Nº de atendimentos por trombose crescem 67% no SUS da região de Campinas; veja relatos de pacientes


Doença causa dor, inchaço e pode levar a amputação. Para cirurgião vascular, motivos vão de sedentarismo a casos de covid-19. Atendimentos e internações por trombose crescem na Região de Campinas
O número de atendimentos ambulatoriais e internações a pacientes com casos de trombose aumentou na região de Campinas (SP). Os dados foram enviados pela Secretaria Estadual de Saúde à EPTV, afiliada da TV Globo, e correspondem à rede pública das 42 cidades do Departamento Regional de Saúde (DRS-7).
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Segundo o levantamento, no ano passado foram 478 atendimentos ambulatoriais provocados por trombose. O índice é 67,7% maior que o registrado em 2023, quando foram 285. A quantidade de internações passou de 514 para 635 no período – uma alta de 23,5%.
Ainda de acordo com o governo estadual, em janeiro deste ano, foram 41 atendimentos ambulatoriais e 35 por trombose na região de Campinas.
Relatos da doença
A empreendedora Talita Pires pedalava e praticava corrida, até começar a sentir uma dor que pensava ser muscular.
“Parecia uma distensão muscular. No começo, eu acreditei que talvez pudesse ser, pela quantidade de atividade física que eu faço, só que essa dor ela foi progredindo ao longo dos dias. Até chegar ao ponto de eu não conseguir colocar meu pé no chão”, relata Talita.
Ela teve trombose venosa profunda. O tratamento com anticoagulante durou seis meses e, no momento, ela já conseguiu retomar a rotina de exercícios.
O motorista Leandro Marques também teve a doença, mas, no caso dele, foi necessária a amputação de uma perna.
“Eu tive que assinar um termo autorizando a amputação. Um processo difícil, né? As duas, três primeiras semanas que eu me recordo foram bem tristes pra mim até a aceitação”, relembra.
Leandro precisou ter a perna amputada por conta da trombose. Causa pode ser genética: “meu pai teve problema de trombose, que foi a causa do falecimento dele”.
Reprodução EPTV
Ele conta que percebeu uma falta de sensibilidade nos dedos do pé. Um dia, saindo do carro, sentiu uma dor muito forte, como se a perna estivesse sendo esmagada.
“Fui tirar o carro da garagem um dia pra trabalhar e senti uma forte pressão na perna inteira. Sensação como se ela tivesse sido colocada dentro de uma prensa, sendo esmagada. E dali fui pro hospital e deu o diagnóstico de trombose arterial e três dias depois, quando eu estava correndo o risco de vida, aí veio a notícia que eu precisava tirar a perna pra sobreviver”, diz Leandro.
No caso de Leandro, a doença pode ser genética. “Meu pai teve problema de trombose, que foi a causa do falecimento dele, da morte do meu pai”, relata. Ele continua fazendo fisioterapia.
Já Talita ainda não sabe o que causou a trombose. Ela continua usando meias de compressão e realizando exames para identificar a causa.
Talita teve trombose venosa profunda, fez tratamento com anticoagulante por seis meses e voltou à rotina de exercícios.
Reprodução EPTV
O que explica o aumento?
Segundo o cirurgião vascular Leandro Rossetti, o aumento nos atendimento pode estar relacionado ao envelhecimento e ao sedentarismo.
“O aumento da idade favorece o desenvolvimento de trombose… O sedentarismo, as pessoas ficarem muito tempo na mesma posição, sentadas, por exemplo, permite que haja um estase, ou seja, o sangue fica mais devagar de se movimentar, que ele deveria retornar da perna em direção ao coração e isso fica mais dificultoso, favorecendo assim também o desenvolvimento de trombose”, explica.
Casos de câncer e de covid-19 também favorecem o surgimento da trombose, de acordo com o cirurgião.
“Além do aumento do número de casos de câncer no Brasil, levando a também uma tendência maior ao desenvolvimento, e o que a gente evidenciou com a própria covid, nos anos ali de 2021 até 2023, porque o vírus, ele causava uma inflamação vascular, gerando mais incidência de trombose”, diz Rossetti.
Tratamento e recuperação
A fisioterapeuta Keitiane Nascimento relata que, na clínica onde trabalha, a maioria dos atendimentos tem relação com problemas cardiovasculares.
Segundo Nascimento, em casos em que é necessário a amputação, o paciente tem que esperar para poder colocar a prótese e, após dois meses, é possível voltar a andar.
“Nós fabricamos o encaixe ‘pro’ paciente e aí é feito todo esse alinhamento e treinamento aqui ‘pra’ que o paciente se adapte com a prótese e volte a ter uma vida normal”, explica.
O cirurgião Leandro Rossetti alerta que é preciso ficar atento aos sinais da doença.
“Há um inchaço de maneira súbita, ou seja, de uma hora para outra de uma única perna, e esse inchaço pode levar a uma dor e um endurecimento daquele membro, então a perna fica bastante rígida e tem alterações de coloração, de calor e até mesmo ficar mais avermelhado. Seriam os principais sinais e que levam a você ter que buscar o pronto socorro, que seria o local ideal para que se realize o exame adequado e se ter o diagnóstico precoce”, afirma.
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