Cidade de Belém no Pará, sede da COP 30 Amazônia – Foto: Rafa NeddermeyerCop30 Amazônia
Entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, quando vai ser a COP 30, representantes de quase 200 países, especialistas em meio ambiente e lideranças mundiais se reúnem em Belém, capital do Pará. O encontro global acontece três décadas após a primeira edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (Conferência das Partes).
Um passo importante para a cooperação entre os países no combate às mudanças climáticas aconteceu em solo brasileiro. Em 1992, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), organizada há 33 anos pela ONU no Rio de Janeiro, mais de 150 países assinaram a UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas).
O acordo internacional estabeleceu a base para a cooperação global contra as mudanças climáticas. Em vigor desde 1994, a COP (Conferência das Partes) ocorre anualmente e é o evento mais importante da ONU relacionado ao clima. A primeira edição da conferência ocorreu em 1995, na Alemanha.
Lula ofereceu Brasil como sede
No final de 2022, antes mesmo de tomar posse, o recém eleito presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, compareceu à COP 27, no Egito, como convidado especial. Na ocasião, comentou reforçou o compromisso de campanha do governo eleito em combater o desmatamento e diminuir a emissão de GEE (gases de efeito estufa).
Além disso, Lula afirmou que o Brasil se colocava novamente como um participante ativo nos fóruns multilaterais, principalmente no combate às mudanças climáticas. Assim, relembrou as conferências ECO-92 e Rio+20 sediadas no Brasil e anunciou que o país iria se candidatar para realizar a conferência em 2025, quando vai ser a COP 30.
De acordo com o sistema de rodízio de sedes da COP estabelecido pela ONU (Organização das Nações Unidos), a região a receber o evento em 2025, quando vai ser a COP 30, era a América Latina e Caribe. Assim, Lula buscou apoio dos países vizinhos e alinhou a proposta com o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB).
Em janeiro de 2023, logo após assumir o poder, o governo brasileiro enviou a candidatura de Belém ao Secretariado da UNFCCC como sede do evento para 2025, quando vai ser a COP 30. Após quatro meses, o presidente Lula anunciou que o comitê havia aprovado a candidatura de Belém e faltava apenas decidir quando vai ser a COP 30.
Brasil decide quando vai ser a COP 30
A data oficial de 10 a 21 de novembro de 2025, quando vai ser a COP 30, foi anunciada durante a sessão plenária da COP 28, em Dubai. Nessa ocasião, o Brasil foi formalmente confirmado como país-sede do evento, e a cidade de Belém foi oficialmente designada como anfitriã da conferência.
Apesar do Brasil ter autonomia para decidir quando vai ser a COP 30 junto à UNFCCC, é habitual que a COP ocorra durante o mês de novembro. Isso porque garante um período de um ano entre as edições para atualizar o cenário global, além de gerar uma previsibilidade para o calendário diplomático global. Esses foram os principais pontos para decidir quando vai ser a COP 30.
Desde o discurso no Egito, durante a COP 27, o presidente Lula reforça a importância da Amazônia e demais florestas tropicais para o combate às mudanças climáticas. Assim, nos meses seguintes, o governo passou a trabalhar para viabilizar a realização em Belém do maior evento sobre mudanças climáticas da ONU.
Brasil decide quando vai ser a COP 30, nos dias 10 a 21 de novembro de 2025, em Belém (PA) – Foto: Rafa Neddermeyer/Cop30 Amazônia
Problemas na infraestrutura
Um dos principais problemas enfrentados pelo governo para realizar o evento em Belém é a insuficiência de leitos. Neste ano, a própria UNFCCC pediu ao governo que combata a alta de preços dos aluguéis da região motivada pelo aumento da demanda em razão da COP 30.
No site oficial da da UNFCCC, há instruções sobre hospedagem, deslocamento e alimentação durante o evento. No entanto, a maioria das informações consta como à espera da organização e anúncio da presidência da COP 30, como é o caso da hospedagem e programação do evento, por exemplo.
Missão da ONU visita preparativos antes de novembro de 2025, quando vai ser a COP 30 – Foto: Isabela Castilho / COP30 Brasil
Brasil antecipa cúpula de chefes de Estado
Devido à sobrecarga prevista da rede hoteleira de Belém, o governo antecipou a realização da cúpula de chefes de Estado da COP 30 para o início de novembro, nos dias 6 e 7. A mudança no calendário foi anunciada pelo secretário extraordinário para a COP 30, Valter Correia, que é o responsável designado pelo governo para a organização do evento.
“A antecipação é uma decisão do Brasil. Isso nos dá tempo para uma reflexão mais aprofundada, sem a pressão da rede hoteleira ou da cidade, além de ajudar a organizar melhor a abertura oficial do evento”, explicou Correia.
Coletiva de imprensa do presidente da COP 30, André Corrêa do Lago – Foto: Rafa Neddermeyer/ COP30 Amazônia/PR
Após o anúncio de Belém como sede e os problemas de infraestrutura na região, o Rio de Janeiro chegou a ser cogitado como opção alternativa. No entanto, a vontade política de manter o evento na região amazônica prevaleceu e outras solução estão sendo implementadas para receber mais de 50 mil pessoas na cidade.
Apesar de não ocorrer simultaneamente às atividades oficiais, que ocorrerão entre 10 e 21 de novembro, quando vai ser a COP 30, a Cúpula dos Chefes de Estado faz parte do evento. A reunião estabelece o tom da conferência e permite aos países apresentarem seus compromissos nacionais com o combate às mudanças climáticas.
Além disso, a ocasião permite que políticos do alto escalão trabalhem agendas multilaterais, o que fomenta a cooperação global. Ainda que muitos discursos sejam protocolares durante a cerimônia, os acordos feitos em reuniões indicam caminhos para as negociações técnicas e ministeriais que seguem nos dias seguintes.
Acordo de Paris na COP 30
O ano de 2025, quando vai ser a COP 30, marca um momento decisivo do Acordo de Paris. Há cinco anos, os países enviaram os seus compromissos climáticos nacionais (NDCs, em inglês). Antes da COP 30, os signatários do tratado internacional contra as mudanças climáticas devem enviar uma atualização de suas metas de redução de gases de efeito estufa, um ponto central do Acordo de Paris. Até o momento, apenas 10% dos 196 países enviaram suas contribuições atualizadas.
Assim, a COP 30 será a primeira conferência após a entrega das novas NDCs. Portanto, a Cúpula de Chefes de Estado será o momento para os países apresentarem os avanços e defender suas novas metas rumo ao objetivo coletivo de manter o aquecimento da Terra bem abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais.
O tema deve permanecer central nas discussões técnicas e populares durante o intervalo de 10 a 21 de novembro, quando vai ser a COP 30. O Acordo de Paris é o tratado mais conhecido firmado em convenções da ONU sobre combate às mudanças climáticas.
Programação da COP 30
Até o momento, as autoridades ainda não publicaram um calendário oficial com as atividades da COP 30. No entanto, está estabelecida a antecipação da Cúpula dos Chefes de Estado para os dias 6 e 7 de novembro.
Esse será o primeiro momento da COP 30 para os países manifestarem quanto cada um está empenhado no objetivo comum de reduzir a emissão de gases de efeito estufa. A partir da estratégia e da manifestação da liderança dos países, as delegações apresentam as contribuições sobre o tema e buscam acordos para cumprir as próximas metas.
De 10 a 21 de novembro, quando vai ser a COP 30 oficialmente, ocorrerão duas fases distintas. No primeiro momento, de 10 a 15 de novembro, os debates devem ser técnicos. Com isso, as delegações técnicas dos países trocam informações e interesses sobre financiamento climático, metas de redução de emissões, adaptação e mitigação de eventos climáticos, entre outros.
A partir do dia 16 até o final do evento, as reuniões passam a ser focadas em encaminhar as negociações iniciadas na etapa anterior a nível técnico. Para isso, os ministros e representantes governamentais dos países participantes buscam consolidar acordos e decisões políticas.
Temas esperados na COP 30
Embora a agenda específica ainda não tenha sido publicada, alguns temas são esperados para pautar as discussões. A escolha de Belém indica que a Amazônia será um símbolo para o governo brasileiro na luta contra o desmatamento. Nesse sentido, a justiça climática será um tópico em discussão.
Outro ponto que motivou a realização da COP 30 em uma cidade da região amazônica é a proximidade com os povos originários. Esta conferência contará com iniciativas inéditas voltadas para os saberes das comunidades indígena, quilombola e ribeirinha.
Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, em curso de formação de lideranças indígenas para a COP 30 – Foto: Rafa Neddermeyer/COP30 Amazônia Brasil/PR
A transição energética de combustíveis fósseis para fontes renováveis também deve ser tema das reuniões multilaterais. Inclusive, há a expectativa pela apresentação de um modelo de embarcação movido a hidrogênio verde, fabricado no Brasil.
Diante dos desafios enfrentados neste ano, quando vai ser a COP 30, o financiamento climático deve estar na pauta das reuniões. Desde a COP 15, os países desenvolvidos se comprometeram a fazer repasses a um fundo global para auxiliar políticas de combate às mudanças climáticas em países em desenvolvimento. Essa é uma bandeira do presidente Lula desde a sua participação na COP 27, no Egito.
Outros setores também devem ter destaque nos fóruns da COP 30, como o turismo. As atividades do ramo ecoturismo cresceram no século 21 e, com a devida regulação ambiental, auxiliam a preservar áreas florestais.
O presidente da COP, André Correa de Lago, reforçou em sua carta de apresentação que 2025, quando vai ser a COP 30, é um ano crucial para mudar a trajetória de aquecimento do planeta Terra. O lema principal desta edição, segundo a carta de Lago, é reforçar o multilateralismo e renovar os compromissos com o meio ambiente.
