
Um ex-policial do Bope virou treinador de chefes do tráfico no Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Civil, Ronny Pessanha de Oliveira, de 33 anos, oferecia sessões de treinamento que custavam entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil por hora.
As aulas combinavam exercícios físicos com prática de tiro e eram feitas para preparar integrantes do Comando Vermelho para disputas de território contra milícias e facções rivais.
Ronny, conhecido como “Neguinho do Bope” ou “Caveira”, foi preso em março deste ano em uma abordagem do 31º BPM, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Ele dirigia uma Mercedes avaliada em cerca de R$ 220 mil e carregava uma arma ilegal e uma identidade falsa de policial militar.
Investigações da Delegacia de Roubos e Furtos revelam que ele começou no crime ao atuar com milicianos em extorsões e grilagem de terras em comunidades como Rio das Pedras e Muzema.
Depois, migrou para o tráfico e passou a treinar nomes importantes da facção, como William Guedes, o “Corolla”, e Manoel Cinquine, o “Paulista”, líder no Complexo da Penha.
Em áudios obtidos pela polícia e divulgados pelo RJ2, Ronny relata o cansaço após treinar Corolla: “Hoje fui na casa do Corolla. Cheguei lá em cima do morro morto. Isso não pode acontecer, não. Vai que preciso incursionar, fazer algum bagulho, eu vou morrer. Sou referência nessa questão de combate”, disse ele.
Apesar de já ter sido preso antes por porte ilegal de arma e pagar fiança de R$ 8 mil para ser liberado, desta vez o caso está ligado a uma investigação maior, a Operação Contenção, que busca desmontar quadrilhas armadas na Zona Oeste.
O ex-Bope chegou a atuar em batalhões como o 9º BPM (Rocha Miranda), o 41º BPM (Irajá) e no próprio Bope, a elite da PM fluminense. Foi expulso da corporação em setembro de 2023.
O Ministério Público aponta Ronny como aliado de milicianos influentes e também responsável por organizar eventos em favelas dominadas pelo grupo criminoso. Ele ainda é investigado como um dos donos de prédios ilegais demolidos na Muzema em 2021.