

Moraes diz estar ‘magoado’ com pedidos de suspeição – Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou nesta terça-feira (6) que se sente “magoado” com a quantidade de pedidos de suspeição, ou seja, pedidos para que ele não participe do julgamento dos investigados pelos atos de 8 de janeiro.
De forma irônica, Moraes comentou que, enquanto o nome do ministro Luiz Fux apareceu nas investigações, ninguém pediu sua saída do caso. Já ele, Moraes, recebeu mais de 800 pedidos de suspeição.
“Primeiro, presidente, Vossa Excelência sabe que eu fico extremamente magoado, porque, quando surge, por exemplo, o nome do ministro Fux, ninguém pede a suspeição dele. Quando surge o meu nome, são 868 pedidos de suspeição. Então, na verdade, suspeito é quem está pedindo suspeição, impressionante”, disse Alexandre de Moraes, ministro do STF.
A declaração em tom de brincadeira foi feita durante a análise de um dos casos ligados à chamada “Abin paralela”, grupo suspeito de espionagem ilegal e disseminação de fake news.
Pedidos de suspeição a Moraes são comentados em sessão do julgamento
Moraes fez o comentário durante a manifestação da defesa de ex-integrante da “Abin paralela”. O advogado de Marcelo Bormevet, Hassan Magid, disse que a PF (Polícia Federal) havia encontrado mensagens de WhatsApp com referência a Fux. Ele foi interrompido pelo ministro Flávio Dino, que questionou sobre a trajetória de Bormevet na Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
Antes da resposta da defesa, Moraes fez um comentário sobre o episódio envolvendo Bormevet. Ele aproveitou a deixa para dizer que se sentia “magoado” pelo fato de ser alvo de vários pedidos de suspeição por parte de advogados pelo fato de seu nome aparecer nas investigações, enquanto ninguém havia pedido o impedimento de Fux mesmo com esta citação na investigação.

Moraes diz estar ‘magoado’ com pedidos de suspeição – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Bormevet é apontado como homem de confiança de Ramagem na Abin. Agente da PF, ele assumiu o Centro de Inteligência Nacional da Abin durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e teria atuado para produzir e difundir fake news sobre as eleições. As informações são do UOL.
A investigação identificou que Bormevet teria solicitado a outro funcionário da Abin que levantasse informações sobre a possível relação do ministro Fux e de Luis Roberto Barroso com a empresa Positivo, que produz as urnas eletrônicas.
O próprio Fux minimizou o episódio na sessão de hoje. Ele classificou a troca de mensagens como “bisbilhotagem ridícula” e disse que a notícia falsa que teria chamado a atenção dos investigados tinha relação com uma decisão dele no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e que a eventual relação buscada pelos investigados não faria sentido.
O advogado negou o envolvimento dele nos atos de 8 de janeiro e apontou que não há elementos suficientes na denúncia para enquadrá-lo nos crimes.