
Dentre os números, 17 crianças estão internadas com síndromes respiratórias agudas graves na UTI pediátrica e 50 ocupam os leitos clínicos. Médica explica sintomas e formas de prevenção. Aumento de casos de bronquiolite no Acre
Rede Amazônica
O aumento dos casos de bronquiolite em crianças fez com que a rede pública de Saúde no Acre aumentasse o número de leitos pediátricos no estado. Pelo menos 17 crianças estão internadas com síndromes respiratórias agudas graves (SRAGs) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica e 50 ocupam os leitos clínicos no Hospital da Criança.
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De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre), a maioria dos casos está ligada ao vírus sincicial respiratório, responsável por cerca de 80% das bronquiolites em bebês de até dois anos. O órgão investe em estratégias de prevenção.
Com isso, a rede estadual de saúde inaugurou 20 novos leitos de UTI semi-intensiva pediátrica, além de 10 novos leitos de enfermaria no Hospital da Criança que está funcionando no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia do Acre (Into-AC).
Aumento de casos
Há quinze dias, Eduarda Gomes acompanha o filho Ravi no Hospital. Ele tem apenas meses de vida e enfrenta um quadro de bronquiolite. O irmão gêmeo Reynier também foi internado, mas já está em casa. Enquanto um se recupera, o outro ainda precisa de cuidados na unidade pediátrica.
“Eles começaram com uma gripezinha leve, como é sempre que começa a bronquiolite, aí foi se agravando, com um cansaço. A gente foi pro PS e fomos transferidos pra cá. O Ravi ficou um pouco mais grave e precisou ficar oito dias entubado, na UTI do Hospital da Criança”, disse ela.
A mãe ainda relata o quanto é difícil viver esse momento com os filhos.
“É complicado, porque a gente fica com medo, sem saber o que fazer, ainda mais porque precisou ser entubado. Quem tiver seus filhos eu falo pra ficar em casa, não ficar saindo e evitar aglomeração, porque é difícil. A gente fica impotente, sem poder fazer nada”, lamentou Eduarda.
A médica intensivista pediátrica Elizabeth Souza explicou que a bronquiolite é uma doença viral aguda, que acomete crianças abaixo de dois anos e quanto menor a criança, maior a gravidade da doença nela. “Ou seja, crianças abaixo de três meses são as crianças que desenvolvem o quadro mais grave”, afirmou.
Elizabeth esclareceu que a falta de ar é o principal sintoma que motiva a internação da criança.
“Aquela criança que respira fazendo barulho ou que a barriguinha fica num movimento muito rápido na respiração, afundando as costelas, essas crianças às vezes ficam um pouco roxinhas nos lábios, são as crianças que geralmente são internadas pra receber a hidratação, se houver necessidade recebe oxigênio também, que é o tratamento básico da bronquiolite”, evidenciou.
Bronquiolite em crianças: Aumento de casos da doença fez saúde do Acre ampliar leitos
Para ampliar a proteção, o Ministério da Saúde divulgou em fevereiro que irá incorporar ao Sistema Único de Saúde (SUS) duas tecnologias: um anticorpo monoclonal e uma vacina destinada às gestantes, capaz de gerar imunidade aos bebês nos primeiros meses de vida.
A expectativa é de que as novas estratégias protejam bebês como o Carlos Benício, que tem apenas quatro meses e já precisou de internação por conta de complicações respiratórias. O pequeno já apresentou melhora e deve voltar para casa ainda esta semana.
“O quadro dele está bem melhor, graças a Deus. Vai pra casa e terminar a recuperação em casa, ele tem que tá bem isolado, sem visita de familiares para não levar bactérias para ele”, comentou Renê França, tia de Carlos.
Bronquiolite
A doença começa com sintomas de resfriado comum, mas que podem evoluir de forma prejudicial. Inicialmente, pode apresentar, coriza clara, tosse, obstrução nasal, febre, irritabilidade e dificuldade para se alimentar.
Nestes pacientes, por serem muito novos e não conseguirem expectorar a secreção, os sintomas podem progredir para tosses mais intensas, dificuldade para respirar e chiado no peito. Nesses casos, a orientação é procurar um médico e o mais brevemente possível.
Outro sintoma preocupante é o que os médicos chamam de retração de fúrcula, ou seja, o afundamento da região do pescoço, logo acima do osso chamado esterno.
O VSR (vírus sincicial respiratório) está associado a até 80% dos casos de bronquiolite, inflamação que dificulta a chegada do oxigênio aos pulmões, e a até 40% dos registros de pneumonia em crianças menores de 2 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Existe vacina disponível contra o VSR na rede privada e o Sistema Único de Saúde (SUS) já anunciou que também vai oferecer o imunizante.
Os médicos afirmam que é importante reforçar algumas medidas que previnem os bebês de contraírem a doença:
Sempre higienizar corretamente as mãos ao segurar um bebê;
Evitar levar o bebê em locais com pouca ventilação;
Não permanecer com o bebê em locais onde haja fumaça de tabaco;
Evitar a exposição do bebê a pessoas com sintomas respiratórios;
Desinfectar superfícies e objetos potencialmente contaminados.
Crianças prematuras e com problemas cardíacos ou pulmonares estão no grupo de risco. Além disso, em alguns casos, pode haver predisposição genética para episódios mais graves.
VÍDEOS: g1