
No último 22 turistas morreram em um ataque terrorista na região. Os alvos foram homens hindus. Território é reivindicado tanto por Índia quanto pelo Paquistão. Barco tradicional shikara nas águas do Lago Dal, com o santuário Hazratbal ao fundo, em Srinaga
Adnan Abidi/Reuters
Mais da metade dos destinos turísticos da região da Caxemira, na Índia, foram fechados ao público a partir desta terça-feira, de acordo com uma ordem do governo.
A medida tem como objetivo reforçar a segurança após o ataque do último dia 22 contra turistas na região.
Os agressores separaram os homens, perguntaram seus nomes e visaram os hindus antes de atirar à queima-roupa na área de Pahalgam, matando 26 pessoas, disseram autoridades e sobreviventes.
A Índia identificou os três agressores, incluindo dois cidadãos paquistaneses, como “terroristas” que estão promovendo uma revolta violenta na Caxemira, região de maioria muçulmana. O Paquistão negou qualquer participação e pediu uma investigação neutra.
A Índia, de maioria hindu, acusa o Paquistão islâmico de financiar e incentivar separatistas na Caxemira, região do Himalaia que ambas as nações reivindicam em sua totalidade — atualmente ela está dividida sob áreas de influência das duas nações e da China.
Islamabad afirma que apenas fornece apoio moral e diplomático à demanda da Caxemira por autodeterminação.
As tensões entre os vizinhos do sul da Ásia, que possuem armas nucleares, se intensificaram desde o ataque, e a Índia tem feito apelos para que sejam tomadas medidas contra o Paquistão.
Carta branca de Nova Déli
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, se reuniu com os chefes militares indianos nesta terça-feira (29) em sua residência, com o ministro da Defesa indiano e com o conselheiro de Segurança Nacional, informou uma fonte do governo à Reuters.
Segundo a fonte, Modi deu carta branca aos chefes militares para decidirem a resposta da Índia ao ataque em Pahalgam.
Nova Déli e Islamabad tomaram uma série de medidas uma contra a outra desde o ataque na Caxemira. A Índia suspendeu o Tratado das Águas do Indo — um importante pacto de compartilhamento hidrográfico. O Paquistão fechou seu espaço aéreo para as companhias aéreas indianas.
O governo do território indiano de Jammu e da Caxemira decidiu fechar 48 dos 87 destinos turísticos da Caxemira e reforçou a segurança nos demais, de acordo com um documento do governo analisado pela Reuters.
Não foi informado o prazo para os fechamentos. Autoridades não responderam imediatamente a pedidos de comentários.
Aninhada no Himalaia, com picos elevados, vales pitorescos e grandes jardins da era Mughal (entre os séculos 16 e 17), a Caxemira vinha emergindo como ponto turístico da Índia diante da diminuição da violência nos últimos anos.
Mas o ataque em Pahalgam deixou os turistas em pânico, buscando uma saída antecipada no início da movimentada temporada de verão.
Os tiroteios também aumentaram ao longo da fronteira de 740 km que separa as áreas indiana e paquistanesa da Caxemira.
Aumento das tensões
Nesta terça-feira, pelo quinto dia consecutivo, o Exército indiano disse que havia respondido a disparos de armas pequenas “não provocados” de vários postos do Exército paquistanês por volta da meia-noite, sem fornecer detalhes. Não houve registro de vítimas. Os militares paquistaneses não responderam a questionamentos.
O ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Muhammad Asif, disse à Reuters na segunda-feira que uma incursão militar da Índia era iminente e que o país havia reforçado suas forças em preparação.
Autoridades militares indianas identificaram tentativas de hackers com bases no Paquistão de se infiltrarem em quatro sites associados às Forças Armadas e coletarem informações, incluindo o site de uma organização encarregada de construir casas para o pessoal do Exército indiano em serviço e aposentado, disseram duas autoridades familiarizadas com o assunto.