

De cripta a órgão de tubos: as igrejas mais antigas de Joinville e o que elas escondem – Foto: Reprodução/Igreja da Paz/Catedral São Francisco Xavier
Diversos símbolos fazem de um local um templo religioso. Sinos, torres, vitrais… Mas alguns elementos, que estão escondidos aos olhos dos fiéis, chamam ainda mais atenção por serem singulares e, até mesmo, excêntricos. As igrejas mais antigas de Joinville, cidade do Norte catarinense, também guardam segredos em suas estruturas.
Como uma cripta escondida abaixo da Catedral São Francisco Xavier, no Centro do município, ou até mesmo um órgão de tubos da Igreja da Paz, que foi construído em 1991 pela Oficina e Organaria Alemã Friedrich Wiegle.
Igrejas mais antigas de Joinville e seus segredos
A Catedral São Francisco Xavier e a Igreja da Paz são as igrejas mais antigas de Joinville. As duas guardam diversas histórias e simbolismos do catolicismo e luteranismo no Brasil.
Catedral São Francisco Xavier
A Catedral São Francisco Xavier foi a primeira igreja católica a ser construída em Joinville. Fundada em 1867, a estrutura original do templo era menor e mais simples.
Comandada pelo primeiro vigário da cidade, o padre Carlos Boergshausen, o local passou por diversas transformações até ser reinaugurado em 1977. Com suas famosas cúpulas no formato de conchas e vitrais coloridos, o templo foi erguido ao redor da antiga estrutura.
Desde então, a edificação guarda uma sala “misteriosa” abaixo do altar da catedral. Lá são enterradas e honradas histórias de diversas personalidades católicas.
Cripta na Catedral São Francisco Xavier
Pouco visitada, a cripta da Catedral São Francisco Xavier guarda a memória da Igreja Católica na cidade. De acordo com a Arquidiocese de Joinville, as obras do local foram iniciadas em 1943, porém foram paradas em 1944 por causa da guerra e dificuldades financeiras da época. Os trabalhos foram retomados em 1957.
Atualmente, existem aproximadamente 1.200 lóculos na cripta – 140 deles já estão reservados. Até o momento, 37 pessoas foram sepultadas no local, como os bispos Dom Irineu e Dom Gregório, e os padres Luiz Facchini e Monsenhor Sebastião Scarzello.
Na cripta ainda há 12 espaços para corpos de bispos e alguns padres transitórios. Na nova revitalização da catedral, que ocorre até 2027, serão criados mais 340 lóculos.
Para o pároco da catedral, padre Adenir José Ronchi, a cripta é um espaço de profundo valor histórico, religioso e cultural. “Do ponto de vista religioso, a cripta representa um lugar sagrado de recolhimento e oração. Ela abriga os restos mortais de líderes religiosos que desempenharam papéis fundamentais na formação espiritual e no crescimento da Igreja Católica na região”, afirma.
Já cultural e historicamente, o padre afirma que a cripta representa um elo entre o passado e o presente. “Ela guarda parte da história da cidade de Joinville, refletindo as transformações religiosas e sociais que ocorreram desde a fundação da catedral. Além disso, o espaço preserva a arquitetura e os detalhes que ajudam a contar a trajetória do cristianismo na região, sendo um ponto de interesse também para pesquisadores, estudantes e turistas.”
A comunidade pode conhecer a cripta, é preciso apenas informar a secretaria da catedral para que a visita seja organizada.
Igreja da Paz
Já o primeiro templo luterano de Joinville, a Igreja da Paz foi fundada em 1864, três anos antes da catedral. Para a construção da paróquia foram utilizados granito e quartzo retirados de uma pedreira.
Sino da Igreja da Paz
Em 1890, foram adquiridos três sinos para a igreja, que vieram de Bochum, na Alemanha. Em 1892, a torre foi levantada com vinte e sete metros. Em 18 de dezembro do mesmo ano, uma grande festa foi realizada para a inauguração da torre com os sinos, que hoje é um dos maiores marcos históricos da cidade e referência no Centro de Joinville.
Órgão de tubos da Igreja da Paz
Já o órgão de tubos chegou ao templo em 1911. O instrumento foi construído pela Oficina e Organaria Alemã Friedrich Wiegle e contava com dois manuais (duas fileiras de teclados sobrepostas), dezenove registros e um total de 579 tubos – além de uma organola, que permite a execução mecânica de obras musicais a partir de rolos de papel perfurado, confeccionados para este fim.
Ao longo dos anos, o órgão foi desativado. Em 2008, porém, passou por um minucioso processo de restauração e foi novamente entregue à comunidade em concerto no dia 1º de agosto.