

Investigação aponta que ex-funcionária ligada à universidade desviou recursos ao longo de 11 anos – Foto: Unicamp/Divulgação/ND
A Fapesp (Fundação do Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) processou 34 pesquisadores do Instituto de Biologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em São Paulo, após constatar que R$ 5,3 milhões em recursos públicos haviam sido desviados.
Ainda que apenas uma ex-servidora da Funcamp (Fundação de Desenvolvimento da Unicamp) tenha sido apontada como responsável pelos desvios, a Fapesp entende que os demais pesquisadores foram negligentes ao falharem na monitoração do uso dos recursos. A principal suspeita está foragida na França desde o ano passado.
Fapesp descobriu desvios após analisar prestações de contas de projetos da Unicamp
As irregularidades vieram à tona em 2024, quando a Fapesp analisava a prestação de contas de um projeto financiado pela fundação. Ao verificar outros projetos passados, os analistas perceberam que as fraudes se repetiam há, pelo menos, 11 anos.
“Essas incongruências eram indicativas de desvios de recursos públicos concedidos pela Fapesp, praticados dolosamente por uma empregada do Escritório de Apoio vinculado à Funcamp/Unicamp, e ocorriam por meio de emissão e pagamento de notas fiscais fraudulentas emitidas por ua microempresa de sua titularidade, além de transferências bancárias para sua conta pessoal”, apontou a instituição.

Desvios ocorreram em projetos ligados ao Instituto de Biologia da Unicamp – Foto: Flickr/Reprodução/ND
Quem é a principal suspeita dos desvios, apontada pelo relatório da Fapesp
A fundação apontou que Ligiane Marinho de Ávila, demitida por justa causa em janeiro de 2024, é o nome para qual a maior parte dos recursos foram desviados. O caso é investigado desde 2023 pelo 7º Distrito Policial de Campinas, que indiciou a ex-funcionária por peculato. O inquérito foi encaminhado à Justiça em agosto de 2024, mas ainda não houve decisão sobre o acolhimento da denúncia.
Conforme a investigação, R$ 5 milhões foram diretamente para a conta de Ligiane, enquanto outros R$ 300 mil foram para outras três pessoas jurídicas.
Segundo a Folha de S. Paulo, Ligiane deixou o Brasil em um voo com destino à França em fevereiro deste ano. Sua defesa afirmou que ela ainda não foi intimada, apesar de confirmar que houve denúncia.

Principal suspeita, Ligiane embarcou em um voo para a França em fevereiro deste ano e não retornou ao Brasil – Foto: Reprodução/ND
Fapesp acionou 34 pesquisadores para devolverem os recursos desviados
Embora os pesquisadores não tenham cometido os desvios, a Fapesp entende que eles devem ser responsabilizados por negligência, pois permitiram que a ex-funcionária tivesse acesso às contas bancárias dos projetos. A fundação já acionou a Justiça para eles devolverem os valores.
Das 34 ações ajuizadas, três já resultaram em condenações, totalizando cerca de R$ 318 mil. Outros dois pesquisadores optaram pelo ressarcimento administrativo, devolvendo R$ 38 mil.