
Contaminação é restrita a pessoas que tiveram contato com aves infectadas, vivas ou mortas, e não ocorre por meio do consumo de frango ou ovos. Mas possíveis mutações preocupam OMS. Gripe aviária é provocada por uma variedade do vírus Influenza (H5N1) hospedada por aves, mas que pode infectar diversos mamíferos.
Thais Passos/PMP/Divulgação
O governo brasileiro confirmou nesta quinta-feira (15/05) a detecção do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial.
O caso ocorreu no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, e medidas de contenção e erradicação do foco já foram iniciadas, afirmou o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em uma nota.
O governo está comunicando a detecção à Organização Mundial de Saúde Animal e aos parceiros comerciais do Brasil, que é o maior exportador de frango do mundo.
Gripe aviária: entenda se é possível se contaminar comendo carne de frango
Surtos de gripe aviária provocam dois tipos de preocupação: econômica – pois o setor agropecuário pode ser obrigado a sacrificar animais em larga escala e ter exportações bloqueadas para diversos países por motivos sanitários – e de saúde pública.
Quais são os riscos da gripe aviária para seres humanos?
Consumo de frango e ovos: sem evidências
A gripe aviária é provocada por uma variedade do vírus Influenza (H5N1) hospedada por aves, mas que pode infectar diversos mamíferos.
No momento, não há evidências que sugiram que humanos possam ser infectados por ovos crus ou produtos contendo carne de aves infectadas.
Mas foi comprovado que os ovos de animais infectados podem conter o vírus tanto na casca quanto na clara e na gema. Por isso, por precaução, o Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, que enfrenta um surto de gripe aviária desde 2022, recomenda que as pessoas cozinhem a carne de frango e os ovos antes de consumi-los.
O CDC cita que o consumo de produtos originários de aves, como sangue, pode ter sido a origem de alguns casos de contaminação por gripe aviária entre seres humanos no Sudeste Asiático.
Convívio com aves contaminadas: perigoso
A contaminação da gripe aviária em humanos é restrita a pessoas que têm contato com aves infectadas, vivas ou mortas, como tratadores ou profissionais do setor. Nesses casos, a letalidade é alta, de cerca de metade dos casos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em aproximadamente duas décadas, o vírus infectou cerca de 950 pessoas, causando a morte de cerca de 460.
A OMS divulgou nesta sexta-feira (16/05) que foram registrados no ano passado, em todo o mundo, 81 casos de gripe aviária, o número mais alto desde 2015. Os Estados Unidos registraram 66 infecções, e outras dez ocorreram no Camboja e duas no Vietnã. Austrália, China e Canadá reportaram cada um um caso de contágio.
Nas primeiras semanas de 2025, também foram registrados dois casos nos EUA – um deles letal – e um no Camboja, também letal, o que indica a necessidade de monitoramento e controle estrito, segundo a OMS.
Há preocupação especial com possíveis mutações do vírus. As infecções de aves para humanos estão em um momento de alta, e há o risco de que o vírus sofra alguma alteração que o torne capaz de se espalhar entre humanos por meio de espirro, tosse ou contato físico – o que aceleraria enormemente sua transmissão e poderia provocar uma nova pandemia.
“Cada transmissão entre animais para outros, ou para seres humanos, é uma oportunidade para que o vírus sofra mutações ou se combine com outros vírus da gripe”, alertou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“A OMS pede a todos os países que fortaleçam sua biossegurança em granjas, mediante testes e vigilância, e oferecendo equipamentos de proteção aos trabalhadores em risco”, afirmou.
Nos Estados Unidos, a gripe aviária foi registrada pela primeira em vacas leiteiras. Em abril de 2024, a FDA, órgão americano de vigilância sanitária, disse ter encontrado fragmentos do vírus em uma de cada cinco amostras de leite cru vendidas no país, e recomendou que os consumidores comprassem apenas leite pasteurizado, cujo processo destrói o patógeno.
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