

Setor industrial no Sul de SC apresenta um avanço tímido com relação ao estado – Foto: Canva/ND
Enquanto Santa Catarina apresentou crescimento de 8,5% na produção industrial em relação ao mesmo período do ano passado, o Sul do estado registrou um avanço tímido e ficou abaixo da média estadual. O presidente da Acic (Associação Empresarial de Criciúma), Franke Hobold, vê com preocupação os dados levantados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), entretanto projeta um cenário positivo para o futuro do setor industrial da região.
Hobold assumiu a associação em março deste ano e tem dado sequência ao trabalho do antecessor Valcir José Zanette, sobretudo por bandeiras como infraestrutura, saúde e educação. No caso da indústria, ele tem um diagnóstico do que provocou o crescimento menor em relação a Santa Catarina. Problemas enfrentados pelo setor cerâmico estão entre as causas.
“Tivemos aqui uma redução em Criciúma do movimento econômico das cerâmicas, então houve uma migração da produção cerâmica para outras regiões por questões econômicas, e isso, logicamente, afeta a economia da nossa região. Ninguém pode esconder que realmente ocorreu isso em relação a custos, em relação à questão logística. O mercado consumidor maior está fora daqui e os custos em Santa Catarina são maiores para produzir do que outras regiões do país”, avaliou.
Em números do ano passado, a geração de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) cresceu 14,5% em Santa Catarina na comparação com 2023. No Sul, a alta foi de 7,9%, enquanto Criciúma registrou 6,3%.
“Houve uma redução do movimento econômico das cerâmicas na nossa região. Daqui a pouco a gente busca alternativas em outros setores para resolver isso e também criamos alternativas. Logicamente que a cerâmica não vai desaparecer daqui da região, ainda é o maior movimento econômico de Criciúma, mas, logicamente, foi afetado”, argumentou.

Franke Hobold e demais membros da diretoria tomaram posse em março deste ano – Foto: Divulgação/Acic
Alternativas para o setor industrial
O presidente da Acic explica que é necessário criar alternativas para acelerar o crescimento do setor industrial como um todo. Ele sustenta que o crescimento tímido não significa que o desempenho tenha sido desfavorável.
“A nossa região cresce de uma forma um pouco mais tímida que o Estado de Santa Catarina, mas tem crescido. Se olharmos o cenário a nível nacional, nós, aqui em Santa Catarina, estamos privilegiados na questão econômica e na questão do crescimento. Podia crescer mais, mas agora temos que criar alternativas e isso não depende somente das empresas, mas também do poder público e a gente vê o poder público mobilizado para isso”, defendeu.
Diversidade do setor industrial é alento para o futuro

Setor carbonífero é um dos propulsores da economia no Sul de SC – Foto: Divulgação/Carbonífera Metropolitana/ND
Ainda que o cenário seja desafiador, Hobold confia que a região Sul possui potencial para superar os números apresentados neste ano. Um dos pontos cruciais para isso, na visão do presidente da Acic, está na diversidade apresentada pelo polo industrial de Criciúma e região.
Cerâmicas, carboníferas, indústria plástica e têxtil e o setor metalmecânico são exemplos de atividades que sustentam a região com geração de emprego e renda. “Eu consigo ver um cenário positivo no futuro. Os estudos mostram isso. O pessoal busca também qualidade de vida. Nossa região é um polo de saúde, é um polo na área de educação, principalmente educação superior, e isso tudo se chama qualidade de vida. As pessoas se interessam em viver em cidades que têm boa qualidade de vida”, justificou.

Qualificação da mão de obra está entre os desafios do setor industrial no Sul de SC – Foto: Marco Favero/SECOM
Entre os objetivos da gestão de Hobold está o de fomentar a qualificação da mão de obra. Este é um dos gargalos identificados pela Acic e que tem sido tema de pauta entre gestores da entidade e lideranças governamentais.
“Se a gente olhar, temos ofertas de escolas técnicas na nossa região. E, às vezes, não existe uma motivação para que as pessoas se qualifiquem. A gente tem debatido bastante sobre esse tema, mas nós não chegamos ainda a uma conclusão definitiva de como trabalhar mais isso. É muito prematuro falar qualquer coisa, pois ainda estamos discutindo e vendo de que forma nós vamos trabalhar junto com o poder público e escolas técnicas”, disse.
O crescimento de 8,5% na produção industrial catarinense o coloca com a maior elevação entre os estados pesquisados pelo IBGE e acima da média nacional, que fechou em 1,9%.