‘Pílulas de cocô’ são a nova aposta da ciência contra superbactérias mortais do intestino

“Pílulas de cocô” podem restaurar o equilíbrio da flora intestinal e combater infecções resistentes – Foto: Canva/Divulgação/ND

Uma nova técnica médica testada no Reino Unido promete reduzir infecções perigosas causadas por superbactérias no intestino. São as cápsulas conhecidas como “pílulas de cocô”, comprimidos contendo bactérias benéficas extraídas de fezes humanas tratadas.

A proposta surge diante de um alerta global: a resistência bacteriana a antibióticos pode causar mais de 39 milhões de mortes até 2050, segundo projeções científicas. A ideia central do tratamento é eliminar microrganismos nocivos e repovoar o intestino com bactérias saudáveis.

‘Pílulas de cocô’ contêm bactérias benéficas e são testadas como alternativa para pacientes com infecções resistentes

Nos hospitais St. Guy’s e St. Thomas, em Londres, o médico Dr. Blair Merrick lidera os testes da nova abordagem. Segundo ele, o foco nos intestinos se justifica. “Eles são o maior reservatório de resistência a antibióticos no corpo humano”, afirmou à BBC.

Médico aponta que intestinos são foco das bactérias – Foto: Reprodução/Freepik/ND

Atualmente, técnicas de transplante fecal já são usadas para tratar infecções causadas pela bactéria Clostridium difficile. Com base nesses resultados, pesquisadores passaram a estudar o uso de cápsulas fecais como forma de combater outras infecções resistentes.

Em um estudo publicado no Journal of Infection, 41 pacientes com infecções por superbactérias receberam o novo tratamento. As fezes doadas passaram por um rigoroso processo de triagem para garantir a ausência de agentes patogênicos, foram desidratadas, transformadas em pó e encapsuladas.

"Pílulas de cocô" usam técnica para combater superbactérias

“Pílulas de cocô” usam técnica para combater superbactérias – Foto: Myriam Zilles/Unsplash

Após um mês, exames mostraram que as bactérias benéficas estavam ativas na flora intestinal dos pacientes. Dr. Merrick ressaltou a importância de mudar a percepção sobre os microrganismos. “Nem todas as bactérias ou vírus fazem mal. Alguns podem ser aliados valiosos na medicina”, finaliza.

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