
O presidente Donald Trump reagiu rapidamente à divulgação da queda do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no primeiro trimestre de 2025. Para o mandatário norte-americano, a culpa da queda econômica é da gestão anterior de Joe Biden.
“Nosso país vai prosperar, mas precisamos nos livrar do ‘excesso’ de Biden“, escreveu Trump em uma publicação nas redes sociais, acrescentando que o fraco desempenho econômico “não tem nada a ver com tarifas” e pedindo paciência à população. “Isso vai levar um tempo, NÃO TEM NADA A VER COM TARIFAS, apenas que ele nos deixou com números ruins, mas quando o boom começar, será como nenhum outro. SEJAM PACIENTES!!!”, acrescentou Trump. De acordo com a CNN Internacional, as declarações de Trump foram feitas durante uma reunião de gabinete. “Isso é Biden, isso não é Trump”, afirmou o presidente em uma tentativa de afastar a responsabilidade pela desaceleração econômica.
Queda do PIB

O Departamento de Comércio dos EUA informou que o PIB recuou 0,3% no primeiro trimestre, uma queda acentuada em comparação ao crescimento de 2,4% registrado no final de 2024. De acordo com a CNN, quando as importações excedem as exportações, isso diminui o PIB, e esse foi de longe o maior entrave ao crescimento no primeiro trimestre. A diferença entre importações e exportações diminuiu o produto interno em números recordes desde 1947.
O número também ficou muito abaixo da expectativa dos analistas, que projetavam uma alta de 0,8%. O principal fator para a contração foi o aumento do déficit comercial, resultado da disparada nas importações, que cresceram 41,3%, enquanto as exportações subiram apenas 1,8%.
Os gastos do consumidor, que movimentam cerca de 70% da economia dos EUA, desaceleraram acentuadamente no primeiro trimestre, para uma taxa de 1,8%, uma queda considerável em relação aos 4% do trimestre anterior. Essa desaceleração se deveu em grande parte à redução dos gastos dos americanos com bens, e foi a taxa mais fraca desde meados de 2023.
Os gastos do governo também pesaram sobre a economia, com os desembolsos federais caindo de 4% para -5,1% no mesmo período. Especialistas apontam que as tarifas comerciais implementadas por Trump para pressionar a China contribuíram para a desestabilização do comércio e para o avanço da inflação, aumentando os riscos de uma recessão. Ainda assim, a Casa Branca tenta manter um discurso otimista.

Enquanto isso, as empresas aumentaram seus gastos, provavelmente para se antecipar a quaisquer aumentos de preços esperados decorrentes das tarifas de Trump. O investimento empresarial no primeiro trimestre cresceu a uma taxa de 9,8%, um aumento acentuado em relação aos -3% registrados no quarto trimestre. O investimento doméstico privado bruto (IPI) foi de 21,9% no período de janeiro a março, a maior taxa desde o final de 2021.
A secretária de imprensa de Trump, Karoline Leavitt, afirmou que “os números subjacentes mostram um forte impulso econômico” e que o presidente está “preparando o cenário para uma nova Era de Ouro”.
“Não é surpresa que os resquícios do desastre econômico de Biden tenham sido um entrave ao crescimento econômico, mas os números subjacentes contam a história real do forte impulso que o presidente Trump está proporcionando”, disse Leavitt, em um comunicado. Ainda de acordo com a CNN Internacional, o principal conselheiro comercial de Trump, Peter Navarro, também minimizou a queda do PIB, chamando o relatório de “a melhor impressão negativa que já vi”, destacando o crescimento de 9,8% nos investimentos empresariais, ainda que impulsionado pelo receio de tarifas futuras.
Ainda não está em recessão
Apesar da forte desaceleração do PIB no primeiro trimestre, especialistas afirmam que a economia americana ainda não entrou em recessão. Tecnicamente, uma recessão ocorre quando há uma contração ampla e persistente da atividade econômica, afetando o mercado de trabalho, os gastos dos consumidores, a produção industrial e os investimentos, por mais de alguns meses — o que não foi observado até agora. Embora os dados recentes mostrem sinais de enfraquecimento, como a queda nas contratações e o aumento das incertezas no mercado, o desemprego permanece relativamente baixo, em 4,2%, e as empresas seguem investindo. No entanto, analistas alertam que, caso as políticas tarifárias do presidente Trump persistam, o risco de uma crise mais grave pode crescer. O último levantamento da ADP mostrou que o setor privado criou apenas 62.000 empregos em abril, uma queda expressiva em relação aos 147.000 postos gerados em março, sinalizando possíveis dificuldades à frente. Mesmo assim, uma recessão técnica só seria declarada após dois trimestres consecutivos de queda do PIB, o que ainda não ocorreu.