autoridades israelenses também publicaram fotos da ativista Greta Thunberg a bordo de um voo com destino à França, na manhã desta segunda-feira.
Por que Thiago Ávila e Greta Thunberg foram detidos por Israel?
O barco de Greta Thunberg e outros 11 ativistas levava suprimentos para a população da Faixa de Gaza, na Palestina. A embarcação foi interceptada por forças israelenses em águas internacionais, o que fere o princípio de liberdade de navegação.
“Essa captura é uma violação flagrante do direito internacional e um desafio direto às ordens vinculantes da Corte Internacional de Justiça que exigem acesso humanitário irrestrito a Gaza”, argumenta Huwaida Arraf, advogada de direitos humanos e organizadora da Flotilha da Liberdade.
“Esses voluntários não são sujeitos à jurisdição israelense e não podem ser criminalizados pela entrega de ajuda humanitária ou ao desafio a um bloquei ilegal. Suas detenções são arbitrárias, ilegais e devem ser revertidas imediatamente”, completa.
Thiago Ávila, de 38 anos, era o único brasileiro na expedição que partiu da Sicília, na Itália, em 1º de junho. O ativista nascido em Brasília defende os direitos humanos e climáticos, além de se engajar na causa palestina há anos.
Ele gravou vídeos durante o cerco israelense, momentos antes de perder o contato com o mundo exterior. O barco foi cercado por drones, que despejaram um líquido branco, antes de ser invadido pelo Exército de Israel.
“Estamos sendo cercados pelos barcos. Isso é uma interceptação. Um crime de guerra está acontecendo agora mesmo. Eles não esperam o levante global que virá”, relatou Thiago Ávila.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil pediu a libertação dos 12 ativistas na segunda-feira: “Ao recordar o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais, o Brasil insta o governo israelense a libertar os tripulantes detidos”.
“Sublinha, ademais, a necessidade de que Israel remova imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em território palestino, de acordo com suas obrigações como potência ocupante”, destacou o Itamaraty, em nota.
Outro navio da coalizão Flotilha da Liberdade foi atacado em maio por dois drones em águas internacionais, enquanto tentava furar o bloqueio de Israel para chegar à Palestina.
Em 2010, uma iniciativa semelhante terminou com nove ativistas mortos por forças israelenses que invadiram uma embarcação da flotilha que levava ajuda humanitária e materiais de construção para a Faixa de Gaza.