Benson Boone faz show com bons vocais, mas sem personalidade no Lollapalooza


Voz do hit ‘Beautiful things’ leva sua voz rasgada a lugares inimagináveis em músicas gritadas. Mas está perdido entre repertório genérico e postura confusa. Benson Boone canta ‘Beautiful things’ no Lollapalooza 2025; veja trecho do show
O americano Benson Boone fez sua estreia no Brasil neste sábado (29) de Lollapalooza, às voltas com o desafio de provar que é mais do que um one-hit-wonder de TikTok. Ainda não foi dessa vez que ele conseguiu: perdido entre um repertório genérico e uma postura confusa, o cantor de pop-rock fez um show sem personalidade, apesar dos bons vocais.
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Você pode não conhecer o nome do artista de 22 anos, nascido em Washington (EUA), mas é quase impossível que tenha passado ileso pela música “Beautiful things”.
Nas redes sociais, ela virou a trilha oficial para expor alguma conquista publicamente — seja um carro novo, uma viagem cara ou só um momento fofo com os filhos. Por causa disso, “Beautiful things” se tornou a faixa mais tocada do mundo nas plataformas digitais em 2024, e foi suficiente para fazer de Boone uma das maiores promessas do pop, indicado ao Grammy de artista revelação em 2025.
No palco do Autódromo de Interlagos, em São Paulo, o cantor guardou seu tesouro para o final, fazendo o público se sentir um pouco enrolado. Ele compensou dando sua tradicional pirueta por cima do piano, descendo para cumprimentar os fãs e entregando um vocal cristalino, muito parecido com o que se ouve no TikTok.
A potência vocal não é problema para Boone. Ele leva seu timbre rasgado a lugares inimagináveis em músicas difíceis como “Drunk in my mind”, com um grito daqueles no final (é um recurso que o cantor usa muito). “Vocês já odiaram alguém? Às vezes, as pessoas entram na nossa vida e fazem coisas de que não gostamos, acontece”, disse à plateia, antes de começar a letra sobre uma decepção amorosa.
Mas nem só de técnica se faz um popstar. Falta uma marca ao cantor americano. Ele parece ainda não ter decidido se fará o estilo galã excêntrico, meio Harry Styles, galã selvagem, tipo Adam Levine, ou galã bom moço, como Shawn Mendes (também escalado para este Lolla).
Na verdade, ele ainda nem decidiu se quer ser galã. “Eu não quero que as pessoas venham ao meu show esperando que eu simplesmente tire minha camisa”, disse em entrevista á revista “Rolling Stone”. Mas ele tirou a camisa em “Beautiful things”, deixando à mostra o peitoral atlético — e causando gritinhos na plateia, é claro.
Nas músicas, de refrãos gritados para cantar em arenas, Boone fala de amor e questões existenciais, com frequência incluindo referências cristãs — ele foi criado numa família mórmon. “Essa música me ajudou quando eu estava num momento muito escuro da minha vida”, disse antes de “In the stars”, balada de piano que fala sobre luto. Em 2022, foi uma das primeiras que ele emplacou nas paradas americanas, depois de desistir de uma participação no reality show “American Idol” para seguir uma carreira independente.
Foi bonito ver como o público se mostrou aberto a receber o cantor, e até a aprender a cantar as músicas que vieram antes de “Beautiful things”. Ele retribuiu com simpatia: “Nos últimos dois anos, eu estive viajando muito, pela América, pela Europa… mas ninguém é como os sul-americanos”, elogiou, sem se complicar com a Argentina e o Chile, por onde ele também passou nas últimas semanas.
Depois da estreia com o disco “Fireworks & Rollerblades”, lançado em 2024, Boone trabalha atualmente em um novo álbum, provisoriamente intitulado “American Heart” e ainda sem data para ser divulgado. Com projeto, tem a missão de mostrar a que veio. Por enquanto, a sensação é de que muitos iguais a ele já vieram antes – e certamente virão depois.
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