Carlos Viana e executiva mineira do Podemos estão em conflito para decidir se a vice será Renata Rosa ou Kika da Serra. Prazo para oficialização junto ao Tribunal Superior Eleitoral chega ao fim na quinta-feira (15). Carlos Viana
Jefferson Rudy/Agência Senado
A três dias do fim do prazo para a oficialização da candidatura na Justiça Eleitoral, o senador Carlos Viana (Podemos) e o partido dele estão brigando pela indicação do vice que vai compor a chapa na corrida pela Prefeitura de Belo Horizonte.
A história começou ainda na convenção partidária do Podemos, quando o nome de Renata Rosa a vice era dado como acertado para alas ligadas à família Aro — grupo político liderado pelo secretário estadual da Casa Civil Marcelo Aro, que comanda a legenda em Belo Horizonte e em Minas Gerais.
O cenário mudou na quinta-feira da semana passada (8), quando o próprio Carlos Viana anunciou o nome de Kika da Serra (Podemos) na chapa com ele. Poucas horas depois do anúncio, eles estavam juntos no primeiro debate entre os candidatos à PBH.
Kika da Serra, Carlos Viana e Fred Aisc
Rafael Andrade
Dias depois, o nome que apareceu na plataforma de registros oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi o de Renata Rosa.
Agora, a definição depende da Executiva Nacional do Podemos, que tem até a quinta-feira (15) para manter ou alterar a vice na chapa. Até o momento, Kika consta como candidata a vereadora pela legenda.
Acordos e fundo partidário
Os ânimos entre Carlos Viana e a executiva mineira do Podemos, presidida pela deputada federal e ex-vereadora Nely Aquino, se exaltaram diante do impasse.
Viana deu diversas declarações à imprensa garantindo que Kika seria a vice, desautorizando a Executiva do partido. Isso irritou Nely e parte do Podemos, que defendem que o caso deveria ter sido discutido internamente antes de ser levado a público.
O primeiro fator apontado por interlocutores da origem da resistência de Viana pelo nome de Renata Rosa como vice é o fato de ela ser irmã da chefe de gabinete de Nely Aquino na Câmara dos Deputados.
Aliados do jornalista temem que isso seja uma tentativa da executiva e de nomes ligados à família Aro de obterem controle do fundo partidário destinado à campanha.
Outro ponto citado nos bastidores é que a indicação do nome da vice não compunha o acordo em torno da candidatura, fechado entre a família Aro e Carlos Viana.
Na época das negociações, Viana conseguiu o apoio da família Aro porque, em troca, se licenciaria do cargo de Senador para que o primeiro suplente assumisse — trata-se Castellar Neto, nome ligado ao grupo político do secretário.
Agora, interlocutores de Viana garantem que estão em contato direto com a deputada Renata Abreu (Podemos-SP), presidente nacional do partido, para que a alteração na vice seja feita.
‘Parece que quer desistir’
Nely Aquino disse que foi pega de surpresa com as declarações de Viana nas últimas semanas. De acordo com ela, o nome de Renata Rosa já estava acordado entre todas as partes desde a convenção — quando Aquino e Viana estavam lado a lado, na mesa do evento.
A executiva do Podemos defendeu que a “decisão registrada em convenção partidária seja respeitada” e argumenta que a definição do nome na vice não deve ser tomada apenas pelo candidato, mas por todos os grupos que compõem a chapa.
Aquino disse que ainda que “tem orgulho de ser ligada à família Aro” e que a resistência de Viana não faz sentido, uma vez que ele sempre soube da influência do grupo no partido.
“Qual o problema de ela ser irmã da minha chefe de gabinete? Ela tem as pautas dela, a militância dela, está no Podemos há três ou quatro anos. Não tem nenhum impedimento nisso”, argumentou a deputada, que também negou que a indicação possibilite controle do fundo partidário.
Interlocutores levantaram até a hipótese de que Viana estaria criando um cenário para que pudesse desistir da candidatura.
Aliados dele negam e garantem que ele seguirá no pleito.
Vídeos mais vistos no g1 Minas: