

Justiça aceita denúncia por feminicídio após mulher ser brutalmente agredida pelo ex-companheiro – Foto: Arquivo Pessoal/ND
O caso da blumenauense Fernanda Isolani, de 45 anos, agredida brutalmente pelo ex-namorado em junho de 2024, ganhou um novo capítulo.
Após uma reanálise pelo MPSC (Ministério Público de Santa Catarina), a Justiça decidiu acrescentar na denúncia mais um crime. Além do estupro e agressão, o homem também está sendo acusado de tentativa de feminicídio.
De acordo com o advogado da vítima, Alexandro Roberto Maba, o julgamento ainda não tem data para ocorrer. “Após a apresentação da defesa, será marcada a audiência de instrução e julgamento, onde as partes e testemunhas serão ouvidas. Tanto eu, quanto Fernanda, ficamos satisfeitos com o aditamento e recebimento da denúncia”, explica Maba.
Justiça aceita denúncia por feminicídio e caso deve ir a júri popular
Conforme o advogado, diante do aditamento da inclusão do crime de tentativa de feminicídio, e sendo condenado pelos crimes, o homem pode pegar mais de 28 anos de prisão. O caso também deve ir ser julgado por júri popular.
“Todo crime cometido contra a vida, seja ele tentado ou consumado, obrigatoriamente deve ir para o júri popular. Por conta de lei 14.994/2024, que tornou o feminicídio um crime autônomo, em sendo condenado pelo conselho de sentença, o réu não pode recorrer em liberdade. Além do que, a nova lei, estabeleceu que o crime de feminicídio é um crime hediondo, com pena inicial de 20 a 40 anos de reclusão, não permitindo a liberdade condicional”, explica o advogado.
O caso
A agressão contra Fernanda completa um ano no próximo mês. A mulher foi agredida pelo ex-namorado às margens da BR-280, em São Francisco do Sul, no Norte de Santa Catarina.
Fernanda ficou internada por 12 dias e precisou passar por um procedimento de reconstrução do rosto. “Eu sei que vai ficar sequelas para minha vida, porque com o processo de envelhecimento, meu rosto vai mudar e eu tenho placas, eu tenho 12 parafusos no meu rosto”.
A vítima relatou que o homem não aceitava o fim do relacionamento, e que foram cerca de três tentativas de separação até o caso registrado em 9 junho de 2024. Fernanda disse ter vivido muitos abusos psicológicos do então parceiro, que evoluíram para comportamentos mais agressivos.
No final de semana em que os crimes foram registrados, Fernanda estava em viagem com o homem, que a levou para sua casa na Praia do Ervino, em São Francisco do Sul. Na residência, ela diz ter sofrido violência sexual, sendo segurada à cama.
Antes de pegar a estrada de volta para a casa, Fernanda conta ter sido agredida após ele perceber que ela tentava chamar a polícia. Apesar de resistente à ideia de entrar no carro novamente com o homem, ela diz que só pensava em voltar logo para sua residência em Blumenau.
No caminho, a mulher percebeu uma inquietação no acusado, que insistiu em conduzir o carro. Ela evitou olhar para ele durante o trajeto e, em certo momento, ao pegar as chaves de casa e seus objetos, percebeu que o carro havia sido estacionado.
“Eu não entendi nada. [Nesse momento] ele dá a volta por trás do carro, abre a minha porta e eu só olho para ele e digo ‘o que você vai fazer agora?’ e nisso, dali para frente, eu não lembro de mais nada”, contou Fernanda.
A mulher diz acreditar que o homem de fato queria matá-la, pois além de deixá-la desacordada, fugiu logo em seguida.