
Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam que a federação União Progressista, formada por União Brasil e PP (Progressistas), não deve integrar a coligação que apoiará o atual governo nas eleições de 2026.
A avaliação é compartilhada por lideranças do Congresso e ministros do núcleo político do Planalto.
O diagnóstico tem provocado pressão pela saída de dois ministros filiados aos partidos da federação: André Fufuca (PP-MA), titular do Ministério do Esporte, e Celso Sabino (União Brasil-PA), atual ministro do Turismo.
A federação foi oficializada na última terça-feira (29) e tem duração mínima de quatro anos, conforme prevê a legislação eleitoral.
O novo bloco contará com 109 deputados federais (59 do União Brasil e 50 do PP) e 14 senadores (8 do União Brasil e 6 do PP), tornando-se a maior bancada da Câmara e empatando com PSD e PL no Senado. Além disso, os dois partidos somam 1.336 prefeituras e seis governos estaduais.
A formalização da federação aumentou a desconfiança no entorno de Lula sobre a permanência da União Progressista na base aliada.
Segundo integrantes do governo, há indicativos de que o grupo apoiará candidatura própria à Presidência ou se alinhará a uma chapa de oposição, com apoio ao nome escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ).
O nome do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), é apontado como provável cabeça de chapa da federação em 2026 ou como vice.
Redistribuição do cargo

A possível saída do grupo do campo governista levou lideranças petistas a sugerirem a redistribuição de pastas. O PSD é o principal cotado para assumir os ministérios do Esporte e do Turismo, desde que garanta apoio ao presidente Lula em 2026.
A sigla já controla os ministérios de Minas e Energia, Agricultura e Pesca e possui presença relevante no Senado.
O cientista político Marcelo Alves, ao Portal iG, avaliou que Lula precisa ajustar o governo à nova configuração política.
“O presidente tem uma situação complicada. Ele precisa pensar na composição do seu governo avaliando a eleição do ano que vem, mas não pode perder governabilidade. Como fazer esse cálculo é o desafio do governo”, comentou.
Apesar da pressão, dois nomes devem permanecer no governo: Frederico de Siqueira Filho (Comunicações) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), ambos ligados ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP), do União Brasil. “Manter nomes do Alcolumbre é importante pela governabilidade”, afirmou Marcelo Alves.
Nova federação

A União Progressista deverá apresentar estatuto e programa conjunto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até o fim do semestre. A direção da federação ficará a cargo de Antonio Rueda (União Brasil) e Ciro Nogueira (PP).
A atuação conjunta será obrigatória em votações no Congresso, campanhas eleitorais e distribuição de recursos do fundo partidário e do fundo eleitoral.
Com o novo arranjo, a federação ampliará seu tempo de televisão e terá maior influência na presidência de comissões estratégicas da Câmara e do Senado.
A articulação inclui o lançamento de Guilherme Derrite (PP), atual secretário de Segurança Pública de São Paulo, ao Senado em 2026, e a consolidação de Celso Sabino como liderança no Pará.
Embora União Brasil e PP tenham superado a cláusula de barreira em 2022, a federação garante maior estabilidade política e aumento da competitividade nos estados.
O bloco se apresenta como alternativa à polarização política, conforme registrado em documento interno da Executiva: “equilíbrio, responsabilidade e maturidade política”.
Dentro do Palácio do Planalto, o entendimento é que a formalização da União Progressista altera o cálculo eleitoral para 2026 e exige nova composição da Esplanada dos Ministérios. Não há, até o momento, prazo definido para as mudanças.