
Ministro da Economia de Milei afirmou que pais pediu uma parcela maior do que o normal por já ter eliminado o déficit fiscal e cortado os gastos públicos. Normalmente, primeira parcela fica entre 20% e 30% do total. Presidente Javier Milei discursa na abertura do Congresso argentino, em 1º de março de 2024.
Reuters/Agustin Marcarian
A Argentina pediu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que a primeira parcela do empréstimo de US$ 20 bilhões (aproximadamente R$ 115,3 bilhões) que está sendo negociado com o órgão seja de mais de 40% — ou seja, mais de US$ 8 bilhões (R$ 46,1 bilhões). As informações foram divulgadas pelo ministro da Economia argentino, Luis Caputo, no domingo (30).
“Pedimos mais porque, tradicionalmente, isso é feito em troca de metas monetárias e fiscais”, disse Caputo, acrescentando que os primeiros desembolsos geralmente ficavam entre 20% e 30%. “Já fizemos tudo.”
De acordo com o ministro, o país sul-americano eliminou o déficit fiscal e cortou os gastos públicos, conforme o governo planeja reforçar as reservas do banco central argentino e começar a desfazer as restrições cambiais que possivelmente prejudicam os negócios e os investimentos.
Na semana passada, o FMI confirmou que negocia um possível empréstimo de US$ 20 bilhões com a Argentina por quatro anos, para apoiar o programa de reformas econômicas do presidente argentino Javier Milei.
O plano ainda precisa ser aprovado e deve suceder o programa de US$ 44 bilhões (R$253,7 bilhões) assinado em 2018.
“O novo programa está muito avançado e o compromisso continua em todos os níveis para finalizar um acordo que ajudará a Argentina a consolidar seu já bem-sucedido programa econômico”, disse o FMI em comunicado divulgado na última sexta-feira.
A confirmação do organismo ocorre depois de Milei e seu ministro da Economia, Luis Caputo, terem anunciado na quinta-feira (27) a quantia do novo acordo. O número não havia sido confirmado pelo Fundo, que esclareceu que os desembolsos serão entregues “em partes”.
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Na época, Caputo disse que a Argentina também está negociando empréstimos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco Mundial para reforçar as reservas do Banco Central (BCRA).
Milei declarou na quinta-feira que, desse modo, as reservas ficariam em “pelo menos” US$ 50 bilhões (R$ 288 bilhões), contra os US$ 26,2 bilhões (R$ 151 bilhões) que tem atualmente.
O programa do FMI, cujos detalhes não são publicados, “de nenhuma maneira” inclui uma desvalorização, descartou Milei em uma entrevista com a Radio El Observador.
“Aqui faltam pesos, faltam dólares”, acrescentou, apesar dos diversos pedidos de ajuda externa.
O governo busca apaziguar a incerteza sobre eventuais exigências do FMI para eliminar os controles cambiários ou a possível adoção de uma flutuação administrada do peso.
Na última semana, as intervenções no mercado de câmbio representaram uma sangria de mais de US$ 1,2 bilhão de dólares (R$ 6,9 bilhões).
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