

Em resposta às tragédias com cerol, Polícia Civil e Guarda Municipal fiscalizam 7 estabelecimentos em Itajaí – Foto: Reprodução/ND
Em resposta às tragédias com cerol – linhas cortantes utilizadas em pipas – que resultaram na decapitação de um jovem em Navegantes e em queimaduras em 70% do corpo de uma criança em Itajaí, ambas ocorridas em março de 2025 no Litoral Norte de Santa Catarina, a Polícia Civil e a Guarda Municipal intensificaram a fiscalização contra a venda ilegal do material.
A operação Tânatos, voltada ao combate da comercialização de cerol e linhas chilenas – ambas cortantes –, foi deflagrada ao longo desta quinta-feira (10), com ações de fiscalização em sete estabelecimentos de Itajaí.
Em um desses estabelecimentos, uma ordem judicial de busca e apreensão resultou na localização de diversos componentes para a fabricação de cerol, como pacotes de vidro moído e tubos de cola, além de rolos de linha chinesa – uma versão industrial da linha já impregnada com material cortante –, todos prontos para a venda.
O responsável pelo material foi preso em flagrante pelo crime contra as relações de consumo. Após os procedimentos na Polícia Judiciária, ele foi encaminhado ao presídio de Itajaí, onde permanece à disposição da Justiça.

Cacos de vidro, cola e linhas de cerol foram apreendidas – Foto: Reprodução/ND
Fiscalização contra linhas cortantes continua no Litoral Norte de SC
As ações de combate à venda e ao uso de cerol seguirão de forma contínua, visando erradicar essa prática. Acidentes envolvendo essas substâncias são recorrentes e podem causar graves lesões e mortes, tanto para os próprios usuários quanto para pedestres, ciclistas e motociclistas.
A Polícia Civil reforça que a comercialização e o uso desses produtos são proibidos e seguirá vigilante quanto ao descumprimento das normas. Em Navegantes, inclusive, a legislação proíbe até mesmo o uso de pipas sem cerol.

Um empresário foi preso em flagrante por fazer linhas de cerol – Foto: Reprodução/ND
Motociclista decapitado e criança com 70% do corpo queimado: as tragédias com cerol em SC
Em 1° de março de 2025, Luiz Eduardo Scloneski, de 21 anos, foi decapitado após ser atingido por uma linha de cerol na BR-470, em Navegantes.
Imagens de câmeras de segurança mostram uma criança com uma camisa branca indo até o acostamento da rodovia para soltar pipa. Um motociclista passa rapidamente e, por pouco, não é atingido pela linha cortante.
Segundos depois, Luiz Eduardo aparece na imagem. A linha cortante cruza o caminho dele e a tragédia acontece. O jovem é atingido e acaba decapitado. Na carona estava a esposa dele, que não se feriu, mas viu o marido morrer na sua frente.
Jovem foi decapitado após ser atingido por linha de cerol – Vídeo: Reprodução/ND
15 dias depois da tragédia com Luiz, em Itajaí, o pequeno Fernando, de 8 anos, brincava na calçada de casa com os pais, quando foi atingido por um fio de alta tensão, cortado por uma linha de pipa com cerol.
Após o choque elétrico, o pai da dele tentou socorrê-lo, puxando o filho pelo braço, mas acabou também atingido. Ele sofreu ferimentos no corpo e na cabeça. A mãe, que presenciou o ocorrido, tentou intervir e sofreu ferimentos nos pés.
Equipes de socorro atenderam os pais no local e encaminharam o menino em estado grave para o Hospital Pequeno Anjo, onde foi internado na UTI, logo depois ele foi transferido para Florianópolis.

Fernando, de apenas 8 anos, foi eletrocutado por pipa em Itajaí – Foto: Arquivo pessoal/ND
Fernando passa por cirurgias todas as segundas, quartas e sextas-feiras, para retirar a pele queimada, são cirurgias por cerca de 3 vezes por semana. Ele precisou fazer um tratamento com antibiótico, pois teve uma infecção que veio das partes onde não foi retirado as peles queimadas, explicou a tia.
O pequeno precisa usar morfina para suportar a dor e se alimenta por sonda após ter 70% do corpo queimado por um choque causado por uma pipa, que teria cortado um fio elétrico.