
Um jovem de 25 anos foi impedido de entrar em um show na Sociedade Esportiva e Recreativa Vera Cruz, em Joinville, na última sexta-feira (28). A família alega que a proibição ocorreu pelo fato de ele ser autista. O caso gerou repercussão e motivou manifestações na internet.
Segundo o advogado Lucas Quintino, em entrevista ao ND Mais, Lucas Amaral Ferreira é um grande fã da banda Corpo e Alma e aguardava há semanas para assistir à apresentação no local. No entanto, ao chegar para comprar os ingressos junto com a mãe, Elisangela, foi barrado.
“A equipe de segurança informou que, pelo fato de Lucas ser autista, ele não poderia adentrar ao local, e que essa era uma ordem do proprietário”, afirmou o advogado.
Ainda de acordo com Quintino, um integrante da banda Corpo e Alma, que no momento também se identificou como autista, tentou interceder, mas não conseguiu reverter a decisão. Segundo a família, após o ocorrido, Lucas teve crises de ansiedade e choro.
“Ele está com muito medo e insegurança, questionando a mãe se será barrado em outros locais, como mercado, farmácia e restaurantes. Também disse que não quer mais usar seu crachá de identificação de autista”, relatou a advogada Steffani Cecyn, que também representa a família.
Sensibilizada com a situação, a banda Corpo e Alma gravou um vídeo para Lucas, em um gesto de apoio. “Nós vamos estar junto contigo, não fica triste”, disseram os músicos. Ao assistir à gravação, o jovem chorou novamente.
Banda grava vídeo para jovem com autismo impedido de entrar em show
Banda Corpo e Alma grava vídeo se sensibilizando com o jovem barrado em show – Vídeo: Arquivo Pessoal/Divulgação/ND
Lucas Amaral Ferreira não conteve as lágrimas ao assistir vídeo da banda – Vídeo: Arquivo Pessoal/Divulgação/ND
Os advogados que acompanham o caso afirmam que irão tomar medidas jurídicas nas esferas criminal, administrativa e cível.
Manifestação do clube e de entidade
Em nota, a Sociedade Esportiva e Recreativa Vera Cruz negou a acusação de discriminação e afirmou que há 70 anos tem compromisso com a inclusão social e a diversidade em Joinville.
“Repudiamos as narrativas de ódio e discriminação e rejeitamos qualquer acusação caluniosa. Colocamo-nos à disposição das autoridades para esclarecimentos dos fatos e restabelecimento da verdade”, declarou o clube.
A Apiscae (Centro de Atendimento Especializado para Pessoas com Deficiência Intelectual), que atende Lucas, também se manifestou e classificou o episódio como “inaceitável” e uma violação do direito à inclusão.
“Não vamos nos calar diante da exclusão. Exigimos esclarecimentos e medidas para que casos como esse não voltem a acontecer”, declarou a entidade.