‘Alternativa de sobrevivência’, diz produtor de vassouras de garrafa pet no Amapá


Marinaldo Costa trabalha há 7 anos com produção de vassouras. O empreendimento também empregava mulheres em situação de rua e usuárias de drogas. No entanto, o local foi fechado por falta de recursos. Marinaldo trabalha há 7 anos com a produção de vassouras de garrafa pet
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Marinaldo Costa dos Santos, de 55 anos, viu nas garrafas pets descartadas uma nova forma de viver, ainda enquanto detento no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen). Após cumprimento de pena, o homem decidiu investir na produção de vassouras ecológicas como forma de levar a vida, há 7 anos, da forma que aprendeu ainda dentro do presídio.
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“Essa ideia de produzir as vassouras, ela veio criada dentro do sistema penitenciário Iapen, e lá eu conheci algumas pessoas e comecei a aprender a fazer […] precisava criar uma alternativa de sobrevivência […] Quando eu saí, eu não tive oportunidade de recomeçar a minha vida, porque aonde eu iria, geralmente havia aquele senso de discriminação e eu não conseguia me levantar. Então, como eu já sabia fazer as vassouras, eu comecei a catar alguns materiais”, disse.
Marinaldo trabalha há 7 anos com a produção de vassouras de garrafa pet
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O pequeno empreendedor se casou e decidiu que precisava aumentar a fonte de renda. Quando começou a bater de porta em porta, vendendo a unidade das vassouras.
“Fui levando a minha vida e percebendo que cada vez mais eu estava conseguindo complementar a renda dentro da casa que a gente morava”, completou.
Marinaldo disse que a produção se intensificou por perceber que poderia tirar seu sustento a partir da produção do material, além de poder resolver um problema que agrava o meio-ambiente, se tratando do descarte incorreto das garrafas no estado.
“Eu percebi, aqui no estado do Amapá que as pessoas jogam muito fora os resíduos, confundindo com lixo e eu comecei a trabalhar para confeccionar essas vassouras e daí tirar o meu próprio sustento”, disse.
Máquinas que operam na produção das vassouras são artesanais
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Empregabilidade de mulheres em situação de rua
Após o sucesso inicial do negócio, Marinaldo criou a marca de vassouras ‘Virtuosa’ e a associação ‘Mulher Virtuosa’, uma ONG sem fins lucrativos de produção de vassouras de garrafa pet, que ajudava mulheres usuárias drogas, funcionando como um centro de reabilitação.
“Quando nós abrimos o centro de reabilitação para a mulher, eu passei a me sustentar, confeccionando essas vassouras de garrafas pet junto com elas para que viéssemos nos alimentar e não ter que pedir na porta de ninguém. Esse foi o sentido de tudo. Eu vi nas garrafas pet um ouro”, contou o produtor.
No entanto, não era tão fácil lidar com o preconceito diário e discriminação, pois a equipe procurava por garrafas descartadas em diversas localidades.
“Sofri vários preconceitos, porque a nossa instituição é sem fins lucrativos. Então, eu trazia as mulheres da rua pra cá pra um tratamento. Quando não tinha entrado no Sebrae eu ia catar essas garrafas de porta em porta, então muitas vezes a gente estava em uma localidade de lixos jogados nas palafitas, nas ruas, e as pessoas quando saíam dos seus lares já discriminavam pelo fato de eu estar pegando aquelas garrafas”, explicou o empreendedor.
Marinaldo catava garrafas pets das ruas para o trabalho
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Atualmente o empreendimento de Marinaldo não emprega mais mulheres em vulnerabilidade social, devido à falta de recursos financeiros para mantê-las no local com alimentação adequada.
“Nós estamos fechados por falta de condições financeiras e sustento alimentar. Quando elas estavam aqui elas me ajudavam a lavar as garrafas e confeccionar […] A grande expectativa é que algum empresário, governo ou prefeitura possa nos abraçar”, disse Marinaldo em busca por ajuda.
Marinaldo relatou ainda que falta de recursos acaba interferindo diretamente na produção das vassouras, com os equipamentos.
“Todo o maquinário que chegar pra nós será para a produção do bem-estar dessas mulheres, até porque não cobramos uma mensalidade [….] É uma dificuldade os maquinários elétricos, tudo ainda é artesanal e como é artesanal você tem mais dificuldade da produção”, disse.
Material utilizado na produção das vassouras é completamente artesanal
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O pequeno empreendedor segue na produção das vassouras sozinho atualmente. No entanto, não cata mais o material pelas ruas após a criação dos pontos Ecopet. Além da contribuição do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), na doação de garrafas.
“Os ecopets que estão aqui na Norte-Sul, Polícia Federal, Justiça do Trabalho, Amprev também que nos ajuda, na realidade eu não cato mais essas garrafas na rua, o Sebrae também me traz garrafas”
Vassouras são confeccionadas manualmente por Marinaldo
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Movimentação na economia circular
O pequeno empreendedor atualmente vende as unidades no valor de R$ 10 e a dúzia sai no valor de R$ 120. Em grande quantidade, sua mão de obra é vendida para supermercados que ajudam a impulsionar as vendas.
“Hoje eu já tenho uma margem de venda para algumas produções e eu não tenho produzido porque é manual. O supermercado menino jesus compra por exemplo, compra as nossas vassouras para nos ajudar”, disse.
Vassouras produzidas pelo empreendedor são revendidas em supermercados
Thiago Nunes/Rede Amazônica
Marinaldo disse que o preço é baixo pois todo o material do produto é comprado no estado. Ainda assim, ele consegue obter uma margem de lucro para seu próprio sustento.
“Tudo é feito de forma artesanal, tudo foi encontrado no lixo e foi reaproveitado, mas existem as máquinas, elétricas, existe forma de algum colaborador nos ajudar com material como cabo, como taco, capa e prego que vai tá investindo no trabalho e vai tá ajudando vidas. Cada garrafa que chega aqui colabora para se tirar uma vida da rua, e quando se tira uma mulher da rua, se tira uma família da rua”, finalizou o empreendedor.
Material para a produção das vassouras de garrafa pet
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