
Ao pensarmos em animais extintos, os primeiros que vêm à mente são os famosos dinossauros, dizimados há cerca de 60 milhões de anos. Mas que tal conhecer algumas espécies que chegaram a conviver com os seres humanos antes de desaparecerem?

Conheça seis animais extintos que viveram na mesma época humana – Foto: Reprodução/ND
Animais extintos que já viveram com os humanos
Leão-do-atlas: o rei africano
Entre as espécies de animais extintos que chegaram a conviver com os seres humanos antes de desaparecerem, o leão-do-Atlas ou leão-da-Barbária (Panthera leo leo) é um dos mais famosos.
Natural do norte da África — do Marrocos ao Egito —, o felino imponente habitava montanhas, florestas e até regiões desérticas da costa da Barbária, no nordeste do continente.
Segundo o site Biólogo, essa espécie foi considerada por caçadores do século 19 como o maior leão do mundo, com machos podendo ultrapassar os 270 kg e atingir mais de 3 metros de comprimento.
Sua extinção se deu com a chegada das armas modernas e a oferta de recompensas pela caça, que levou ao abate de milhares de exemplares. O último leão-do-Atlas foi fotografado em 1925, em uma imagem que se tornou mundialmente conhecida.
Apesar de considerado extinto na natureza, descobertas em zoológicos — como o Jardim Zoológico de Rabat, no Marrocos — revelaram animais com características genéticas próximas da subespécie.
Desde então, projetos de reprodução seletiva têm buscado recriar o leão-do-Atlas. Em 2019, dois filhotes nasceram na República Tcheca como parte dessa iniciativa.
Quaga: a zebra “meio cavalo”
Com um corpo que lembrava um cavalo marrom e listras apenas na parte dianteira, a quaga (Equus quagga quagga) despertava curiosidade por onde passava. Endêmica da África do Sul, essa subespécie de zebra foi extinta no fim do século 19 após ser intensamente caçada por colonizadores europeus.
Vivendo por milênios em relativa harmonia com povos africanos, a quaga passou a ser vista como uma ameaça ao pasto do gado domesticado após a colonização europeia, motivando uma perseguição brutal a espécie.

Essa espécie entrou na lista dos animais extintos no século 19 – Foto: Viagem ao Passado/@viagempassado/X
Alguns exemplares chegaram a ser levados para zoológicos europeus para tentar preservar essa espécie, entretanto, não houve sucesso na reprodução em cativeiro, fazendo com que a quaga entrasse para a lista dos animais extintos.
O último registro dessa espécie na natureza data de 1878. Já o último exemplar vivo, uma fêmea que habitava o zoológico de Amsterdã, morreu em 12 de agosto de 1883, marcando oficialmente a extinção da espécie.
Estudos genéticos posteriores confirmaram que a quaga não era uma espécie separada, como muitos acreditavam, mas sim uma subespécie da zebra-das-planícies — o que abriu caminho para tentativas modernas de “reviver” a quaga através de cruzamentos seletivos.
Rinoceronte-negro-ocidental: o titã caído
Símbolo da força da vida selvagem africana, o rinoceronte-negro-ocidental (Diceros bicornis longipes) teve um fim trágico e silencioso.
Subespécie do rinoceronte-negro, o animal habitava principalmente a região da atual República dos Camarões, mas em 2011 foi oficialmente declarado extinto após anos sem avistamentos confirmados.
Com dois chifres, corpo que podia chegar a 3,75 metros de comprimento e peso de até 1.400 quilos, a espécie era facilmente reconhecida também por características únicas, como o chifre de base quadrada e a manutenção de um pré-molar inferior mesmo na fase adulta.

Essa espécie é uma das mais recentes a ter sido extinta – Foto: Viagem ao Passado/@viagempassado/X
Descrito cientificamente apenas em 1949, o rinoceronte-negro-ocidental já era alvo de caçadores desde o início do século 20.
Mesmo com um breve aumento populacional na década de 1930, impulsionado por medidas de proteção, o avanço da caça furtiva foi devastador.
Em 2001, apenas cinco exemplares dessa espécie existiam, com o último indivíduo foi avistado em 2006, selando o destino da subespécie como mais um dos animais extintos.
Tigre-da-tasmânia
Oficialmente declarado extinto, o Tilacino (Thylacinus cynocephalus), também conhecido como tigre-da-Tasmânia, ainda habita o imaginário popular.
Nativo da Austrália, Nova Guiné e, mais recentemente, da ilha da Tasmânia, o tilacino era um marsupial carnívoro com hábitos noturnos. Caçava à noite nas planícies e se escondia durante o dia em tocas nas colinas e florestas.

O tigre-da-tasmânia poderia ser descrito como o cruzamento entre um tigre e um leão – Foto: Viagem ao Passado/@viagempassado/X
Com um corpo esguio, focinho alongado e listras escuras nas costas, lembrava um cruzamento entre um lobo e um tigre.
A espécie entrou em declínio após a chegada dos europeus ao continente, que a consideravam uma ameaça ao gado. Entre 1830 e 1909, caçadores foram incentivados a abater a espécie por meio de recompensas oferecidas pelo governo.
O último exemplar conhecido morreu em 1936, no Zoológico de Hobart, marcando o fim oficial do tigre-da-Tasmânia.
Também chamado de tilacino, o tigre-da-tasmânia marsupial carnívoro da Austrália – Vídeo: Viagem ao Passado/@viagempassado/X
Apesar da extinção reconhecida, a aura de mistério em torno do animal extinto permanece viva. Relatos não comprovados, imagens turvas e pegadas enigmáticas continuam a alimentar a lenda do último caçador noturno da Tasmânia.
Mamutes: os gigantes do gelo podem retornar
Gigantes da era glacial, os mamutes desapareceram há cerca de 4 mil anos, vítimas de uma combinação de mudanças climáticas, perda de habitat e ação humana, entrando de vez no grupo dos animais extintos.
Com até quatro metros de altura e mais de nove toneladas, esses colossais herbívoros do gênero Mammuthus foram, por milênios, parte da megafauna dominante do planeta.

Cientistas estão tentando trazer os mamutes de volta – Foto: Reprodução/Thom Quine/ND
Hoje, no entanto, a ciência se mobiliza para tentar trazê-los de volta e retirá-los da lista de animais extintos. Uma empresa de biotecnologia Colossal Biosciences anunciou um projeto ousado para “ressuscitar” o mamute-lanoso, utilizando técnicas avançadas de edição genética.
A startup, que já arrecadou cerca de US$ 200 milhões, usa a ferramenta CRISPR para inserir genes do mamute em células do elefante-asiático — seu parente vivo mais próximo.
A ideia é criar um embrião híbrido que será gestado por uma elefanta. Caso a experiência seja bem-sucedida, o nascimento de um “bebê mamute” poderá marcar o primeiro passo para o retorno de uma espécie extinta à natureza.
Dodô: o astro dos animais extintos
Poucos animais simbolizam tão bem os efeitos da ação humana sobre a natureza quanto o dodô (Raphus cucullatus). Endêmico da Ilha Maurício, no oceano Índico, o dodô foi descoberto por marinheiros holandeses em 1598 e desapareceu da natureza em menos de um século, com o último registro confiável datado de 1662, se tornando um dos animais extintos mais conhecidos.
Com cerca de um metro de altura e pesando até 20 quilos, o dodô era uma ave grande, dócil e incapaz de voar, parecido com uma galinha.

O Dodô é um dos animais extintos mais conhecidos do mundo – Foto: Desarrollo Exponencial/@realTigerAgency/X
Isolado em sua ilha e sem predadores naturais, perdeu ao longo da evolução a necessidade de defesa — fato esse que acabou sendo determinante para entrar na lista de animais extintos, após o contato com humanos.
Além da caça para alimentação, os marinheiros também introduziram animais domésticos, como porcos e ratos, que passaram a predar ovos e filhotes, acelerando ainda mais a extinção.
Relatos da época, hoje na maioria perdidos, apontam que o dodô se alimentava principalmente de frutas, mas estudos modernos indicam que sua dieta podia incluir outros vegetais e até crustáceos. Seu parente vivo mais próximo é o pombo-de-nicobar, do sudeste asiático.
Apesar de extinto há mais de 350 anos, o dodô permanece no imaginário popular como um ícone das consequências da interferência humana na biodiversidade — um lembrete que os seres humanos podem ser a perdição de diversas espécies e um grande problema para a fauna do planeta, deixando um rastro de diversos animais extintos e destruição.