
Geórgia Baltieri, de 27 anos, é atendida por fonoaudiólogas desde os 2 anos de idade. Este ano, ela esteve na Conferência de Síndrome de Down na sede da ONU, em Nova York nos Estados Unidos. Dia da Voz: jovem com Síndrome de Down fala sobre a independência ao se comunicar
🗣 Se expressar, comunicar, dar credibilidade, confiança e até mesmo identidade. Tudo isso pode ser possibilitado pela voz, que vai muito além de cantar, palestrar e outras funções.
E foi justamente a voz que levou Geórgia Baltieri, de 27 anos, que tem Síndrome de Down, a participar este ano da Conferência Mundial de Síndrome de Down na sede das Organizações das Nações Unidas (ONU), em Nova York nos Estados Unidos.
Esse é o resultado de um trabalho que começou quando ela tinha 2 anos e já era atendida por fonoaudiólogas. No Dia da Voz, celebrado nesta quarta-feira (16), ela conta onde a independência conquistada ao longo dos últimos anos a levou.
Geórgia é formada em Gestão de Recursos Humanos pela Universidade de Mogi das Cruzes, cidade onde mora e nasceu. Atualmente, trabalha como assistente de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) em uma empresa global de Ciências da Vida.
“No futuro, eu quero continuar trabalhando e quero morar sozinha, porque, graças à minha família, me tornei uma pessoa independente”.
E essa independência citada por ela está muito ligada à voz. No evento que Geórgia participou em Nova York ela pôde contar um pouco de sua história e conhecer os participantes. “Lá foi muito bom porque, na verdade, eu nem imaginei que eu ia falar com tantas pessoas de outros países”, contou.
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No atual emprego, Geórgia é responsável por palestras e treinamentos. Ela começou a trabalhar na empresa após participar de uma seleção no Rio de Janeiro, quando participou da Expedição 21, que é um programa de imersão para pessoas com síndrome de Down, com foco no desenvolvimento da autonomia e a tomada de decisão na vida adulta.
“Quando eu entrei na empresa, no começo, senti medo das pessoas me perguntarem algo e eu não saber responder. Mas a minha adaptação com a equipe foi tranquila, pois fui incluída por ser quem eu sou”, afirmou.
Geórgia participa também de grupos do Espaço Mosaico, em São Paulo, onde são desenvolvidas ações para promover uma sociedade inclusiva, através da diversidade educacional, cultural, social. Ela também é auto defensora da Federação Down e foi a partir disso que ela foi convidada para a conferência nos Estados Unidos.
🎤 Acompanhamento profissional
Para o desenvolvimento da fala, Geórgia conta que passa por consultas com fonoaudiólogas desde muito nova. “Eu faço ‘fono’ desde bebê. Trabalhei a minha fala e várias ‘fonos’ me ajudaram. Agora, nesse momento, estou trabalhando minha voz e oratória com a Tati”, explicou.
A fonoaudióloga com quem ela está agora é Tatiana Franco, que atende Geórgia há dois meses. As duas se conheceram após uma indicação de outra profissional da área que atendeu a jovem e foi essencial para desenvolver sua fala e escrita. Com a vontade de melhorar a voz e a oratória por conta do trabalho, ela buscou por Tatiana.
“A Geórgia é uma mulher incrível. Ela tem bem definido o porquê deseja melhorar sua voz, sua oratória. Disse no início do treinamento ‘Quero ser uma palestrante'”, contou a fonoaudióloga. A jovem confirma e diz que sonha em palestrar “em vários lugares”.
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Tatiana disse ainda que durante esse período de atendimento, Geórgia tem evoluído muito bem e que ela consegue compreender a importância de utilizar recursos de voz para passar credibilidade em suas palestras. Para isso, elas fazem exercícios de voz, treinam postura e linguagem corporal.
“Para mim, a importância de pessoas como a Geórgia terem voz na sociedade é fundamental para que a inclusão aconteça de verdade. A Geórgia representa uma camada da sociedade que muitas vezes não tem sonhos e objetivos, porque não foi dada a oportunidade correta. Ela falar sobre inclusão e provar que é possível ter uma vida social e profissional, que é possível ter planos e sonhos, permite que outros deficientes intelectuais consigam participar mais ativamente da sociedade”, ressaltou Tatiana.
Geórgia foi para Nova York participar da Conferência Mundial de Síndrome de Down
Geórgia Bergantin/Arquivo Pessoal
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