“Parecia algo falso”, diz jornalista sobre grupo do governo Trump

Jeffrey Goldberg diz não ligar para ameaçasReprodução/Frontline

O jornalista que foi incluído por engano em um grupo do alto escalão do governo americano de Donald Trump deu uma entrevista exclusiva ao programa Fantástico, da TV Globo, na qual contou não ter acreditado em um primeiro momento de que as mensagens no grupo eram reais.

“Pensei: isso parece uma coisa falsa, como algum tipo de programa de trote, de operação de desinformação, porque seria estúpido demais para ser real”, disse Jeffrey Goldberg, editor-chefe da revista americana The Atlantic.

Jeffrey foi colocado em um grupo no canal de mensagens Signal em que estavam autoridades como o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, o secretário de Defesa Pete Hegseth e o diretor da CIA, John Ratcliffe. Sem saber da presença do jornalista, as autoridades compartilhavam informações detalhadas de um ataque americano contra o grupo rebelde houthis, no Iêmen.

Erro histórico

Membros do alto escalão da Casa Branca conversavam sobre planos de ataque no grupoReprodução

Segundo o Fantástico, o canal de mensagens Signal não é autorizado pelo governo americano para o compartilhamento de informações sigilosas entre autoridades do alto escalão. Porém, de acordo com Goldberg, as trocas de mensagens continham planos secretos e detalhados de ataques contra um inimigo, incluindo armas que seriam utilizadas e os horários.

Um dos maiores furos jornalísticos recentes só foi confirmado pelo jornalista após os planos de ataques se concretizarem, no dia 15 de março, e depois que especialistas atestaram a veracidade das mensagens.

“Eu estava na Áustria, estranhamente falando sobre o papel dos Estados Unidos no mundo quando eu recebi uma solicitação do assessor de segurança nacional Mike Waltz pra conversar no Signal… Olha, a Casa Branca quer se comunicar comigo”, revela Jeffrey à TV Globo.

Após ser incluído na conversa, Goldberg acreditou ser parte de um programa de desinformação ou trote. Porém, após os ataques se confirmarem, o jornalista percebeu o impacto do erro do qual fazia parte.

Levou mais nove dias para a história ser publicada. “Assim que obtive a confirmação de que era real, disse: ‘vamos publicar'”, afirmou o editor-chefe do jornal americano.

Resposta de Trump

O governo americano criticou Goldberg pela reportagem e negou que as informações compartilhadas fossem sigilosas. Até então, a revista The Atlantic não tinha publicado detalhes da ofensiva contra os houthis para não colocar em risco militares americanos.

“Fui então até eles no dia seguinte, a CIA, ao Pentágono e assim por diante, e eu disse: olha, vou publicar essas informações, porque vocês continuam dizendo que não há nada aqui. E eu acho que os cidadãos americanos precisam ver. Deixe-os decidir por si mesmos como fazemos em uma democracia”, contou Jeffrey ao Fantástico.

A revista revelou os prints com detalhes dos planos de ataque, que mostravam o passo a passo da missão. Ao ser perguntado se está sofrendo ameaças, o jornalista diz “não se importar”. “Eu entendo que pode haver consequências, mas me sinto muito melhor comigo mesmo”, frisou

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